'O problema do Vitória não são os profissionais', diz Chamusca

Em entrevista ao CORREIO, atual técnico do CRB diz o que prejudicou sua passagem pelo Leão

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  • Vitor Villar

Publicado em 17 de agosto de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maurícia da Matta / EC Vitória

Neste domingo (18), às 16h, em Maceió, o Vitória reencontrará o técnico que iniciou a ainda turbulenta temporada 2019 do rubro-negro. Marcelo Chamusca agora está no comando do CRB, adversário da 16ª rodada da Série B.

Nesta entrevista ao CORREIO, o treinador baiano falou sobre a sua passagem no Leão. Apontou as razões para que, na sua ótica, o trabalho ficou aquém do esperado no momento da sua contratação.

Além de Chamusca, o time alagoano, que briga para entrar no G4 da Série B, conta ainda com jogadores que passaram pelo Vitória neste ano, como o zagueiro Victor Ramos e o atacante Léo Ceará.

Confira:

O que deu errado na sua passagem pelo Vitória?

Entendo que cheguei ao Vitória num momento muito difícil do clube. Não era só uma dificuldade política, mas principalmente financeira. Muitas limitações para contratar, fortalecer a equipe, perdemos muitos jogadores para concorrentes. Esse contexto negativo acabou atrapalhando o trabalho em todos os aspectos. Com os resultados que não chegaram, ficou muito difícil que eu tivesse sequência.

O Vitória continua tentando se reerguer na temporada mesmo após trocar de treinador e de diração. O que acha disso?

Acho que depois que saí do Vitória o [Carlos] Amadeu já é o terceiro treinador, não é? E o time já mudou muito, saíram vários jogadores e chegaram tantos outros. Então na verdade é uma leitura muito simples de ser feita: não consigo achar que o problema do Vitória, hoje, sejam os profissionais que estão passando pelo clube. Todos são profissionais qualificados demais. O que existe é um contexto difícil em torno do Vitória para que qualquer técnico ou tenha sucesso.

Você levou alguns jogadores do Vitória, como Victor Ramos e Léo Ceará, para o CRB e aí eles estão obtendo sucesso. Por que?

É como eu falei, uma leitura simples: o problema não eram os profissionais. A atmosfera no vestiário por conta desses problemas que mencionei de ambiente político, de dificuldades financeiras, que foram coisas muito fortes no Vitória que eu encontrei, tudo isso interfere muito na performance dos jogadores. Aqui, esses jogadores encontraram um ambiente mais tranquilo. Puderam adquirir confiança em si mesmos para jogar e conseguiram desenvolver. Entendeu? É uma leitura simples.

O CRB tem tido bons resultados após a Copa América e chegou a beliscar o G4. Por que seu trabalho tem dado certo aí?

Cheguei no CRB na reta final do Estadual, deu tempo de contratar alguns jogadores e fortalecer a equipe. O período da Copa América foi interessante para implementar alguns conceitos, deu para trabalhar bem a parte física, técnica, tática. E a resposta tem sido interessante. Ainda mais se olhar o patamar de investimento do clube. É uma campanha muito boa, mas com condições de melhorar.

Ficou irritado pelo trabalho no Vitória não ter dado certo?

Minha frustração foi não ter entregue o que foi criado de expectativa na minha contratação. Eu sabia que encontraria um ambiente difícil financeiramente e com a torcida e a imprensa muito contra a direção que lá estava. Mas eu acreditava que, com o trabalho no campo a gente conseguiria amenizar esses desafios. Infelizmente não conseguimos desenvolver o time à altura. Foi criando-se uma atmosfera ruim, os resultados não viam, a torcida insatisfeita. Quando fomos eliminados da Copa do Brasil piorou, porque era um desafogo financeiro. Depois veio a queda no Baiano também... Saí muito frustrado com o trabalho, mas entendi o posicionamento da torcida e dos dirigentes.

Pretende usar o fato de você e alguns jogadores terem deixado o Vitória este ano como motivação para o duelo de domingo?

Olha, não estou usando isso, não. A nossa motivação é crescer na tabela, voltar a vencer em casa [vem de um empate e uma derrota], engatar uma sequência de bons resultados. Essa é a nossa motivação. Não tenho usado de forma nenhuma o fato de ter saído do clube. Saí porque não tive os resultados esperados, faz parte do futebol. Os jogadores também, em momento nenhum durante a semana se falou de mágoa ou raiva para se obter motivação.

Acha que o CRB tem condições de chegar à Série A?

O nosso projeto é de manutenção na primeira página da tabela. Até porque o histórico dos últimos anos do CRB é de briga contra o rebaixamento. Então não adianta criar uma expectativa porque senão depois não consegue e todo mundo fica chateado. Se nos chegarmos na reta final da Série B na página de cima da tabela, em algum momento podemos dar uma acelerada e aí sim buscar algo maior.