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Casos de PMs da ativa convocando para atos serão tratados dentro da lei, afirma
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2021 às 11:53
- Atualizado há um ano
O governador Rui Costa (PT) criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo federal ao falar nesta terça-feira (24) da reunião com colegas de outros estados. Ele também comentou a possibilidade de uma 'infiltração bolsonarista' na Polícia Militar dos estados - um coronel foi afastado do cargo ontem pelo governador de São Paulo após convocar para ato pró-Bolsonaro e contra o STF, o que é proibido por lei a militares da ativa.
Rui disse que acredita nas instituições brasileiras e duvida de um golpe. "A PM não é instituição de governo, é do Estado brasileiro, da Bahia, da população. Minha opinião é de que qualquer uma, Forças Armadas, PM, não pode estar a serviço político de nenhum partido e nenhuma ideologia. Tem que estar a serviço do Estado brasileiro e baiano. Tem uma lei maior que nos rege a todos que é a Constituição. Não acredito em nenhuma hipótese que ninguém vai se meter numa aventura dessa. Nem as Forças Armadas e muito menos as Polícias Militares, vão se meter numa aventura desastrosa dessa", avalia."Qualquer aventura seria o caos completo".
Ele fez uma alusão direta ao presidente Jair Bolsonaro. "O Brasil não é Afeganistão, não vai virar um Afeganistão e não vai virar um país de 10ª categoria que qualquer incompetente e aventureiro vai promover a desordem. Se lá atrás ele (referência a Bolsonaro) tentou explodir um quartel e por isso foi afastado do Exército, hoje ele não vai explodir o Brasil porque o povo não vai permitir. Basta esse sofrimento de quatro anos", diz.
O governador afirmou que situações similares à de São Paulo, se ocorrerem na Bahia serão tratadas como manda a lei. "Eu acredito e vou continuar defendendo as instituições brasileiras. Independente delas terem virtudes ou defeitos, mas são nossas instituições e nós temos que corrigí-las, trabalhar para que sejam mais fortes e melhores, dentro da regra do jogo democrático. Não tenho dúvida que assim faremos. Eventualmente comportamentos que não correspondam ao que está na Constituição e na lei têm que ser tratados dentro da Constituição e da lei".
Reunião com governadores Rui disse que o encontro com governadores teve basicamente duas pautas: projetos em tramitação que ele entende que prejudicam o povo e também a situação de "drama" que vive o Brasil com aumento da pobreza e piora de índices econômicos.
"A exemplo da lei que modifica o Imposto de Renda, que só para Bahia dá prejuízo direto e imediato de R$ 750 milhões a menos. Com esse projeto, a Bahia enfrentará ainda mais dificuldade. Além de outros projetos que estão no Congresso que dão expressivo prejuzído ao povo baiano, nordestino, brasileiro", exemplificou o governador. O projeto que altera o IR está em tramitação e a Bahia deve ser o estado que terá mais cortes de verbas caso ele seja aprovado, segundo um estudo.
Em seguida, o governador falou do momento que vive o país, atribuindo culpa ao governo federal. "A segunda pauta era o drama que o Brasil vive com aumento do desemprego, piora dos indicadores econômicos, aumento da inflação, aumento da pobreza, a escassez de produtos que hoje presenciamos, que viaibilizaria eventualmente a retomada da economia. A dificuldade de relacionamento com vários países do mundo. Tudo isso provocado pela incapacidade do governo federal de fazer gestão e pelo excesso, que na minha opinião, é usado para esconder essa incapacidade. O governo aumenta tom e agressividade com instituições, governadores, prefeitos, e judiciário [para desviar o foco dos problemas]", disse.
Ele continuou: "Isso é péssimo para o cidadão comum, que todo dia há de se perguntar: o que eu tenho a ver com isso? Tem a ver porque com instabilidade juridica e instituicional, com insegurança, nós afastamos investimentos externos e internos, diminui a geração de emprego, aumenta desemprego, e a pobreza. E com a política econômica atrelada também ao dólar e com essas agressões que o presidente faz o dólar volta a subir. O impacto direto é a subida dos combustíveis, alimentos, insumos, e construção civil. O país vive uma tragédia e ontem o debate foi sobre isso", diz.
Apesar do encontro e da decisão de tentar abrir um diálogo com o governo federal, Rui diz que não tem expectativas de mudanças reais. "Na verdade, nós caminhamos para busca de um consenso entre governadores. Alguns insistiam que temos que manter sempre a porta aberta e manter o diálogo, mesmo que não acreditemos. Eu sou dos que sempre buscam garantir o consenso entre governadores, porque basta o disenso com o presidente. Então caminhamos para uma adesão a essa proposta que propunha um chamamento à reflexão e diálogo do governo federal, embora eu pessoalmente não acredite que haverá qualquer alteração do padrão de comportamento da presidência, porque esse é o modus operandis que ele exercita desde o primeiro dia do mandato, repito, trazendo enorme prejuizo para a vida do brasileiro", avalia.