'Não estou sendo valorizado e respeitado', desabafa Martín Rodríguez

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, goleiro do Vitória fala sobre nunca ter sido relacionado na Série B

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  • Daniela Leone

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Letícia Martins/ EC Vitória

Martín Rodríguez foi liberado pelos médicos do Vitória desde o início de agosto após se recuperar de uma lesão grave no joelho, mas, passados dois meses e meio, o goleiro ainda não foi relacionado para nenhuma partida. Titular absoluto na Série B de 2019, o uruguaio se lesionou no primeiro jogo deste ano.

Ele rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito durante o empate em 0x0 com o Fortaleza, no Barradão, na estreia da Copa do Nordeste, em 25 de janeiro. A cirurgia foi realizada no dia 3 de fevereiro e a recuperação ocorreu dentro do previsto.

Revelado na Toca do Leão, Ronaldo aproveitou a brecha e se firmou como titular do gol rubro-negro. Contratado em março, César ganhou o posto de substituto imediato e foi a opção no banco de reservas nas 15 primeiras rodadas da Série B do Brasileiro.

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, Martín Rodríguez conta como se sente por não estar sendo aproveitado depois de já ter sido o principal goleiro do clube. A renovação do contrato, que vence em dezembro, também está entre os assuntos do bate-papo que você confere a seguir.  

Você já se sente totalmente pronto para jogar? Sim, estou pronto para jogar e trabalhando muito forte, para quando a oportunidade chegar, aproveitar e defender a camisa do Vitória como merece.

Há quanto tempo você está liberado para disputar uma partida?  Na minha opinião, depois da alta do departamento médico já estava pronto. Lógico que eu precisava ter um pouco de ritmo com os companheiros de treinamento, mas, felizmente, já há tempo consegui ritmo. Graças a Deus estou pronto para quando o Vitória precisar de mim.

Apesar de já estar disponível, você ainda não foi relacionado para nenhuma partida. Por quê? Eu acho que, em futebol, tudo é escolher entre opções. Eu fui uma opção em 2019 e escolhi vir aqui em um momento difícil do clube e tudo deu certo. Infelizmente saí do time titular, por causa da lesão e não por baixo rendimento. Agora que recuperei meu rendimento em 100%, acho que não estou sendo relacionado por critérios técnicos, mas tenho fé que, com a chegada do novo treinador, ele possa confiar em meu trabalho para defender o clube.

No ano passado você era o principal goleiro do Vitória. Como se sente por não estar sendo utilizado? Agora estou sentindo que não estou sendo valorizado e respeitado. Todo jogador sempre quer jogar. Eu sinto que onde mais posso defender as cores do Vitória é no campo. Sinto impotência de não poder fazê-lo. Seguirei lutando pela possibilidade, que eu acredito que tem que acontecer, para demonstrar novamente meu rendimento e devolver à torcida todo o apoio e carinho que ela me deu.

Como é ver o time ainda sem embalar na disputa da Série B e não estar em campo para ajudar? Estranho, né? É uma situação difícil para qualquer jogador, não poder jogar e ajudar o time dentro do campo. Eu vim para o Vitória fazer história e lutar com meus companheiros e com a torcida para conseguir os objetivos da instituição, levando de novo o Vitória para onde tem que ficar sempre, que é na Série A.

Do que mais sente falta? De jogar com a camisa do Vitória, dos cantos da torcida, da adrenalina dos jogos e da bela pressão que é jogar com a camisa do Vitória.

Seu contrato acaba em dezembro. Já houve alguma conversa com a diretoria sobre renovação?  Sim, acaba em dezembro. Até hoje não tive notificação nenhuma de interesse do clube em fazer uma renovação. Felizmente, graças ao trabalho feito dentro e fora do campo, tenho outras opções. Meus empresários já receberam sondagens de outros times do Brasil e de outros países. Já falei para meus empresários que a prioridade é do Vitoria. Sempre falei publicamente que eu quero fazer história no Vitória.

Você quer renovar com o Vitória ou tem intenção de retornar para o seu país, por exemplo? Sempre tive intenção e desejo, mas para isso, o Vitória também tem que querer. É um trabalho em equipe. Eu sempre falei que sou muito feliz no Vitória, sempre tive respeito pela camisa e joguei com muita garra. Neste momento, aparentemente, não sou uma prioridade para o clube e eu gosto de ficar onde respeitem meu trabalho como profissional para poder devolver esse respeito e confiança com boas atuações. 

Esse é o momento mais difícil da sua carreira? Foi sem dúvidas o momento mais difícil sim. E a primeira vez que uma lesão tão importante me deixou tanto tempo fora do campo. Além disso, me deixou um crescimento importante e me fortaleceu como atleta hoje em dia.