'Não guardo mágoas', diz Lula em entrevista na sede da PF; assista

Ex-presidente foi entrevistado por jornalistas da Folha e El País

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  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2019 às 15:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O ex-presidente Lula concedeu nesta sexta-feira (26) a sua primeira entrevista desde que foi preso em abril do ano passado. A conversa, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, foi conduzida pelos jornalistas Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e Florestan Fernandes, do El País. 

Um trecho da conversa foi divulgada, em vídeo, no perfil do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), mas a transmissão foi interrompida com pouco mais de sete minutos. 

No trecho, Lula chega a dizer que não guarda mágoas de seus detratores, apesar da fala exaltada em relação, principalmente, aos promotores e juízes da Operação Lava Jato. "Fico preso cem anos. Mas não troco minha dignidade pela minha liberdade", comentou ele. “Reafirmo minha inocência, comprovada em diversas ações. (...) Sei muito bem qual lugar que a história me reserva. E sei também quem estará na lixeira”, declarou.

Ele voltou a criticar o ex-juiz e atual ministro Sergio Moro, responsável por sua condenação, e o procurador Deltan Dallagnol. “Quando vejo essa gente que me condenou na televisão, sabendo que eles são mentirosos, sabendo que eles forjaram uma história, aquela história do powerpoint do Dallagnol, aquilo nem o bisneto dele vai acreditar naquilo. Esse messianismo ignorante, sabe? Então eu tenho muitos momentos de tristeza aqui. Mas o que me mantém vivo, e é isso que eles têm que saber, eu tenho um compromisso com este país, com este povo”, comentou.

“Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4 [que confirmou sua condenação em segunda instância]”, emendou o petista.

Veja trechos da entrevista abaixo.

Críticas ao atual governo Além de dizer que o Brasil atualmente é governado por um “bando de malucos”, o ex-presidente teceu outras críticas ao atual governo. Ele disse que o presidente Jair Bolsonaro precisa construir um partido sólido, ou não perdura no cargo.

Lula também chamou a atenção para a política externa. De acordo com o petista, esta é a pior que já viu. “O meu ex-chanceler Celso Amorim tem uma dívida por deixar o atual, Ernesto Araújo, seguir carreira no Itamaraty”, brincou o ex-presidente. 

Exclusivas As entrevistas exclusivas foram solicitadas à Justiça Federal do Paraná no ano passado, mas acabaram sendo negadas. No entanto, na última quinta-feira (18) o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski, que autorizava o petista a ser entrevistado.

Um outro despacho de Lewandowski, publicado nesta quinta-feira (25), proibiu a entrada de outros veículos de comunicação durante a entrevista.