Mensagens falavam em estuprar e esquartejar mãe de Jean Wyllys

Ameaças detalhavam perseguições e informações pessoais do deputado e de sua família

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  • Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 23:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

Depois de anunciar renúncia ao seu terceiro mandato como deputado federal e sua saída do Brasil por conta de ameaças, os assessores de Jean Wyllys (PSOL) recebram um e-mail afirmando que a família do político não seria mais perseguida."Nossa dívida está paga. Não vamos mais atrás de você e sua família, como prometido. Mesmo após quase dois anos, estamos aqui atrás de você e a polícia não pôde fazer para nos parar", dizia a mensagem.As informações foram divulgadas pela revista Carta Capital, que divulgou o teor das ameaças sofridas por Jean desde 2011, quando assumiu o primeiro mandato na câmara.

Segundo a Carta Capital, apesar do conteúdo cheio de ódio, o baiano só se assustou mesmo quando, em 2016, recebeu um e-mail com assunto 'bichona' e no corpo do texto havia escrito: “Você pode ser protegido, mas a sua família não. Já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça?”. Dias depois, o mesmo remetente passou a enviar endereços, placas de carros dos familiares e irmãos.

Já em março 2017, o deputado voltou a receber e-mails com seus dados pessois como endereço, placa de carro que estava o transportando, nomes de mais parentes. O texto chegou a explicar como seria um ataque. "Eu vou espalhar 500 quilos de explosivo triperóxido de triacetona, explosivo tão perigoso e potente que é chamado de mãe de Satan pelos terroristas do Estado Islâmico. […] Se vocês duvidam que tenho capacidade para fazer isto, apenas vejam como é fácil produzir o explosivo". 

Uma das ameaças falava em sequestrar e esquartejar a mãe de Jean."Vamos sequestrar a sua mãe, estuprá-la, e vamos desmembrá-la em vários pedaços que vamos te enviar pelo Correio pelos próximos meses. Matar você seria um presente, pois aliviaria a sua existência tão medíocre. Por isso vamos pegar sua mãe, aí você vai sofrer".Sete dias após assassinato da vereadora Marielle Franco, Wyllys recebeu uma mensagem que dizia ter conhecimento de onde ele estava e  que ele "deveria tomar cuidado porque seria o próximo". Desde então, ele passou a sair menos de casa e só em compromissos profissionais. Quando saia, era transportado por dois carros blindados e três agentes federais."Aquelas câmeras de segurança que você colocou não fazem diferença", dizia outra mensagem.Segundo um dos assessores do parlamentar, um dos endereços de IP que enviou a ameaça à mãe de Jean é da Califórnia, nos EUA. Todo o conteúdo está com a Polícia Federal e já há cinco investigações.

Segundo a Polícia Federal, parte das ameaças que Jean recebeu partiram da quadrilha de Marcello Valle Silveira Mello, preso em maio de 2018 na Operação Bravata. Desde 2012 Marcello era investigado por realizar postagens incitando o ódio contra negros, judeus, mulheres, homossexuais e nordestinos. Ele foi condenado por associação criminosa, divulgação de imagens de pedofilia, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo cometidos na internet.