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Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2022 às 18:00
- Atualizado há 2 anos
Escombros, lama e pessoas desesperadas ao redor do que, até poucos dias atrás, era a moradia de sete famílias. Este foi o cenário que restou para os moradores que perderam tudo após o desabamento de três casas, em Plataforma, de um total de sete imóveis afetados. >
Na madrugada dessa sexta (27), três casas vieram abaixo e outras quatro ainda correm risco de desabamento, na Rua Chile. O desabamento foi causado por uma obra de ampliação na quadra do Colégio Estadual Democrático Bertholdo Cirilo dos Santos, segundo moradores.>
Uma das residências afetadas é a de Camila Oliveira, de 28 anos. Ela é operadora de telemarketing e morava com o filho, 8, no local em que, hoje, está apenas o que restou da sua casa. Na última quarta-feira (25), ela viu a primeira rachadura e acionou a Defesa Civil de Salvador (Codesal) para realizar uma vistoria.>
O imóvel foi condenado, e ela buscou abrigo na casa de parentes. Na sexta (27) mesmo, antes que Camila conseguisse retirar os móveis e outros pertences do local, a residência desabou, e ela não conseguiu salvar nada.>
“Eu fui para a casa da minha avó e já tinha alugado uma casa para tirar os móveis, mas não deu tempo. Tudo foi embora, eu perdi tudo. Só o que sobrou foram meus documentos e algumas roupas. Eu sou atendente de telemarketing e não tenho condição de reconstruir tudo”, lamentou Camila. Moradores disseram que obra mal feita em quadra de colégio estadual causou o desabamento (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A casa de Caio Farias, 18, fica ao lado da dela. Ele e outros vizinhos saíram de casa por volta das 22h40 de quinta após ouvirem estalos. “Foi caindo aos poucos. A vizinha ficou sem poder entrar e o resto saiu desesperado com medo de desabar. Por volta de 3h, a casa [de Camila] desabou com um estrondo gigante”, conta o morador.>
“Por volta de 5h, eu fui no colégio ver como estava o estado daqui. A casa da outra vizinha desabou de vez. E está aí desse estado. Uma obra mal feita do Bertholdo, que só cavou e cavou. Ficou minando água e a terra sugando tudo”, completa Caio. >
De acordo com os moradores, eles buscaram a direção do Colégio para informar o problema, mas nada foi feito. Na quarta-feira, após a primeira ligação para a Sedur, a casa dele não havia sido condenada. Ontem, por volta das 3h, um novo contato foi feito. Desta vez, a equipe condenou o imóvel de Caio e o de outra vizinha em frente. >
Por não terem para onde ir, eles passaram a madrugada inteira acordados do lado de fora das moradias. De manhã, retiraram alguns documentos e pertences, mas os móveis permaneceram. Nenhum deles tem onde guardá-los.>
Ali próximo, Paulo Sérgio da Silva, 50, viveu o mesmo drama. Ele conta que os primeiros sinais de desabamento na sua casa apareceram há três meses, quando começaram as obras no Bertholdo. Inicialmente, o indício passou despercebido, pois ele havia acabado de trocar a janela onde a rachadura havia aparecido. >
“Há dois meses meu cunhado disse que a obra estava prejudicando a casa dele, minha vizinha disse o mesmo. Na terça-feira, ele falou de novo. Na quarta, eu estava no trabalho e ele ligou avisando que a janela estava abrindo. Quando eu cheguei, a rachadura estava enorme. Mandei minha filha para casa da minha sobrinha e eu e minha esposa ficamos. Só deu tempo de tirar os documentos”, disse Paulo, que também perdeu a casa.>
Marcos Bispo, 48, teve a casa condenada pela Codesal. Ele mora com a esposa e duas filhas. Um vizinho cedeu um quarto para que ele guardasse o que conseguisse retirar da casa. “Para onde eu vou, ainda não sei, estou tirando o básico e colocando na casa do rapaz que mora aqui. Tô assim desde 3h, quando eles [Codesal] condenaram tudo”, contou Paulo.>
Por meio de nota, a Codesal informou que notificou a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para que tome as providências relativas aos sete imóveis que sofreram danos estruturais em função da obra de ampliação do Colégio. >
"A notificação foi entregue ao diretor do colégio e envolve a demolição dos imóveis e acompanhamento social das famílias. A prefeitura de Salvador acolheu as sete famílias atingidas, encaminhando para o atendimento social até que a Secretaria Estadual de Educação promova a reparação dos danos sofridos", diz a nota. >
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação (SEC) informou que acionou a empresa responsável pela obra e deslocou a equipe de engenharia para vistoriar o local.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >