Namorado pagou R$ 1.000 para comparsas matarem fisioterapeuta a facadas

Na delegacia, Fábio disse que foi assaltado, mas delegada contestou

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de março de 2019 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

Mentor de um plano perverso, Fábio Barbosa Vieira, 37 anos, não sabia que, mais tarde, cairia em uma cilada armada pelos parentes de sua namorada, a quem havia encomendado a morte a dois homens, moradores do bairro da Santa Cruz – cada um recebeu R$ 500. Ao chegar no Hospital do Subúrbio, acreditando que a fisioterapeuta Isabela Oliveira Conde, 36, estava morta, ele foi preso em flagrante.  Isabela e Fábio (Foto: Acervo pessoal) A polícia está à procura dos dois outros envolvidos na tentativa de feminicídio contra Isabela. A fisioterapeuta levou 69 facadas, distribuídas entre o tórax e cabeça, no dia 28 de fevereiro, quinta-feira de Carnaval, na Avenida Bonocô. Ela sobreviveu após se fingir de morta, mesmo, em seguida, sendo jogada numa ribanceira da BR-324, ainda em Salvador. 

Ao CORREIO, Isabela contou que foi socorrida por populares e levada ao Hospital do Subúrbio. Apesar de ter pedido uma grande quantidade de sangue devido aos ferimentos provocados, não só pelos golpes e murros durante o ataque, mas por se arrastar num matagal, ela chegou consciente à unidade médica e contou tudo o que aconteceu à equipe médica. 

“Deus estava comigo do início ao fim. Falei tudo. Tive condições de falar o meu nome completo, dar os contatos de minha irmã e meu cunhado. Tive condições também de informar o responsável por tudo isso: Fábio Barbosa Vieira. Foi então que minha irmã e meu cunhado tiveram a ideia de ligar para Fábio e dizer que cheguei morta ao hospital. Ao mesmo tempo, avisaram à polícia”, contou Isabela, ao CORREIO, por telefone, na manhã deste quinta-feira (7). Isabela ficou bastante machucada (Foto: Acervo pessoal) Cinismo Acreditando que seu plano havia dado certo e que Isabela estava morta, Fábio chegou ao Hospital do Subúrbio fingindo estar atordoado com a notícia.“Minha irmã disse que ele estava todo arrumado, de banho tomado, relógio novo, e dizendo que estava arrasado com a notícia. Ela abraçava minha irmã e, com todo o cinismo, dizia: ‘O que fizeram com Bela, o que fizeram com ela, que crueldade’”, relatou Isabela.A irmã de Isabela, o cunhado e filha adolescente da vítima, de 16 anos, precisavam manter Fábio no hospital até a chegada da polícia. Então, num determinado momento, a adolescente chegou a perguntar pela mãe a Fábio. “Ele disse que havia me deixado no trabalho, que provavelmente depois teria saído com uma amiga. Ele ainda a abraçou e chorou na frente de todo mundo”, relatou Isabela. 

Logo depois, a máscara de Fábio caiu. “Ao ver a aproximação dos policiais, ele olhou para a minha família e minha irmã disse a ele: ‘Isabela está viva’. Foi quando ele correu, os policiais foram atrás, mas a população agarrou ele”, detalhou. 

Delegada desconfiou Fábio foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio – posteriormente, o flagrante foi convertido em prisão preventiva. Custodiado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Fábio confessou o crime à delegada Simone Moutinho, titular da unidade. “Inicialmente, ele contou à delegada que nós fomos vítimas de um assalto e que os bandidos tinham libertado ele e seguido comigo. E a delegada perguntou: ‘e largou você todo arrumado, de banho tomado, com um relógio Diesel?’. Foi aí que ele contou tudo, que contratou os dois caras da Santa Cruz para me matarem. Cada um ia receber como pagamento R$ 500”, contou Isabela.  “Agora só quero justiça. Que ele permaneça preso, para que não possa fazer isso com outras mulheres. Quero a prisão também dos outros dois”, completou.