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Gabriel Moura
Publicado em 8 de agosto de 2020 às 20:11
- Atualizado há 2 anos
Fosse a véspera de um Dia dos Pais comum, os shoppings de Salvador se transformariam em formigueiros, com os filhos corujas se aglomerando em busca do presente para o paizão. Mas, devido às circunstâncias atuais, o movimento nos centros de compras neste sábado (8) era praticamente o mesmo de qualquer quarta-feira de um mundo pré-pandemia.>
Fora todas as medidas de restrições que impediam aglomerações, foram poucos os filhotes que se aventuraram fora de casa para presentear o papai. E mesmo quem botou os pés pra fora não estava muito interessado em dar rolé.>
“Se fosse antes, em condições normais, eu traria meus filhos e a gente ia dar uma volta, ver um filme, fazer um lanche… hoje não. Pesquisei os produtos pela internet e já vim sabendo o quê e onde iria comprar”, disse a advogada Celeste Batista, 34 anos.>
Celeste que, inclusive, só não comprou o presente de “painho” na internet por conta de um trauma no Dia das Mães. “Se as encomendas já atrasavam normalmente antes, com essa pandemia está tudo pior. O presente de mamãe demorou duas semanas além do prazo para chegar. Para evitar mais estresse, resolvi comprar o um novo celular para papai pessoalmente”, explicou.>
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Os celulares, inclusive, estavam em alta como um dos presentes mais procurados. Algumas lojas de tecnologia do Shopping da Bahia chegavam a ter pequenas filas na frente, enquanto isso lojas de terno, por exemplo, encontravam-se praticamente desprovidas de clientes.>
“Sempre dou uma roupa para meu pai, mas esse ano ele disse: ‘pra que roupa sendo que não vou sair tão cedo?’ Então pediu um celular novo com uma câmera melhor para conversar com os amigos e familiares por videochamada”, contou a pedagoga Maria Conceição, 40.>
Os vendedores de aparelhos eletrônicos comemoraram a procura, mas comentaram nem tudo são flores também. “Houve uma queda nas vendas em relação ao ano passado, mas não tanta quanto eu imaginava. Mas um detalhe importante é que as pessoas estão gastando bem menos. Se antes havia uma boa procura por aparelhos intermediários, hoje quase todo mundo está buscando os mais baratos por conta da crise”, explicou o vendedor Paulo Borges, 23.>
Melhor que Dia das Mães De acordo com a Federação do Comércio, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), a expectativa é que esse Dia dos Pais tenha uma queda de 8% no faturamento em relação a 2019. Ainda assim, por conta da reabertura dos shoppings e do comércio de rua em Salvador, a diminuição será menor do que enfrentou o Dia das Mães, que, em 2020, despencou 36% em relação a 2019.>
Em números absolutos, o órgão aponta que nos nove primeiros dias de agosto, o varejo deve perder R$ 103 milhões de reais em faturamento este ano, na comparação com os R$ 1,21 bilhão registrados em 2019. No dia das mães a diminuição foi de R$ 500 milhões.>
Esse comparativo gerou uma situação inédita: geralmente o Dia dos Pais é a terceira data mais importante do comércio, atrás do Natal e Dia das Mães, mas neste ano, devido ao fato de que em maio, mês das mamães, os shoppings estavam fechados, as vendas em agosto devem ser maiores.>
“A tendência desse Dia dos Pais é que as vendas e o gasto médio sejam significamente menores pois o consumidor está com renda menor e precavido em gastar pela insegurança da economia voltar a normalidade. O que é positivo que a economia está voltando a funcionar”, explica Paulo Motta, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da Bahia (Sindlojas), que espera uma queda de 30% nas vendas em relação ao ano passado.>
A opinião do presidente do Sindlojas é compartilhada pelos vendedores. “Claro que ainda estamos longe do ideal e da normalidade, mas só o fato de estar de volta ao trabalho já é uma felicidade imensa. Mesmo que eu não venda nada, só estar aqui hoje já me deixa feliz”, diz o vendedor João Pedro Gonçalves, 26.>
*Com orientação do editor Wladmir Pinheiro>