O imbróglio da vacinação de crianças de 5 a 11 anos no Brasil é retrato do descaso

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  • Andreia Santana

Publicado em 25 de dezembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Brasil vive um reaquecimento do movimento antivacina que, com a pandemia e as fake news no WhatsApp, vêm ganhando fôlego. Doenças como sarampo, consideradas quase extintas no país, voltaram a apresentar surtos porque as crianças deixaram de ser imunizadas de alguns anos para cá. Quem nasceu na década de 1970 deve lembrar de  colegas de escola que exibiam no corpo as sequelas da poliomielite porque seus pais baby boomers (nascidos no pós-II Guerra), desdenhavam da ciência. Mas a guerra acabou há 72 anos e o  mundo evoluiu.

Infelizmente, com 2022 batendo à porta, os antivac encontram respaldo em atitudes de órgãos oficiais que deveriam  dar o exemplo  e incentivar a vacinação infantil. Ao abrir consulta pública, na quinta (23) para perguntar se a população é a favor da imunização de crianças contra o coronavírus, o Ministério da Saúde mais complicou a situação pandêmica do que ajudou a resolvê-la. A consulta, inclusive, deu problemas  no primeiro dia. Na sexta (24), o sistema da Microsoft adotado pelo MS ficou instável em diversos momentos, impedindo o cidadão de opinar.

O ministro Marcelo Queiroga alegou que a pasta pode recomendar a vacinação de crianças de 5 a 11 com o imunizante da Pfeizer - já testado e aprovado para esse público e aplicado em países como os Estados Unidos - se os pais autorizarem e com   prescrição médica. 

A urgência da covid-19, no entanto, e o fato do Brasil ainda ser um dos atuais epicentros mundiais de circulação do coronavírus, não permitem que o ministério dificulte o processo, em vez de inserir a vacina no sistema público de saúde com o respaldo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fazendo ainda campanhas de informação para as famílias saberem da importância de proteger as vidas de suas crianças com a vacinação anticovid.

A Anvisa liberou a Pfeizer para crianças na semana pasada, mas a consulta do MS só terá resultados divulgados em 5 de janeiro. Ou seja, quase um mês de atraso no planejamento da inserção das crianças no Plano Nacional de Imunização (PNI). 

Enquanto isso, lembra o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, 301 crianças de 5 a 11 anos morreram de covid no Brasil desde a chegada da doençla ao país, em março de 2020. Pelos cálculos da Anvisa, em 21 meses de pandemia, o Brasil perdeu 14 crianças de 5 a 11 anos por mês para a covid-19.  É uma morte do futuro e uma família em luto a cada dois dias. Professor Cid Teixeira tinha um grande acervo de discos e livros (Foto: Haroldo Abrantes/Arquivo CORREIO) Bahia disse adeus a Cid Teixeira, o eterno ‘Senhor História’

O guardião mais dedicado das memórias da  Bahia,  Cid Teixeira, morreu na terça (21), aos 96 anos, em sua casa, na Pituba, cercado da família e de seus  livros. Homem de muitos talentos, o eterno mestre era formado em Direito, mas gostava  de ser radialista e de ensinar como quem conversa com um velho amigo.

Comunicador nato que também exerceu o jornalismo por décadas, o professor de voz potente e grande senso de humor, trazia para o seculo XXI personagens remotos. Como esquecer  sua narrativa quase romanceada  sobre a fundação de Salvador? Contava ele que a  cidade foi erguida entre março e maio de 1549, sob o comando de um  Tomé de Souza chateado - considerava a vinda ao Brasil um exílio - e  bandos de trabalhadores, os  condenados da Justiça portuguesa, seminus,  descalços e mal-alimentados. Quem mais vai pintar cores tão vivas da história?   

Ômicron se espalha no Brasil

O Brasil registrou até a quinta-feira (23), 35 casos da variante Ômicron do novo coronavírus (Sars-Cov-2). As infecções, segundo o último balanço do Ministério da Saúde, foram registradas em São Paulo (20), Goiás (4), Minas Gerais (3), Rio Grande do Sul (3), Distrito Federal (2), Rio de Janeiro (1), Espírito Santo (1) e em Santa Catarina (1). A variante tem a característica de se espalhar mais rápido que outras cepas do vírus. Segundo a pasta, outros 57 casos estão sob investigação. A notícia boa é que uma pesquisa realizada pela Fundação Osvaldo Cruz e Universidade de Oxford, também divulgada na quinta, mostrou que a terceira dose da vacina AstraZeneca aumenta em 2,7 vezes os anticorpos capazes de neutralizar a Ômicron.

Desafios da pandemia para  2022

O surgimento de novas variantes do coronavírus, o apagão de dados do Ministério da Saúde (MS) e a politização das medidas de enfrentamento da pandemia serão os principais  desafios que o Brasil enfrentará em 2022 para controlar o avanço da covid-19 no país, que é um dos epicentros da doença no mundo. A análise está no Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na quinta-feira (23). O documento aponta ainda a  preocupação dos cientistas do Observatório com o retorno quase completo das  atividades laborais, educativas e recreativas de forma presencial, “que expõe direta ou indiretamente parte da população". (Foto: Handout/University of Birmingham/AFP) Cientistas acham feto de dino com  66 milhões de anos

Cientistas chineses anunciaram, na terça-feira (21) a descoberta, em Ganzhou, de um embrião de dinossauro do tipo  Ovirraptor de cerca de 66 milhões de anos, perfeitamente bem preservado. O bebê dino estava em posição de preparação para sair do ovo. Andreia Horta como Lara (Foto: Divulgação/TV Globo) Frase da semana:Meu desejo é que as mulheres possam passear pelo campo da não-maternidade. A maternidade é um assunto que, se você não parar para pensar, trata como algo compulsório, obrigatório, Andreia HortaA atriz defendeu sua personagem Lara, de Um lugar ao Sol, em entrevista na sexta (24). Na trama, ela não deseja filhos biológicos e cuida da enteada e da avó.