Número de universitários na Bahia cresce acima da média nacional

EAD é um dos responsáveis por aumento; diretor executivo da Abmes comenta cenário

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  • Gabriel Moura

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 18:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Facebook

Em um cenário de crise econômica e desemprego, os baianos estão buscando garantir o canudo e se especializar para encontrar a sua vaga ou crescer dentro do mercado de trabalho. O que mostra isso são os dados da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), que apontam um crescimento de 3,9% por ano, na média entre 2010 e 2017 (ano do último levantamento), no número de estudantes nas faculdades e universidades baianas - acima da média nacional, de 3,8%.

“Este estado é privilegiado, formado por pessoas que se preocupam com sua formação, apesar das adversidades”, conta Sólon Caldas, diretor executivo da Abmes.

E o que anda puxando para cima o número de universitários baianos são as instituições de ensino à distância (EAD), que viram seus alunos crescerem 17% no Brasil, com impacto similar na Bahia. E a tendência é que este crescimento continue nos próximos anos.

De acordo com um estudo da Abmes, em 2023 a maioria dos estudantes de ensino superior estarão matriculados em cursos desta modalidade. “É uma realidade mundial e no Brasil não poderia ser diferente”, conta Sólon, que também falou de como as universidades particulares estão enfrentando as diminuições nos financiamentos estudantis do governo federal, dicas para a hora de você escolher o seu curso e também sobre o alto número de mulheres matriculadas no ensino superior, ocupando 61% das vagas na Bahia. Confira o bate-papo. A que você deve este aumento no ensino superior, apesar da recessão que a economia como um todo tem passado? Esse número de matrículas está refletindo 2017, que é o último censo da educação superior que temos. De todo modo, o crescimento na Bahia está acima da média nacional. O Brasil foi 3,8% e no estado 3,9% e a gente pode perceber que a Bahia é privilegiada, com pessoas que se preocupam com sua formação, apesar das crises econômicas, desemprego e a falta de financiamento estudantil. Como os cortes do FIES está afetando a educação superior? Desde 2015, o programa de financiamento público vem passando por mudanças. E sempre que muda acaba dificultando o acesso dos estudantes ao ensino superior, tanto na Bahia quanto no geral. E o governo, por sua parte, ao invés de criar um incentivo para o acesso às faculdades e universidades, fazem uma política para dificultar. Como resultado disso, se cria um monte de alunos que precisam estudar de um lado e de outro muitas faculdades com vagas abertas, esperando para ser preenchidas. Sólon esteve em Salvador para mostrar os números da educação baiana (Foto: Divulgação) Houve facilidades que promoveram este crescimento nas vagas? Esse crescimento é uma média entre 2010 a 2017. Este aumento é puxado sobretudo pela educação à distância, que e um perfil diferente de alunos, geralmente alguém com mais de 30 anos que já está no mercado de trabalho e em um determinado momento da carreira precisa desta educação superior para obter uma melhora no próprio trabalho. Em 2017, o EAD cresceu 17% e o presencial caiu 0,4% no Brasil, com o mesmo reflexo na Bahia. A quê você deve esse grande crescimento da EAD? O custo desta modalidade acaba sendo menor por conta da escala. Então as instituições de ensino conseguem oferecer um preço mais acessível e sem piorar a qualidade. É importante ressaltar que tanto o EAD quanto o presencial precisam seguir as metas do MEC e a própria avaliação do ministério diz que, em algumas áreas, o curso à distância tem notas melhores. E o EAD é uma realidade mundial. A ABMES fez um estudo que mostrou que em 2023 o número de estudantes nesta modalidade será maior que na presencial.  Apesar do número de alunos estar crescendo, o desemprego também está aumentando. Como fazer com que este universitário deixe a faculdade empregado? Isso é um contexto conjuntural. Nós temos quase 13 milhões de desempregados no país. Então, o aluno precisa se qualificar para melhorar sua empregabilidade. E essa situação de crise é momentânea. Daqui a pouco saímos deste período turbulento e os trabalhadores qualificados terão mais condições de manter a sua empregabilidade. E um profissional de ensino superior tem um ganho salarial de 180% em relação a quem não tem a mesma formação. Então, quando aparecer a oportunidade, para encontrar um trabalho será mais fácil. Hoje só o curso de medicina garante emprego e bom salário após a formação. Como levar isso para outros cursos? O curso de medicina é atípico. É uma profissão diferente. Quando um médico conclui a graduação, ele não precisa da oferta de emprego porque pode atuar por si só. E a falta de de profissionais desta área no Brasil é muito grande, ainda mais nos locais mais afastados. Entretanto, os demais cursos se submetem ao mercado, a oferta e procura. O estudante quando escolher a sua graduação tem que levar em consideração, além de suas aptidões, qual área te dará uma melhor e maior empregabilidade. Hoje 61% dos estudantes de ensino superior na Bahia são mulheres, a que você deve isso? Isso segue a média nacional. No Brasil, 60% dos estudantes são mulheres. Eu imagino que seja a ascensão feminina. A sua procura de trabalho que faz com que elas procurem estes cursos superiores.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro