Muito além de números: conheça as vítimas da covid-19

18 mil pessoas que morreram deixaram para trás amigos e familiares

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  • Gabriel Moura

Publicado em 15 de maio de 2020 às 13:10

- Atualizado há um ano

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Os números que apontam infectados, mortos ou até recuperados da covid-19 é tão grande que é até difícil lembrar quando tudo começou. Mais de dois meses depois das primeiras vítimas, o número de vítimas fatais da covid-19 cresce exponencialmente. A doença já matou mais de 18 mil pessoas no país, sem levar em consideração os casos de subnotificação.

O CORREIO reuniu algumas das diversas histórias de vítimas para mostrar que cada número entre esses milhares eram também pais, mães, filhos, esposas, vizinhos e amigos. 

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Não conheceu o filho

Eliane Ramos Rodrigues contraiu e foi diagnosticada com covid-19 quando estava grávida do oito meses. Ela morreu dias depois, em um hospital de Manaus, após passar por um parto prematuro e não chegou a conhecer o filho. 

Clique para conhecer a história de Eliane Foto: Reprodução Anti-isolamento

Ângelo Martins era um professor universitário e apoiador do presidente Jair Bolsonaro. No dia 19 de abril, ele participou de um ato em Maceió defendendo o fim do isolamento social e uma intervenção militar.

No dia 16 de maio ele morreu por conta da doença que tanto minimizou.

Clique para conhecer a história de Ângelo Foto: Reprodução Carregado pela família

Ao morrer por conta das complicações geradas pelo novo coronavírus, o autônomo Raimundo dos Santos precisou ser carregado pelo fillho e esposa para ser colocado no caixão pois os funcionários do Hospital Ernesto Simôes se recusaram a carregá-lo.

“Não é porque morreu que deixou de ser humano. Eu não sei de onde veio força, foi algo triste de se ver. Um desrespeito com a gente”, disse o jovem Wesley dos Santos, filho de Raimundo.

Clique para ler a história de Raimundo

'Meus pacientes precisam de mim'

Danilo David Santos contrariou todos os prognósticos para realizar o sonho de ser médico. Nascido e criado em uma casa de palafita em Belém (PA), o filho de uma doméstica com um vidraceiro conseguiu através de estudo e determinação ser aprovado em uma faculdade pública de medicina.

Um dia antes de ser entubado em estado grave, a preocupação de Danilo não era com o seu estado de saúde, mas com as pessoas que ficariam sem cuidado enquanto ele estivesse internado. "Meus pacientes precisam de mim", disse o psiquiatra em uma de suas últimas mensagens antes de morrer aos 33 anos. Danilo já havia participado do programa Encontro com Fátima Bernardes para falar dos casos de racismo que sofreu na profissão.

Clique para ler a história de Danilo Danilo falou sobre racismo no 'Encontro' em 2017 (Foto: Reprodução)

Adolescente tratada com cloroquina

Enquanto Danilo conseguiu realizar o sonho de ser médico, Kamylle Ribeiro estudava para ser aprovada em uma faculdade de medicina. Quando morreu, no último dia 14 de abril, a adolescente tinha 17 anos - tornando-a a mais jovem a morrer no Rio de Janeiro até aquela data.

Kamylle ficou duas semanas internadas no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital carioca quando começou a realizar um tratamento com cloroquina. O polêmico remédio sem eficácia comprovada não surtiu efeito e a garota não resistiu.

Clique para ler a história de Kamylle Foto: Reprodução

Famosos também se foram

O coronavírus não levou apenas anônimos. Aos 90 e dentro do grupo de risco, a atriz e radialista Daysi Lúcidi morreu em um hospital no Rio de Janeiro no dia 6 de maio.

Natural do Rio de Janeiro, Daisy estrou no mundo da televisão na década de 1960, na minissérie Nuvem de Fogo, de Janete Clair, na TV Rio. A última produção dela nas telinhas foi em ‘Os Homens São de Marte…’, em 2015.

Clique para ler a história de Daisy Foto: Reprodução

'Fiquem em casa, não é uma gripezinha'

A data tinha o nome de santa, mas foi trágica. No dia 10 de abril, Sexta-feira da Paixão, Diogo Azeredo Polo Boz morreu aos 27 anos na cidade de Osasco, em São Paulo. Ele não fazia parte de nenhum grupo de risco da covid-19.

Diego vinha apresentando os sintomas há vários dias e tinha tentado atendimento médico em outras três oportunidades, quando foi medicado e liberado. Antes de morrer, ele escreveu em seu Facebook: "se cuidem, fiquem em casa, não é gripezinha. É real e está muito perto de todos.”

Clique para ler a história de Diogo Foto: Reprodução

Uma semana após ser mãe

A sétima vítima do coronavírus na Bahia foi Rafaela de Jesus, que morreu aos 28 anos em Trancoso, no Sul do estado. A morte da jovem aconteceu no dia 2 de abril e uma semana antes ela tinha dado à luz sua primeira filha com o marido Erisvaldo Lopes.

Após a morte da esposa, Erisvaldo começou a sofrer preconceito por parte dos outros moradores de Trancoso, que o acusavam de espalhar o vírus na região. “São comentários bestas, de gente que não entende a situação e não tem o que fazer. Eu fiquei muito triste quando li aquelas coisas que meus colegas estavam me mostrando”, conta.

Clique para ler a história de Rafaela Foto: Reprodução

Preocupação com o pai

Clebson Pereira, 31 anos, herdou a profissão de taxista do pai Bartolomeu Silva. Com a pandemia, Clebson continuou rodando para garantir o sustento da família. Preocupado, seu pai pediu que ele deixasse o carro em casa. 

Antes de morrer no dia 8 de maio em Salvador, Clebson ainda conversou com seu pai, que estava no interior da Bahia, tentando tranquilizá-lo, dizendo que ia ficar tudo bem.

Clique para ler a história de Clebson Clebson chegou a ser atendido em duas UPAs, mas foi mandado para casa (Foto: Reprodução)

Primeiro médico a morrer na Bahia

O médico Gilmar Calazans Lima, 55 anos, foi o primeiro profissional da área de saúde a morrer por causa da covid-19 na Bahia. Ele morava em Ilhéus e atendia no Hospital Regional da Costa do Cacau (HRCC).

O médico tinha um  histórico de hipertensão e diabetes. Ele teve os primeiros sintomas da doença em 11 de abril e foi a óbito no dia 20 de abril.

Clique para ler a história de Gilmar Foto: Reprodução

O taxista

Emanuel Tadgue de Almeida morreu no dia 6 de abril aos 64 anos em Salvador. Ele estava internado no hospital Couto Maia e foi a 11ª vítima da covid-19 na Baha.

Emanuel tinha comobidades, como problemas cardíacos e diabetes, além de ser sedentário e não manter boa alimentação. Ele deixou uma esposa de 36 anos e um filho de 18.

Clique para ler a história de Emanuel

027

O sargento da reserva da Polícia Militar Carlos Alberto Nascimento Macedo, 52 anos, foi a 27ª vítima da covid-19 na Bahia. Ele estava internado na UTI do Hospital Santa Isabel e morreu na noite do dia 14 de abril, sofrendo complicações em função da doença.

Ele deixou esposa e uma filha de 17 anos.

Clique para ler a história de Carlos Alberto

'Zombava do isolamento social’

Duas semanas antes de perder o marido para o coronavírus, a comerciante de Santa Rita, Paraíba, Silvana Cunha zombava do isolamento social e defendia a reabertura do comércio. Após a morte de Marco Cunha, Silvana se arrependeu.

"Essas palavras 'fique em casa' são muito pesadas pra mim hoje, porque eu não fiquei em casa, meu marido não ficou e infelizmente faleceu. Ontem eu senti o peso delas mais ainda, quando cheguei e meu filho olhou pra mim: 'mãe, você salvou meu pai?' e eu apenas disse que não", disse.

Clique para ler a história de Marco Cunha Foto: Reprodução

Réquiem

O compositor Aldir Blanc morreu na madrugada do dia 4 de maior aos 73 anos. Ele foi diagnosticado com a doença no dia 23 de abril e estava no Hospital Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.

Aldir Blanc é autor ou coautor de diversas canções fundamentais da música popular brasileira, como O Bêbado e a Equilibrista, Bala com Bala, O Mestre-Sala dos Mares, De Frente Pro Crime e Caça à Raposa, além de outras quatro centenas de letras e composições, e uma também de uma extensa obra como cronista.

Clique para ler a história de Aldir Blanc Foto: Reprodução Contra isolamento

Antes de ser acometido pelo novo coronavírus, o policial militar Ricardo Valentim da Silva, 47 anos, costumava realizar postagens críticas ao isolamento social. Após ser infectado, o paulistano não resistiu às complicações geradas pela covid-19 e morreu no dia 14 de maio

Clique para ler a história de Ricardo Valentim Foto: Reprodução

UTI do Português

A UTI neonatal do Hospital Português, em Salvador, teve uma onda de casos da covid-19. Uma bebê de apenas 4 meses foi infectada dentro do centro médico e acabou morrendo no último dia 3 de maio.

Clique para ler a história da bebê

*Com orientação do editor Wladmir Pinheiro