Mesmo com retração econômica, venda de motos dispara em 2020

Mercado fechou o mês de novembro com aumento em relação ao mesmo mês de 2019

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 1 de janeiro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: arquivo pessoal

A pandemia do novo coronavírus estimulou os serviços de entrega  em todo o país e, como consequência imediata, fez disparar a procura por motos.  Para se ter uma ideia,  em novembro deste ano, foram emplacadas no Brasil 89.440 unidades, contra 88.418 em igual mês de 2019, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Detalhe:  como a produção despencou, com a suspensão das atividades das fábricas para proteger funcionários do risco de contágio, é preciso esperar até três meses para um levar um modelo novinho para casa. 

De acordo com Cláudio Cotrim, diretor do grupo  Yamaha Motofácil, a demanda este ano aumentou bastante, mas o fornecimento não conseguiu acompanhar o ritmo de vendas nas concessionárias. “As motocicletas são produzidas em Manaus e os componentes vêm da Ásia. Com a pandemia, houve uma queda de produção por lá em maio, junho e julho, o que refletiu aqui em outubro, novembro e dezembro", conta.

Cotrim explica ainda que a fábrica não conseguiu suprir a demanda do mercado. “Em dezembro, com a melhora, mesmo com problemas de fornecimento e logística, houve aumento de cerca de 17% nas vendas e um aumento de demanda de cerca de 25%. Um cliente, uma empresa que aluga motos para motoboys, queria comprar 60 motocicletas comigo e eu consegui entregar 20. As outras vão ser entregues até março”, diz. 

Segundo ele, os modelos mais procurados da Yamaha são da linha 150 cilindradas, também com preços mais baixos. “Queria que a fábrica estivesse produzindo mais para atender essa demanda crescente, porque aí estaríamos vendendo ainda mais”, diz. 

Para o porta-voz da Honda, líder de vendas no Brasil, Marcello Ghigonetto, o mercado de motos reagiu muito bem à pandemia tanto em relação a veículos novos quanto aos seminovos. “Se não fosse pela paralisação da produção na fábrica em abril, 2020 teria sim vendido mais do que 2019”, disse. Ele acrescenta ainda que os modelos da Honda mais vendidos são os mais em conta: primeiro vem a linha CG 160, depois a NXR 160 Bros e, em terceiro lugar, a Biz 125. 

A produção de motos, que está concentrada sobretudo em Manaus, teve um ritmo mensal médio de 92 mil unidades em 2019. Em abril deste ano, saíram das linhas de produção apenas 1,4 mil motocicletas, de acordo com dados da Abraciclo, entidade que representa o segmento de motocicletas e bicicletas.

Espera Bruno Barreto, 23 anos, comprou uma motocicleta em julho, mesmo em meio à pandemia. “Eu consegui me organizar financeiramente em 2020 e assim foi possível comprar agora. Eu realmente precisava, porque uso a moto para tudo. Não me sinto confortável com transporte público nem com depender de caronas”, justificou. 

Ele contou que já passou por um acidente de moto e desta vez buscou um veículo que trouxesse mais segurança. Como passou mais tempo em casa este ano por conta do isolamento, não teve pressa para efetuar a compra e conseguiu pesquisar modelos e preços. Assim, optou por um modelo usado que, segundo ele, custou 30% mais barato do que custaria um novo. 

Felipe Oliveira, 27, também precisou comprar uma moto usada em 2020. Ele foi demitido devido à pandemia e teve a oportunidade de trabalhar com delivery. “Como eu tinha uma XRE 300, que não era muito econômica para trabalhar como motoboy, decidi trocá-la”, contou.

 Ele também comentou que colegas de trabalho que optaram por comprar uma moto 0 km, mesmo pagando à vista, tiveram que aguardar até 60 dias úteis para receber o veículo. A justificativa das lojas era de que houve um aumento na demanda que as fábricas não conseguiram acompanhar. 

Segundo a professora do Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia (DETG) da UFBA e doutora em trânsito Ilce Marilia Dantas, o crescimento da circulação de motos já vem sendo percebido nos últimos anos, principalmente no Nordeste, mas a pandemia contribuiu para o maior volume de vendas em 2020. Isso por conta do maior risco de contaminação no transporte público e aumento dos serviços de delivery.  “A moto acaba se tornando a substituta do carro para quem não tem uma renda mais alta e também muitas pessoas desempregadas viram o delivery como uma oportunidade agora”.

Mas ela também lamenta essa maior circulação de motos. Para a especialista em trânsito, elas causam poluição, mais transtornos no tráfego e, principalmente, mais acidentes. “Os acidentes por motocicleta são os mais comuns e os mais graves. As maiores vítimas de acidentes de trânsito deixaram de ser de atropelamento, agora são os motociclistas”, avalia.

 Dicas   Para Cláudio Cotrim, diretor do grupo  Yamaha Motofácil, na hora de escolher a motocicleta é preciso se perguntar qual será a utilidade principal dela. Se for para trabalho, a busca deve ser por um modelo econômico tanto quanto ao consumo de combustível, quanto ao custo de manutenção por isso o foco dever ser em um veículo de baixa cilindrada, 125cc a 250cc, que são bastante econômicas, com uma média aproximada de 50 km/L de consumo de combustível. 

Outra dica é optar por  uma marca conhecida,  que tenha maior capilaridade na sua rede de concessionárias, o que proporciona mais opções na escolha da oficina, além do que, para veículos de baixa cilindrada que são mais comerciais e, por isso, consegue-se também uma gama de peças e componentes, de giro, no mercado paralelo, o que diminui bastante o preço da manutenção.

Líderes de vendas em 2020

Honda -77,84% Yamaha - 15,66% BMW - 1,15%. 

Como escolher a moto certa?

Para Cláudio Cotrim, diretor do grupo  Yamaha Motofácil, na hora de escolher a motocicleta é preciso se perguntar qual será a utilidade principal dela.

Se for para trabalho, a busca deve ser por um modelo econômico tanto quanto ao consumo de combustível, quanto ao custo de manutenção por isso o foco dever ser em um veículo de baixa cilindrada, 125cc a 250cc, que são bastante econômicas, com uma média aproximada de 50 km/L de consumo de combustível, de uma marca conhecida que tenha maior capilaridade na sua rede de Concessionárias, o que proporciona mais opções na escolha da oficina além do que, para veículos de baixa cilindrada que são mais comerciais e, por isso, consegue-se também uma gama de peças e componentes, de giro, no mercado paralelo, o que diminui bastante o preço da manutenção.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier