Novo vídeo mostra abordagem de PMs a advogada e confusão em loja de conveniências na Barra

Nas imagens, uma pessoa que filma se revolta com a prisão e quebra objetos na loja de conveniências

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  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2017 às 19:36

- Atualizado há um ano

Um novo vídeo que circula nas redes sociais mostra a abordagem de policiais militares a advogada Eduarda Mercês Gomes, na loja de conveniência no posto de gasolina no último domingo (11), na Barra. Nas imagens, é possível ver mais de perto quando um policial empurra o joelho no tórax da advogada, que está deitada no chão. Ela grita e diz que está sendo machucada, mas o PM continua na mesma posição.  

Algumas pessoas tentam se aproximar da cena para levantar e ajudar a advogada, mas são impedidos pelos policiais, que ainda apontam algumas pessoas que podem ser testemunhas do caso. A pessoa que filma a abordagem questiona a ação da polícia. “Não estou entendendo por que essa mulher foi presa dessa forma”, grita. Em outro momento, apela para que os policias parem: “Para com isso, meu irmão, para com isso, ela não fez nada”, diz.  

Os policiais empurram um homem que se aproxima, levantam a advogada, que tenta falar com as pessoas que estão atrás do balcão. A mulher que filma a ação fica ainda mais revoltada e continua gritando. Após a viatura ir embora, ela volta para dentro da loja de conveniências e questiona um dos funcionários sobre a prisão da advogada. “Você que é funcionário vai saber, me diga por que ela foi presa?”.

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Depois, ela começa a derrubar objetos dentro da loja e é expulsa. Do lado de fora, começa a xingar. “Pretos que prendem pretos”, grita. Eduarda Mercês foi levada para a Central de Flagrantes após a confusão. Lá, ela foi indiciada por injúria racial e desacato a um dos policiais militares.

RepresentaçãoNa terça-feira (13), a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Bahia, (OAB-BA) entrou com uma representação para que seja instaurado um processo disciplinar contra os policiais militares da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Barra), que participaram da ação. No documento, são citados o tenente João Antônio Galvão Costa, e os soldados Edmar Gonçalves Teodízio e Jeandel Marques de Jesus.

Ainda de acordo com a OAB, os depoimentos dos policiais têm contradições na acusação de injúria racial contra a advogada. “O depoimento dos policiais e da testemunha conflitam, uma hora alegando que a advogada o chamou de 'negro safado', depois 'preto safado'”, diz a representação.

Segundo o documento, a advogada ficou cerca de 1h30 dentro da viatura, para que “os hematomas decorrentes das agressões desaparecessem, já que eram superficiais”. Segundo a OAB, todo esse tempo dentro do veículo da polícia “configura crime de tortura”. A Polícia Militar ainda não se posicionou sobre a representação. 

Em nota, a corporação informou que o vídeo mostrando a abordagem foi disponibilizado para avaliação da Corregedoria da PM. "Se houver indícios de alguma agressão por parte dos policiais militares poderá ser instaurado um Inquérito Policial Militar para apurar uma possível agressão sob a luz do Código Penal Militar. Na esfera administrativa também poderá ser instaurado um processo administrativo para avaliar a conduta dos militares sob a luz dos preceitos constantes no Estatuto dos Policiais Militares da Bahia", diz a nota.