'Motorista assumiu risco', diz prefeitura sobre ônibus ilhado em Lauro de Freitas

Segundo a prefeitura, o local estava com cones para sinalizar alagamento

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  • Bruno Wendel

Publicado em 20 de abril de 2022 às 12:17

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

A prefeitura de Lauro de Freitas diz que o motorista do ônibus que ficou ilhado assumiu o risco ao tentar atravessar a rua que estava alagada, durante a madrugada desta qquarta-feira (20). Os passageiros viveram momentos de pânico quando ônibus em que estavam não conseguiu atravessar um trecho alagado em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), que também vem sofrendo com a fortes chuvas desses dias. Ilhados, pelo menos 10 passageiros precisaram ser resgatados por botes pelo Corpo de Bombeiros.

Por meio de nota, a prefeitura de Lauro de Freitas Ainda de acordo com a prefeitura,disse que o local estava sinalizado com cones, mas o motorista "assumiu o risco ao passar pela rua". 

A prefeitura disse ainda que o Centro Integrado de Mobilidade Urbana (CIMU) de Lauro de Freitas foi informado sobre a situação do ônibus ilhado por volta das 4h. "A Prefeitura, por meio da Settop (Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública) e da Defesa Civil do município, se juntou ao Corpo de Bombeiros para ajudar no resgate dos passageiros", diz um trecho da nota.

O ônibus trafegava pelo início da Avenida Jaime Vieira, atrás do Maxx Atacadão, quando tentou avançar a via, que estava coberta por água pouco depois do trecho da transversal da Rua 15 de Janeiro. "O motorista achou que dava, mas não deu. O ônibus parou no meio do trecho alagado", contou o Sérgio Cruz Coelho, 48, dono de uma oficina mecânica, que fica em frente ao local do episódio. 

A empresa RCR pegou os passageiros no Iberostar e seguia para o bairro de Vida Nova, quando ficou ilhado no Caji. O Corpo de Bombeiros foi acionado para o local por populares. "Eles usaram uns três botes para retirar as pessoas de lá", contou Sérgio. Todo a operação de resgate foi finalizada pouco depois das 7h30. Não informações sobre o estado de saúde dos passageiros.  (Foto: Divulgação/Bombeiros) Oficina Sérgio montou sua oficina na Avenida Jaime Vieira há seis anos. De lá para cá, sempre quando chove, ele passa por sérios transtornos. Quando chegou para trabalhar, por volta das 7h, encontrou tudo alagado. "Agora tem mais de meio metro de água na minha oficina. A gente não aguenta mais. Todo ano é a mesma coisa e a prefeitura nada de resolver isso", disse ele. 

Por volta das 9h, a chuva que caia era fina e Sérgio, com ajuda de seus funcionários, conseguiu limpar tudo, mas ... "Meia hora depois, a água engrossou e voltou a encobrir tudo. Desde que cheguei aqui, já peguei uns 50 alagamentos. Eu um único tinha já foram três. Só não saio daqui porque não tenho para onde ir", desabafou.

E a resistência tem o prejuízo, que  não é pouco. "Já tive o rombo de R$30 mil em outras situações. Perdi duas máquinas que montam pneus e provavelmente vou perder a terceira, que tombou com a força da água da chuva dessa madrugada. O equipamento é elétrico e queima em contato com a água", relatou. 

Para não perder o material de trabalho para a chuva, ele já chegou a se desfazer  do próprio maquinário. "Sabendo que os problemas daqui não são de agora, comecei a vender alguns equipamentos por preços bem abaixo do mercado. Tinha máquina de balanceamento, rampa, vendi tudo, porque com tanta água, enferruja e o prejuízo é bem maior", disse.

Chuvas Segundo a Defesa Civil de Lauro de Freitas, o último Aviso Meteorológico emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia-INMET informou possibilidade de chuva entre 50 e 100mm/dia entre o dia 19 e 20. Pluviômetro Automático registrou acumulado de 76,94mm de chuvas nas últimas 12 horas, muito superior ao volume esperado para o período normal. 

O local onde foi registrado o alagamento fica próximo à obra de macrodrenagem dos rios Joanes e Ipitanga realizada pelo Governo do Estado, por meio da Companhia Estadual de Desenvolvimento Urbano (Conder). Segundo a prefeitura, o Canal Caji-Urbis, que está em fase de implantação com 80% dos serviços concluídos, "portanto sem a sua plena funcionalidade".

Este canal recebe a contribuição das águas pluviais de três comunidades (Vida Nova, Caji e Jardim Ipitanga) e possui uma extensão de 1.636 metros, onde estão sendo realizados serviços de aumento da seção e substituição das galerias, com quase o triplo da capacidade de escoamento, para a melhoria da vazão das águas pluviais.