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Wendel de Novais
Publicado em 18 de outubro de 2022 às 12:43
Nem era preciso chegar muito perto para ouvir choros e gritos. À distância da capela do Cemitério Quinta dos Lázaros, nesta terça-feira (18), já era possível entender o cenário. Desolados e em choque, familiares, amigos e conhecidos velavam, ainda sem acreditar, o corpo do barbeiro Elton Carlos Santana, de 21 anos.>
Ele morreu após se jogar de um veículo para fugir de ameaças de um motorista de aplicativo na região de Águas Claras e bater com a cabeça em um meio-fio. Elton foi internado com traumatismo craniano no dia 8 de outubro e resistiu até o último domingo (16), quando faleceu na UTI do Hospital Geral do Estado (HGE).>
Muitos dos presentes no sepultamento não conseguiram falar sobre a morte do jovem. Parentes e amigos que entravam na capela para vê-lo no caixão acabavam saindo carregados por não aguentar a cena. O pai de Elton, Carlos, chegou a desmaiar quando ele foi sepultado.>
Quem conseguiu reunir forças para conversar com a imprensa, além de falar da dor, pediu para que a Justiça prendesse o motorista de aplicativo, que nega ter ameaçado os passageiros. Layane de Jesus, 21, prima de Elton que também estava no carro, respondeu a isso.>
"Eu estou com revolta, com dor e os sentimentos todos misturados. Não sei mais o que falar, não tenho mais argumentos. Só quero justiça. Meu primo foi morto. Não foi uma queda, mataram ele. Não foi um acidente. Ele foi morto. Vou falar pela minha e pela voz dele", afirmou. >
Muito abalada, Layane também questionou as autoridades sobre o que vão fazer com o motorista, que ainda está em liberdade. De acordo com ela, eles chegaram a implorar para descer no carro e não foram atendidos. Por isso, se jogaram para escapar.>
"Se ele não quisesse levar a gente, que parasse o carro. Desde o início, a gente pediu, implorou para ele parar. Ele não parou e continuou repetindo que iria matar. Ele matou meu primo! Isso vai ficar assim? O cara está solto, meu primo está morto", fala ela. >
Outro que pediu justiça foi o irmão de Elton, Carlos Alberto Cerqueira. Acompanhando a fala da prima, ele disse que, em uma situação de discordância, o suspeito deveria ter parado o carro e não ameaçado os passageiros.>
"Isso precisa ser punido, ele tirou o sonho de um menino. O motorista sabia o que tinha que ser feito. Era, simplesmente, parar o carro e deixar descer. Mas, infelizmente, meu irmão se foi. Só vou correr atrás por justiça mesmo", diz Carlos. Pai de Elton se emocionou no enterro (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Um menino bom A esposa de Elton precisou ser amparada durante o sepultamento. Com ela, o barbeiro tinha um filho recém-nascido, como conta seu tio, Cosme da Silva. Também muito abalado, ele falou da personalidade do sobrinho. >
"Elton era um menino bom, só falava de coisas boas. Acompanho ele desde criança e nunca vi ele de maldade com ninguém. Era só alegria, uma excelente pessoa que deixa uma filha de um mês", fala enquanto chora.>
Ainda segundo Cosme, o barbeiro tinha improvisado um salão em casa para poder trabalhar. Em um futuro próximo, estaria se mudando para um lugar próprio com o objetivo de ampliar o serviço.>
"O pai estava organizando para montar uma barbearia para ele. Até o momento, trabalhava em casa. Era um excelente profissional e agora? Queremos justiça, que seja punido para não fazer mal a mais ninguém", completa Cosme.>