Novo museu tecnológico na Cidade Baixa será aberto ao público em dezembro

Espaço integra centro cultural do Sesi, que recebeu investimento superior a R$ 14 milhões

Publicado em 23 de novembro de 2022 às 06:00

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Conhecida por sua riqueza em histórias e belezas naturais, a Península de Itapagipe, na região da Cidade Baixa, passa a fazer parte também de outro roteiro de Salvador, o tecnológico. Isso será proporcionado pela inauguração, nesta quarta-feira (23), de um museu interativo dedicado à ciência e à tecnologia. A Estação Ciência, como é chamada, é um dos ambientes do Centro Cultural Sesi Casa Branca, na Avenida Caminho de Areia, e se destaca pela vasta quantidade de conhecimento que abriga em seus 500 metros quadrados. 

A visitação pública ao museu será aberta no dia 10 de dezembro. A partir daí, o funcionamento será entre quarta-feira e domingo, das 10h às 17h. Às quartas, a entrada será gratuita e, nos demais dias, inicialmente, vai custar R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). O espaço foi pensado para receber, principalmente, crianças e adolescentes, tanto de forma individual como em grupos escolares. O tour conta com guias e dura cerca de 50 minutos. 

A expectativa é de que, além dos 1,4 mil alunos da Escola Sesi Comendador Bernardo Martins Catharino, anexa ao novo equipamento, outras cerca de 80 mil pessoas passem por lá por ano, segundo a gerente do Sesi Cultura, Maria Angélica Ribeiro. “Eles aprendem, sabem como lidar com isso [tecnologia] e se entusiasmam. Sem dúvida, é um espaço do saber que vai contribuir muito para a educação”, afirma Ribeiro. “A gente não tem, aqui em Salvador, outro espaço [assim]. Por isso que a gente diz que é um presente para a cidade”, acrescenta ela. 

O centro cultural é composto de mais três ambientes: a Varanda Casa Branca, que é um espaço para apresentações artísticas e eventos corporativos; a Sala Letieres Leite, uma sala de arte com capacidade para 127 pessoas; e a Praça da Ciência, com experimentos conhecidos que exploram conceitos da física, como balanço e gangorra, além de uma geodésica que reproduz estrelas no céu da capital baiana.

Tanto a varanda como a sala de arte ainda não tiveram o início de suas atividades definido, mas o que dá pra antecipar é que a primeira, assim como o museu, será aberta de quarta a domingo, com apresentações musicais à noite, e que a segunda funcionará de quinta a domingo, das 19h às 21h.

Por nome Casa Branca é como também é conhecido o Solar Machado, construído no início do século passado e cuja área foi utilizada para a implantação dos equipamentos. O prédio já abrigava o Serviço Social da Indústria (Sesi) desde a década de 1970. Para tirar o projeto do papel, a instituição investiu mais de R$ 14 milhões em obras de requalificação, construção de novos espaços e implantação da Estação Ciência. 

Imergindo na Estação Ciência 

Com a proposta de ser uma experiência viva para o visitante, a Estação Ciência dispõe de recursos tecnológicos 4.0 e, de acordo com a curadora da exposição, a museóloga Heloísa Helena Costa, o objetivo é estabelecer uma conexão entre o passado e o futuro, tendo sempre Salvador como referência. “A gente entendeu que seria muito interessante, para o estudante de nível médio, perceber como Salvador cresceu e se desenvolveu e como, hoje, a gente pode pensar uma Salvador metrópole e até no futuro”, explica. 

Cada uma das salas da estação tem o nome de uma personalidade baiana — ou que aqui se radicou — notável em sua área de conhecimento, como arquitetura, medicina e música. Na primeira delas, a Teodoro Sampaio, um telão touchscreen exibe informações sobre campos como ciência, cultura e diversidade. Em seguida, na Sala Milton Santos, há uma maquete com Patrimônios da Humanidade em Salvador e um painel que contextualiza a cidade em meio às revoluções industriais. 

Continuando o passeio, na Sala Rômulo Almeida, você encontra uma espécie de linha do tempo de invenções que marcaram a evolução da humanidade, a exemplo de telefones, máquina de escrever, rádio e TV. O próximo passo é, na verdade, um mergulho: na Sala Viviane Barbosa, a ideia é mostrar a dimensão da Baía de Todos-os-Santos e chamar a atenção para a necessidade de conservarmos a biodiversidade. 

Já os espaços Eureka! são formados por três salas: na primeira delas, a Bautista Vidal, o visitante tem acesso a experimentos que fazem uso de energia estática e outros que contemplam a geometria; na segunda, a Ricardo Castro, é possível compor sua própria música instrumental, com elementos de diferentes gêneros; e na terceira, a Maria Odília Teixeira, a interação é com os estudos do corpo humano. 

Caminhando para o fim do tour, na Sala Diógenes Rebouças, o visitante imerge numa viagem entre o passado e uma projeção do futuro em Salvador. A última sala, a do Abraço, de nome de Antônio Nery Filho, é uma homenagem aos professores e lembra a importância de nos conectarmos com a tecnologia sem que se precise desconectar uns dos outros. 

Dentro da Estação da Ciência, ainda é possível perceber referências à história do casarão onde ele está instalado, como a Sala Antônio Rebouças — que resguarda seu antigo portal de entrada —, esculturas e outros objetos manufaturados. Acessando o endereço matterport.com/discover/space/MQmcFbD6YLo, dá pra sentir o gostinho de tudo isso. 

Estímulo à cultura 

Estudante do primeiro ano do Ensino Médio na Escola Sesi, Jessé Machado, 16 anos, não só teve acesso ao centro cultural em primeira mão como também foi, ao lado de seus colegas da Orquestra Jovem do Sesi, o primeiro a subir no palco da Varanda Casa Branca. “É uma felicidade pra mim tocar na inauguração da Casa Branca”, contou, sorridente, o jovem violinista, que, despontou no grupo do colégio e, hoje, integra os Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), parceiros da instituição. 

Aliás, após as obras de requalificação no Solar Machado, a Orquestra Jovem do Sesi, que atualmente conta com 135 membros, tem a possibilidade de ampliar seu grupo para 200. Somado a isso, a citada varanda e a Sala Letieres Leite devem servir de estímulo à cultura na Península Itapagipana. Segundo Maria Angélica Ribeiro, a intenção é fazer uma dobradinha com o Teatro Sesi Rio Vermelho. “A gente vai poder fazer essa programação seguindo sempre a ideia do Sesi, que é revelar os talentos da cultural local”, aposta a gerente do Sesi Cultura, que esteve à frente do teatro no Rio Vermelho por mais de 20 anos.  

Outra novidade é que a Casa Branca será mais um polo do projeto Boca de Brasa, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), órgão vinculado à Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) de Salvador. “A gente vai ministrar várias oficinas aqui e vai fazer um trabalho interativo, de formação e profissionalizante com a comunidade do entorno”, ambiciona o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, que estima até 2,5 mil beneficiados no ano que vem. “É uma revolução para a cidade, principalmente para essa região”, define Guerreiro. 

Informações sobre programação e visitação dos espaços, valores e condições de parceria poderão ser obtidas por meio do site sesicasabranca.com.br — ainda inativo — e do perfil @sesicasabranca no Instagram. O telefone (71) 3254-9900 e o número de WhatsApp (71) 99706-3038 também estão à disposição.