Missa no Bonfim presta homenagem aos mais de 600 mil mortos pela covid-19

Seiscentas velas foram acesas em memória dos que morreram pelo coronavírus

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  • Wendel de Novais

Publicado em 25 de novembro de 2021 às 20:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

A praça em frente a Basílica do Senhor do Bonfim, localizada na Cidade Baixa de Salvador, ficou mais iluminada na noite desta quinta-feira (25). Além das luzes dos postes, o local virou palco para 600 velas acesas em memória às mais de 600 mil vítimas de covid-19 no Brasil. As velas estavam espalhadas pelo chão e pelas mãos de fiéis que compareceram à missa.

A celebração, idealizada pela Pastoral Arquidiocesana da Educação, contou com a presença de estudantes, pais, professores e funcionários representando os 20 colégios católicos que fazem parte do território da Igreja Primacial do Brasil.

Presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Dorival Souza Barreto Júnior, a missa emocionou, principalmente, aqueles que, ao longo desses quase dois anos de pandemia, perderam amigos e familiares próximos. Velas foram espalhadas pelo chão (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Caso de Cláudia Santana, 44 anos, que perdeu o pai nesse período. Ele pegou o vírus, chegou a ficar curado e receber alta médica, mas faleceu por conta das sequelas. Cláudia carrega sempre a foto dele consigo e falou do quanto a realização da missa é relevante para ela. 

“É muito importante que eles sejam lembrados nesses momentos de prece porque, nos corações da gente, eles nunca serão esquecidos. Estou muito feliz, grata de participar e acender uma vela em memória a ele. Sinto a presença do meu pai em todo momento e aqui não foi diferente”, disse. Cláudia carrega sempre a foto do pai consigo (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Professor de inglês, Jobson Cunha, 49, também perdeu o pai por conta do coronavírus e se emocionou ao lembrá-lo durante a homenagem. 

“Só quem viveu dentro de casa o que eu e minha família vivemos sabe a dimensão da dor de perder um pai pela covid. Quando temos uma oportunidade dessa de trazer a memória de um ente querido, valorizamos ainda mais o tempo que estivemos e nos confortamos na felicidade de ter partilhado a vida com ele”, afirmou. Jobson afirmou que a celebração o confortou (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Irmã Graças Fonseca, 53, deu adeus a uma cunhada e duas primas que morreram por complicações causadas pelo vírus. Com olhos cheios marejados, ela agradeceu a oportunidade de estar viva para homenageá-las. 

“Estou em nome dos meus familiares e também de milhares de pessoas que, infelizmente, tiveram suas vidas ceifadas por essa doença. Porém, também estou aqui em nome da esperança porque esse momento nos irmana a todas as pessoas, cria um senso de fraternidade”.

Objetivo cumprido É justamente essa sensação de fraternidade que a organização da missa queria levar às pessoas. Coordenadora da Pastoral Escolar Arquidiocesana, Edna Rodrigues falou sobre isso. “É exatamente isso, sentimos na própria carne essa dor como todo o país e o mundo. Poder dar um abraço de acolhida e uma palavra mais próxima é um movimento para confortar quem chora a partida de pessoas que não serão esquecidas, mas lembradas e homenageadas”, destacou. 

Quem corroborou com a fala de Edna foi o bispo auxiliar Dom Dorival Souza Barreto. Ele ressaltou a importância de cuidar das feridas dos que perderam pessoas próximas nesse período. 

“Este momento de oração é uma oportunidade de rezarmos e fazermos memória de todas as vítimas da pandemia no país. Para nós, é uma hora não só de lembrá-los, como interceder pelos que ficaram e pedir por dias melhores e de esperança”.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo