Navio Pirata, Fobica e uma multidão muito animada no Furdunço

BaianaSystem e Armandinho puxam foliões no circuito Ondina-Barra

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 22:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

No Carnaval em que o trio elétrico completa 70 anos, o Furdunço uniu no mesmo circuito a tradição, com Armandinho, e o caminho da folia do futuro, trilhado por BaianaSystem. Para os foliões, o presente e o passado tem uma mesma representatividade: ambos são mais democráticos com o fortalecimento da pipoca.

Tocando clássicos carnavalescos, Armandinho se apresentou com os seus irmãos dentro da Fobica - os primórdios do trio elétrico - instalada em cima do trio Armandinho, Dodô e Osmar. “Dodô e Osmar começaram tudo nessa mesma fobica que estamos agora”, celebrou o artista.

Os fãs compreendem o papel que a família Macedo, os descendentes de Osmar, tem na manutenção da tradição do Carnaval. “Esse é o ídolo da nossa era do carnaval, fui muito atrás do trio do pai dele [de Armandinho]. Ele é mil. Ele vai manter sempre o que o pai dele fazia. Armandinho e os irmãos Macedo têm que ficar no carnaval”, afirmou Carmélia Pereira, 63, que não perde a oportunidade de relembrar a adolescência na folia momesca. Armandinho levou a Fobica para o Furdunço (Foto: Betto Jr./CORREIO) Ninguém conseguia escapar das músicas tocadas por Armandinho. Era só o som da guitarra baiana começar os primeiros acordes de clássicos como Zanzibar, que os foliões acompanhavam o ritmo com o corpo e cantavam toda a letra de cor.

Foi a primeira vez de Tayana Souza, 37, no Furdunço. Ela veio dos Estados Unidos e fez questão de seguir o trio Armandinho. Para ela, a música Chame Gente é a representação do Carnaval. “Eu queria ver Armandinho. A música dele é pertinente com a festa. Passam os anos e todo mundo continua cantando”, festejou Tayana.

Enquanto o trio de Armandinho já estava na Barra, o Navio Pirata, de BaianaSystem, se preparava para fechar o segundo dia de pré-carnaval, que começou no sábado, 15, com o Fuzuê. Por volta das 21h30, a banda tocou Sulamericano, começando o desfile. Fãs de Raul Seixas marcaram presença (Foto: Betto Jr./CORREIO) Os fãs estavam ansiosos pela saia da banda, que havia anunciado o fim da concentração entre às 19h e às 20h. A apresentação era muito esperada pelo público, já que a BaianaSystem tocou apenas uma vez no Carnaval do ano passado. Em 2019, o grupo se apresentou na quinta-feira, abrindo a folia. Mesmo ainda na concentração, os foliões comemoravam qualquer barulho durante a passagem de som.

Quem curte Baiana percebe que o grupo se esforça para resgatar o Carnaval de Salvador como ele era antes dos blocos e camarotes. Não é estranho, então, que a banda tenha lançado o single 'Corrida Elétrica' com Armandinho, a cara da tradição da folia momesca. Crianças tiveram tranquilidade para brincar (Foto: Betto Jr./CORREIO) “A gente passou por um processo de mercantilização muito forte e o Baiana, que é popular e político, entende que esse movimento de trazer a galera para a rua é muito política. Eu acho que o futuro da festa é sem cordas e é o resgate de como era antigamente, quando tinha a liberdade do ir e vir e escutar os ritmos diferentes”, comenta o estilista Cássio Caiazzo, 36.É dessa comunhão que os fãs de BaianaSystem mais gostam. A união entre a dança que extravasa e a preocupação com o outro é vista por quem segue o Navio Pirata como o ponto alto da banda. “É diferente das outras coisas, a galera é diferente o cliente é diferente. Todo mundo se protege mesmo dentro das rodas”, disse Maria Regina da Costa, 31.

O show da banda é tão importante para Maria Regina que ela foi para o Furdunço mesmo sem gostar do Carnaval. O que importava era estar em uma apresentação de BaianaSystem. Foliões não dispensaram a quebradeira (Foto: Betto Jr./CORREIO) Entre BaianaSystem e Armandinho, outros trios variados puxaram os foliões em um pré-carnaval quase tão cheio quando a festa oficial. Os múltiplos ritmos são o ponto alto do Furdunço, ressaltou Caique Fraga, 25. “Salvador é essa mistura do novo e do tradicional. Assim que é bom”, disse.

“Eu acho que tem espaço para tudo na festa. Carnaval é cultural, mas é a mistura que faz ele existir. Na minha visão, o Furdunço é a abertura do carnaval e pede músicas mais lentas. Depois na festa mesmo, vem o axé”, comentou o estudante Victor Santana, enquanto dançava ao som da sofrência do trio Carroça Furdunceira.

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*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro