Mestres de capoeira suspeitos de estuprar crianças e jovens são presos

Polícia diz que ao menos dez foram vítimas; menina engravidou duas vezes

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 9 de maio de 2018 às 17:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Dois mestres de capoeira foram presos em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia, por suspeita de estupro contra pelo menos dez crianças e jovens, com idades entre 10 e 18 anos, a maioria do sexo feminino.

Josenildo de Almeida Lopes, o mestre Pássaro Preto, e Rafael Pereira, conhecido como Madruga, foram presos nesta terça-feira (8), a mando da Justiça, que atendeu ao pedido da Polícia Civil.

Os mestres de capoeira vinham sendo investigados pela polícia há cinco meses, após um menino de idade não informada contar para o pai que tinha sido vítima de estupro. O pedido de prisão, segundo a polícia, foi relacionado a este caso.

Gravidez No decorrer das investigações, contudo, a polícia obteve depoimentos de vítimas que relataram terem sido abusadas, e depois da prisão houve ainda mais relatos, como o de uma jovem que hoje tem 17 anos e possui dois filhos com Pássaro Preto.

O delegado Leonardo de Almeida Mendes Júnior, titular em Luís Eduardo Magalhães, declarou que a adolescente teve o primeiro filho aos 14 anos, e que ela relatou que as duas crianças “eram de uma relação não consentida”.

No Conselho Tutelar de Luís Eduardo Magalhães há um registro feito há cinco anos de que uma menina de 12 anos tinha sido engravidada por Pássaro Preto, mas a coordenadora do órgão, Shirlei Bernardes, não soube dizer se é a mesma garota.“O que posso dizer é que, na época, ele falou que ia ficar junto com a menina”, declarou a conselheira, segundo a qual há outros seis casos de abuso sexual ou estupro registrados contra Pássaro Preto no Conselho Tutelar.Projeto social Os outros supostos casos de abusos e estupros, segundo relatos de vítimas à polícia, ocorriam em motéis, hotéis, em casas de amigos e até no espaço onde os mestres realizavam o projeto social de capoeira, no bairro Santa Cruz, o maior da cidade.

Além de aulas, a dupla de capoeiristas era envolvida também com uma quadrilha junina. Eles aproveitavam os ensaios para aliciar as vítimas. Depois de cometerem o crime, as ameaçavam para que ficassem caladas, acrescentou a polícia.

Pássaro Preto era também professor primário da Prefeitura de Luís Eduardo Magalhães. Após a prisão, realizada enquanto trabalhava, ele foi exonerado do cargo – Madruga foi preso em casa e não tinha outro trabalho.

Eles negam A Polícia Civil e o Conselho Tutelar informaram que os casos começaram a aparecer mais por iniciativas dos diretores das escolas onde estudam as vítimas. Os mestres de capoeira negaram o crime à polícia.

Na tarde desta quarta (9), eles prestaram depoimento à polícia, acompanhados da advogada Vaneide Pereira Celestino do Nascimento. Ela também negou os crimes, mas disse que não poderia comentar detalhes de como será a defesa dos suspeitos.