Movimento multicultural reúne mais de 2 mil pessoas pelo Museu do Carmo

O evento ocorreu neste domingo (29), no Memorial Convento do Carmo

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  • Milena Hildete

Publicado em 29 de outubro de 2017 às 19:01

- Atualizado há um ano

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. por Mauro Akin Nassor/CORREIO

(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Mais de 2 mil pessoas foram até o Memorial Convento do Carmo, no bairro de Santo Antônio, neste domingo (29), para participar da terceira edição do Movimento Viva o Carmo – Aqui, a Cultura é Sagrada. Músicos, produtores, artesãos e cozinheiros estavam ali movidos por um objetivo: arrecadar recursos para a restauração da Igreja do Carmo e sua sacristia, onde estão cerca de 2.400 peças de arte sacra, todas em ouro – atualmente, sacristia e museu estão fechados.   Com doses de arte, moda, história e gastronomia, o movimento reuniu diversas atividades culturais. Pela manhã, um desfile infantil e uma contação de histórias animaram a criançada. Na sequência, a cozinheira Elíbia Portela inaugurou o projeto “Receitas Doces da Vovó”. A ação pretende resgatar e divulgar receitas antigas e tradicionais da doceira baiana.    Elíbia aproveitou a ocasião para falar sobre origem das receitas. "Eu agradeço aos portugueses, porque eles trouxeram esses alimentos pra cá. Mas, agradeço aos escravos, porque é por causa deles que essas receitas estão aqui. Afinal eles [escravos] executavam e produziam a comida", disse a doceira. Ela ainda falou que os índios têm grande participação na culinária brasileira. "A maioria dos alimentos que utilizamos nas receitas são de origem indígena, como a farinha de mandioca", completou. 

O pequeno Samuel Caleb, 8 anos, não tirou os olhos da cozinheira. Acompanhado do pai e da irmã, ele passou a manhã no local. “Eu não sei fazer doces, mas gosto de comer. Por isso, eu fiquei prestando atenção”, contou ele.   

À frente da iniciativa, a cozinheira Tereza Paim falou sobre a importância da valorização do patrimônio baiano. “A ideia do evento é trazer a sociedade para interagir com o patrimônio e arrecadar fundos para a igreja. A gente sempre traz o patrimônio como a estrela principal para que as pessoas valorizem o que tem na Bahia", afirmou.  Igreja Restaurada Parte da verba arrecadada nas duas primeiras edições do evento já foi utilizada em um projeto para restaurar o local. No entanto, as rachaduras no teto e paredes da igreja e sacristia mostram que um longo trabalho de restauração deve ser feito. A última manutenção, segundo o Frei Eduardo Rufino, foi feita em 1909. A igreja é a segunda mais antiga da capital baiana e foi construída em 1580.

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Na parte da sacristia, por exemplo, os pedaços da parede estão guardados em uma gaveta. Os maiores problemas, de acordo com o religioso, são causados pela infiltração. “Outro dia choveu e tinha tanta água no chão que eu tive que limpar”, contou Rufino. “Deus não deixa cair e a gente tenta conservar”, completou ele.    A Igreja do Carmo guarda uma extensa coleção de arte Sacra da igreja católica e da arte Sacra africana. Uma das principais obras é o Cristo Atado à Coluna, uma peça esculpida em madeira e cravejada de rubis, que se assemelham as gotas de sangue e representam a dor vivida pelo escravo Francisco das Chagas. O relicário de Santa Teresinha também é outra  importante obra na igreja. Nele, é possível encontrar fragmentos de ossos, objetos e roupas da santa.