Morador que humilhou motoboy pode ter que pagar multa de R$ 28 mil

Ação corre na Secretaria de Justiça de SP, e ele também responde na esfera criminal

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  • Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2020 às 12:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O contabilista Mateus Abreu Almeida Prado Couto que é acusado de injúria racial contra um motoboy Matheus Pires Barbosa, em São Paulo, pode ter que pagar R$ 28 mil em multa. O caso aconteceu na cidade de Valinhos e ganhou repercussão nacional depois que as cenas de agressão verbal foram gravadas em vídeo e publicadas na internet, no começo de agosto.

A Secretaria de Justiça e Cidadania de São Paulo informou que vai apurar o caso e que o processo acontece desligado de instância criminal, e pode obrigar Mateus a pagar uma multa de R$ 28 mil. O órgão disse que discriminação em razão da cor ou da raça pode representar crime e também infração administrativa, e que desde 2010 existe uma lei em SP que coíbe essa pratica e permite punição com multa.

O órgão aguarda a manifestação da defesa de Mateus Couto para decidir se realmente houve infração e qual será a punição.

Em depoimento no dia 10, o motoboy Matheus Barbosa fez uma representação criminal por injúria racial contra Mateus Couto. A família do acusado alegou que ele tem problemas mentais. A Polícia Civil de São Paulo está aguardando os laudos de sanidade do acusado para concluir o inquérito e encaminhar a acusação à justiça. Matheus (na moto) ganhou uma moto nova doada pelo humorista Ceará (Foto: Reprodução) Entenda o caso Matheus Barbosa tem 19 anos e trabalha como motoboy, entregando comida através de aplicativos. No dia 31 de julho, ele foi fazer uma das entregas no Condomínio Vila Bela Vista, na cidade de Valinhos, no interior de São Paulo, mas foi agredido verbalmente pelo morador Mateus Couto que fez o pedido.

Na época, o motoboy contou que aquela era a segunda vez em que estava fazendo entregas para Mateus. Na primeira, o morador já havia sido grosseiro porque o trabalhador teve dificuldades para encontrar o endereço, e na segunda, porque houve problemas com o interfone.

Mateus chamou o motoboy de analfabeto, favelado e disse que o rapaz sentia inveja da cor e do modo de vida dele, tudo de forma pejorativa. Nas imagens é possível ver quando o morador atira a nota fiscal da entrega no trabalhado e manda que ele pegue o papel do chão, e afirma que o trabalhador é um lixo.

Outro morador filmou toda a ação. O motoboy pede que Mateus se acalme e pede que ele tenha mais respeito, mas ele segue com as agressões. Apesar da família argumentar problemas mentais, a defesa do entregador afirmar que ele não estava em surto quando praticou as agressões.

Após a repercussão, Matheus Barbosa recebeu apoio nas redes socais e mais de 2 milhões de seguidores. Ele também recebeu um motocicleta nova de presente, cursos de capacitação e algumas pessoas fizeram uma vaquinha online para ajudar o rapaz a comprar a casa própria. Até o dia 10 de agosto, data do depoimento, ele havia arrecadado R$ 152 mil.

O condomínio Vila Bela Vista, onde aconteceram as agressões, instalou uma faixa de repúdio contra o morador ao lado da portaria e pediu que a Polícia Militar fizesse um monitoramento na área. Um grupo de aproximadamente 100 motoboys também fez um buzinaço pacífico em frente ao local.

O aplicativo iFood, no qual Matheus Barbosa é entregador, anunciou que o usuário Mateus Couto foi descadastrado da plataforma de entregas. No Twitter, a empresa afirmou que condena "qualquer forma de preconceito e discriminação" e se solidariza com o entregador.