Militares viram réus por homofobia após insultos sobre beijo gay em formatura da PM

Entre 11 denunciados no DF, há seis policiais e um bombeiro. Caso ocorreu em janeiro de 2020

Publicado em 12 de maio de 2021 às 20:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo pessoal

A Justiça do Distrito Federal aceitou, nesta terça-feira (11), denúncia contra 11 pessoas pelo crime de homofobia, por conta de comentários preconceituosos feitos depois que dois policiais militares gays beijaram os companheiros em uma formatura da corporação ocorrida em janeiro do ano passado.

Segundo o portal G1, entre os denunciados estão seis PMs e um é bombeiro militar. Todos agora respondem por "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero". 

Como o crime foi cometido pelas redes sociais, a pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão e multa.

Em 11 de janeiro de 2020, os PMs homossexuais publicaram, nas redes sociais, uma foto beijando os companheiros, na formatura de novos soldados. A imagem provocou uma série de comentários preconceituosos.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público do DF (MPDFT) à Justiça traz uma série de mensagens enviadas pelos acusados. Uma delas é um áudio divulgado por um PM da reserva, que afirma que a demonstração de carinho é uma "avacalhação" e "tentativa de enxovalhar a farda".

A Polícia Militar do DF não havia se manifestado até a última atualização da reportagem. Já o Corpo de Bombeiros do DF disse que ainda não foi notificado da decisão.

Mensagens preconceituosas "Esses aí eu acho que não se criam dentro da Polícia Militar. Nós conhecemos bem como é nosso ambiente e o que deve acontecer durante a trajetória deles", diz o trecho de uma das mensagens, em tom de ameaça.

"O problema, meus amigos, é o seguinte, observando os passos desse pessoal aí. Não tenho nada a ver com a sexualidade deles, a porção terminal do intestino é deles e eles fazem o que quiserem. Agora, uma coisa é o que se faz quando se está fardado. Nos nossos regulamentos aprendemos sempre que se deve preservar a honra e o pundonor Policial Militar. Então é isso que foi quebrado ali. Aquela avacalhação, aquela frescura ali poderia ser evitada", afirma em outro trecho.

Em uma outra rede social, uma policial militar que está entre os denunciados escreveu: "Vai pqp com essa viadagem!! Não tem o direito de ridicularizar minha instituição!!! Vsf. Pederastia ainda é crime militar! [sic]".

Outro PM declarou: "Repugnante… esses aí não tem moral nem pra catar cocô de cachorro. Imagina fazer abordagens". O MP ainda cita um comentário feito também por um militar, que afirmou: "Na verdade ....Viado e sapatão ....estão em todas as instituições .....A verdade é essa .....O Brasil estar [sic] um lixo total".

Na denúncia, o Ministério Público individualiza a conduta e as ofensas feitas por cada um dos acusados. Para o órgão, todos praticaram ou incitaram preconceito contra os PMs por conta da orientação sexual.

As acusações foram aceitas pela juíza Ana Cláudia Loiola de Moraes Mendes, que deu prazo de dez dias para que as defesas dos réus se manifestem.

Após a polêmica, os PMs que publicaram a foto do beijo nas redes sociais relataram medo de represálias na corporação. Também disseram que foram proibidos de comentar o caso pelos superiores. As informações são do G1.