Motorista de aplicativo é estuprada e roubada: 'Levem tudo, só me deixem viva'

Marido da vítima conseguiu localizá-la através do GPS

  • Foto do(a) author(a) Rede Nordeste, JC
  • Rede Nordeste, JC

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 10:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Ribeiro / JC Imagem

Uma motorista de aplicativos foi estuprada e teve o carro roubado por passageiros, neste domingo (20), enquanto trabalhava. Ela trafegava na imediações da Avenida Caxangá, na Zona Oeste do Recife, quando recebeu um chamado de uma suposta cliente mulher. No entanto, ao chegar ao local, quem embarcou foram dois homens.

A viagem seguiu por alguns metros, mas logo eles anunciaram um assalto. Chegaram a colocar álcool no pescoço da vítima para simular uma arma. Mais adiante, chegou um terceiro suspeito, que a levou até o matagal por trás da UPA Caxangá. Enquanto isso, os dois homens fugiram com o carro.

O marido, que acompanhava o translado da esposa pelo celular, estranhou a rota que o carro estava fazendo e acionou a Polícia Militar. O veículo tinha um rastreador; com isso, os agentes acharam os suspeitos quando eles vinham em via contrária próxima a Avenida Recife. Os dois suspeitos foram conduzidos à delegacia e deram a localização da vítima.

Ela e o terceiro homem estavam em um matagal próximo ao Atacadão Supermercado, da BR 101. Segundo a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), a mulher foi estuprada. Os suspeitos foram autuados em flagrante delito por roubo com restrição de liberdade e ao terceiro suspeito será acrescentado o crime de estupro, informou a PCPE.

´Só me deixem viva´ A vítima contou à equipe da TV Jornal sobre os momentos de terror que passou durante a ação A mulher relatou que pediu aos suspeitos que levassem tudo, mas a deixassem viva. 

"No primeiro momento, quando anunciaram o assalto, eu disse 'levem o carro, levem o celular. A minha renda da noite está aqui. Podem levar. Só me deixem viva', e eu fiquei muito nervosa", disse.

A vítima contou que os homens, enquanto estavam no carro, diziam que não iam fazer nada com ela. Segundo a motorista, eles teriam dito: "Olha, a gente não vai fazer nada com você. Ninguém vai tocar em você. A gente só quer fazer um 'corre' com o carro".

Sobre o ápice do desespero, a mulher contou à reportagem que aconteceu no momento em que os homens pararam o carro em uma área de matagal próximo à uma rede de atacado que fica perto da Caxangá. Ela pensou que iam matá-la. "Quando eu vi que estava entrando no mato, pensei que iam me matar, que iam me estuprar. Eu fiquei muito desesperada. A todo momento, eu pedia a Deus para não acontecer nada comigo", relatou. Segundo a vítima, o carro teria sido localizado pelo GPS do veículo e do celular que estavam ativos no momento.

Durante a ação, a vítima afirmou que, dos três homens que estavam no carro, um ficou com ela no matagal e dois continuaram rodando com o veículo, e o que ficou com ela havia dito que não faria nada com a vítima. "No começo, ele dizia que não ia fazer nada comigo. Que estava esperando os outros fazerem os 'corres' deles, mas ele começou a me apalpar. Ele apalpou os meus seios", alegou.

A vítima contou que ainda tentou convencer o homem para não prosseguir com os atos. "'Você tem mãe, você tem pai, você tem irmã. Imagine se isso acontecesse com a sua família.' Eu comecei a conversar com ele. Tanto é que ele sentiu que eu queria 'entrar' na mente dele para poder me soltar", explicou à TV Jornal.

Porém, segundo a mulher, o homem havia pensado que, caso ele soltasse ela, os outros dois que estavam utilizando o veículo poderiam matá-lo. "Ele me disse: 'se eu lhe soltar, os meninos me matam'".

"Não vão lhe matar. Diga que eu bati em você, que eu fiz alguma coisa. E eu fiquei, realmente, com esse pensamento de bater nele e sair correndo, mas eu não ia ter força para correr, e ele começou a me apalpar e depois parou, depois começou de novo. Ele pediu para eu apalpar ele, e eu fiquei desesperada."

Ela disse ainda que, mesmo com o desenrolar da ação, havia abraçado o homem e falado a ele sobre Jesus, mas queria mesmo era saber se ele estava armado. "Teve um momento que eu pedi para ficar em pé porque estava passando mal. Eu abracei ele e disse: 'moço, deixa eu abraçar você. Jesus é na sua vida. Não faça isso comigo não'. Mas eu não abracei ele com o intuito de falar alguma coisa religiosa, foi para saber se ele tinha alguma arma. Quando eu abracei ele, vi que tinha alguma coisa, tipo uma bolsa, uma carteira. Daí eu disse: 'ele não está armado, então não vai fazer nada aqui comigo. Se for para matar, só se for de 'porrada', mas de arma não'. Para mim, aquilo durou uma eternidade", detalhou.

Quando o carro voltou ao lugar, a motorista afirmou que a polícia já estava dentro do veículo com os outros dois homens. Ela contou que sentiu o alívio nesse momento. "Quando ele [o homem que ficou no matagal] chegou perto do carro, a polícia gritou 'mão na cabeça!', e eu gritei 'glória a Deus!'. Foi um alívio na minha vida", acrescentou.