Mesmo sem desespero, eu não queria estar na pele de Carpegiani

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Publicado em 1 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Eu não queria estar na pele de Carpegiani hoje. Mesmo sabendo que não há motivo para desespero, pois, apesar do 19º lugar do Vitória no Campeonato Brasileiro, a distância para o primeiro time fora da zona de rebaixamento é só de um ponto.

O treinador rubro-negro, no entanto, começa a entrar num roteiro arriscado, em que as convicções se diluem a cada rodada, a cada triunfo que não vem. Diga aí, qual é o time titular do Vitória? Não o do próximo jogo, mas o time base, aquele que se forma ao longo da temporada devido à repetição. Não tem.

O Vitória está em rodízio constante. A alternância, porém, não se deve a uma estratégia adotada para equalizar a forma física do elenco, em meio ao ritmo intenso de jogos às quartas e domingos. Se fosse por isso, seria salutar. É por falta de certeza mesmo, em relação à melhor maneira de jogar e com quem jogar.

As dúvidas do treinador têm razão de ser. Escalando o Vitória mentalmente, é difícil parar no nome de um jogador e cravar “quero este no meu time”, seja qual for a preferência clubística de quem faz o hipotético exercício.

Com uma exceção: Neilton. Mas ele não é mais titular, o que é compreensível. Aquele Neilton do primeiro semestre teria lugar na maioria dos 20 clubes da Série A. O do segundo entrou em uma má fase da qual não saiu ainda. Como a equipe está mal, o mau momento da estrela da companhia chama atenção. O Willian Farias de 2016 também teria vaga no meu time fácil, fácil. Mas estamos em 2018, algumas lesões depois, e ele não engrenou.

A citação dos nomes é só para mostrar que, individualmente, o Leão deixa a desejar. Não há intuito de crucificar os citados, nem os demais jogadores. Até porque não é preciso ter craques para formar um time competitivo. O Brasileirão se tornou um campeonato de operários desde a década passada, quando nossos talentos passaram a ser vendidos para a Europa ainda recém-saídos da adolescência ou logo após um ano de destaque por aqui - por isso há tanta variedade de campeões ano a ano: porque o vencedor de uma temporada acaba desmanchado na seguinte e tem que se remontar.

Porém, falta ao Leão atual uma dose de consistência que vai além das individualidades e passa pela coletividade. Um conjunto forte faz sobressair as virtudes de cada um, assim como um conjunto desafinado realça os defeitos. E os erros se sucedem à medida que a pressão aumenta.

Aconteça o que acontecer nas sete rodadas finais, o Vitória não conseguiu formar um time coeso nesta temporada, e este precisa ser o grande aprendizado para quem administra o clube.

A formação do elenco deixou a desejar no início do ano - quando a diretoria teve como empecilho (e justificativa) a falta de dinheiro - e também na segunda leva, trazida durante a pausa da Copa do Mundo. O que deveria ser correção de rumo apenas inchou o grupo e, por tabela, os gastos. Em agosto, a chegada de Carpegiani revelou jogadores que já estavam na Toca e não eram notados lá dentro, como Léo Gomes.

A conta está chegando agora, no final da temporada. Mas ainda há tempo de não pagar tão caro. Vale repetir que a distância para o primeiro time fora da zona de rebaixamento é só de um ponto e não há motivo para desespero. Ainda.