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Maria Luiza Câmara, 75 anos, estava internada no Hospital da Bahia, após infecção pulmonar, depois que teve covid-19
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 20:48
- Atualizado há um ano
A defensora e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência (PCD) e fundadora da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), Maria Luiza Câmara, de 75 anos, morreu na tarde desta quarta-feira (19), em Salvador.
Luiza Câmara estava internada há cerca de 15 dias no Hospital da Bahia, no bairro da Pituba, segundo informou a Abadef. A defensora se recuperou da covid-19, mas voltou a ser internada após uma infecção pulmonar.
O sepultamento de Maria Luiza Câmara vai ocorrer na quinta-feira (20), às 14h, no Cemitério Bosque da Paz, localizado em Nova Brasília.
Nascida em Itabuna, no interior da Bahia, Luiza se mudou para Salvador junto com a mãe ainda na infância por conta dos estudos. Luiza foi diagnosticada, quando jovem, com a doença de Still – autoimune, que gera inflamações no corpo, desgastes progressivos nas articulações – e perdeu o movimento nas pernas. Desde então é referência na luta pelos diretos das PCD. Em meados do ano de 1980, fundou a Abadef.
Relevância nacional O governador Rui Costa usou as redes sociais, na noite desta quarta-feira (19), para manifestar seus sentimentos pela morte de Luiza Câmera. "Recebi há pouco, com muita tristeza, a notícia do falecimento de Luiza Câmera, uma guerreira que lutou de forma incansável pelos direitos das pessoas com deficiência. Referência na Bahia e no Brasil, ela deixa um legado de muito trabalho por inclusão e respeito. Meus sentimentos aos familiares, amigos e companheiros de luta de Luiza", escreveu Rui.
Em nota, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) informou que "recebeu, com absoluta tristeza, a notícia do falecimento de Maria Luiza Câmara" e disse que a fundadora da Abadef "teve uma trajetória de luta e é exemplo de determinação e coragem".
Reconhecida na Bahia e em todo o país por sua luta, Luiza Câmara recebeu a Comenda Dorina de Gouvêa Nowill, concedida pelo Senado Federal (SF) para personalidades que tenham oferecido contribuição relevante à defesa das pessoas com deficiência no Brasil. Ela chegou a se candidatar quatro vezes para o cargo de vereadora de Salvador, mas não foi eleita.
O presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), Alexandre Carvalho Baroni, detacou que Luiza é um grande símbolo no ativismo nacional. "Mulher, mãe, avó mas sobretudo uma cidadã que hoje nos deixa e segue para um novo plano. Estou certo que o Brasil e a Bahia perdem um grande símbolo de garra e luta e de muita, muita alegria e superação. Siga em paz, Luiza, e saiba que seu grito de "NENHUM DIREITO A MENOS" será sempre o nosso grito! Gratidão!", escreveu Baroni.
Luiza Câmara também é fundadora do Bloco Me Deixe à Vontade, que há 24 anos leva alegria e mensagem de respeito e inclusão às ruas durante o Carnaval de Salvador.
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Ela também escreveu o livro "Não se Cria Filho com as Pernas" (1981).
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Homenagens Amigo de Luiza, o pedagogo e ativista dos direitos da pessoa com deficiência Antonio Carlos Barbosa lamentou a morte dela. "Lamento muito mais a sua morte por ela ser minha grande amiga. A Bahia perde uma grande referência. Que seus exemplos não sejam esquecidos", escreveu.
O secretário municipal da Saúde, Leo Prattes, também publicou uma nota nas redes sociais e destacou que Luiza era um exemplo de coragem. "Com enorme tristeza recebo a notícia do falecimento de Luiza Câmara, fundadora da Associação Baiana de Deficientes Físicos. Uma grande amiga que a vida me deu, lutamos e defendemos juntos os direitos das pessoas com deficiência. O seus ideais não morrem aqui, vamos sempre lembra de você! Você é exemplo de coragem para todos nós! Obrigado por tantos ensinamentos! Descanse em paz, guerreira!", disse o gestor.