O que é autogestão e por que investir na autonomia da sua equipe

Proposta cria ambiente de liberdade em relação ao próprio trabalho

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  • Do Estúdio

Publicado em 18 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Muitas empresas já entendem a importância de contar com talentos. Por isso mesmo, elas também buscam maneiras de aumentar a produtividade dos profissionais mais qualificados, extraindo o retorno desse investimento. Saber o que é autogestão vai ajudar você nessa tarefa. 

A proposta da autogestão é criar um ambiente de liberdade para tomar decisões em relação ao próprio trabalho e responsabilidades. Assim, o líder não será alguém que manda em tudo, mas que orienta e desbloqueia o fluxo de trabalho para o time. 

Neste conteúdo, explicamos o que é autogestão e como ela pode ser aplicada ao seu estilo de liderança. Continue a leitura e dê mais autonomia para sua equipe! 

O que é autogestão? A autogestão é um modelo de divisão de tarefas, poderes e responsabilidades, em que os colaboradores tomam as decisões sobre o próprio trabalho. Nela, o profissional pode definir, entre as opções disponíveis, como alcançará os resultados exigidos pelo líder. 

É como se cada pessoa tivesse o próprio espaço para tomar decisões. Quem está à frente do time aproveitará os conhecimentos e habilidades do talento, em vez de fazer todas as escolhas, nos assuntos que dizem respeito ao trabalho do colaborador. 

Nesse sentido, a base do modelo são regras e autonomia. O líder precisa indicar os limites e poderes de cada pessoa, ampliando as situações em que é possível fazer as próprias escolhas, sem que um invada o espaço do outro. 

Quais são os benefícios da autogestão? A mudança na forma como lideramos será recompensada com benefícios claros em relação ao desempenho do time. Além disso, a autogestão contribui para o sucesso de indicadores importantes para gestão de pessoas. Logo, há bons motivos para adotá-la na sua empresa.

Fortalece as competências dos colaboradores  A primeira vantagem é empregar as competências dos talentos em prol dos objetivos da empresa com mais efetividade. 

Ora, quando recrutamos um profissional, buscamos conhecimentos, habilidades e atitudes consideradas chave para uma função ou mesmo para o negócio. Logo, do que adianta não dar espaço para que a pessoa aplique essas competências? 

Aumenta a produtividade do líder  Como a autonomia reduz a quantidade de tempo e esforço dedicado a cada tarefa individualmente, podemos ser ainda mais produtivos. 

Em vez de estar em cima do colaborador o tempo todo e ser um gargalo das decisões, o líder pode priorizar aspectos mais relevantes para o sucesso da equipe: motivar pessoas, comunicar-se com clareza, alinhar as atividades de diferentes projetos, buscar recursos para os desafios do time etc.      

Reduz a carga de trabalho  A autogestão pode ser uma maneira de recuperar o desempenho de líderes sobrecarregados. Ao minimizarmos nossa intervenção no trabalho dos colaboradores, podemos pegar mais projetos ou liderar mais pessoas simultaneamente. 

Afinal, como as atividades “caminham com as próprias pernas”, o peso das atribuições de liderança será menor para quem está à frente das equipes. 

Responde rapidamente aos problemas  A autogestão também é uma medida para contar com equipes mais ágeis. Na prática, o líder deixa de ser o gargalo das decisões e torna-se o responsável por desbloquear o fluxo de trabalho. Além disso, os processos se tornam mais simples, pois as necessidades de autorização e aprovação são mais pontuais.  

Engaja os colaboradores  Em relação aos liderados, a possibilidade de tomar decisões permite que cada pessoa enxergue o próprio papel na empresa. 

Igualmente, é uma maneira de valorizar o conhecimento e experiência que o profissional tem sobre suas atividades, em vez de se posicionar como “dono da razão”. Logo, há boas condições para engajar e motivar os colaboradores. 

Melhora o clima organizacional  Além de tudo o que foi citado, a autonomia é uma das medidas para melhorar a experiência dos colaboradores na empresa. Em diversos casos, ela pode ser uma prática adotada caso os resultados da pesquisa de clima não estejam satisfatórios, e o ambiente de trabalho precise de melhorias. 

Ajuda na permanência de talentos  Por fim, a autogestão contribui para os indicadores de desempenho ligados à satisfação e experiência do colaborador no trabalho. Assim, é uma das ferramentas para lidarmos com um turnover elevado ou melhorarmos o fator de permanência dos talentos, por exemplo. 

Quais mitos precisam ser superados? Como é natural nos processos de mudança, a autogestão pode enfrentar resistência nas empresas e equipes de trabalho. A partir daí, surgiram mitos sobre as consequências desse modelo, e muitos deles podem levar os profissionais a uma impressão errada sobre o tema. Confira os principais.

Decisões lentas Algumas pessoas enxergam na autogestão uma necessidade de buscar acordos e convencimento interno o tempo todo, pois os colaboradores teriam mais autoridade. Assim, as decisões passariam por longos processos de discussão, debates e reuniões, o que atrasaria a tomada de decisão.

Na verdade, não é essa a proposta. Na autogestão, o líder também tem seu espaço respeitado e tem poderes para intervir dentro das regras preestabelecidas. Imagine, por exemplo, que um colaborador está negociando com um potencial cliente e trabalha com certas margens de preço e condições que podem ser oferecidas. 

Nesse caso, se o interessado apresenta uma contraproposta com condições que fogem dos poderes de decisão do vendedor, a decisão entraria na zona de atuação do líder. Logo, quem está no comando seria acessado. O colaborador poderia ser ouvido, mas o líder conserva o poder de decisão.     

Ausência de líderes, processos e regras A mudança também não significa a ausência de líderes, processos e regras. Ocorre, na verdade, um redesenho das atribuições, avaliando quando a intervenção do líder realmente pode contribuir com o time e quando é melhor deixar as pessoas agirem por conta própria.

Não há cobrança  Aliás, não é verdade que a cobrança deixará de existir nesse contexto. Normalmente, o que acontece é a definição e respeito dos prazos para alcançar os resultados propostos. Por exemplo, se o líder pedir um relatório sobre uma empresa para sexta-feira, a cobrança ocorrerá nesse dia, em vez de ficar a todo momento antecipando a data combinada.

Quais são as principais responsabilidades do líder? Para que o modelo funcione, o líder precisa dar atenção a maneira como as tarefas, poderes e responsabilidades são delegadas. Veja os cuidados mais importantes.

Fluxo de trabalho O andamento das atividades deve ser modificado para eliminar etapas dispensáveis de aprovação e autorização. 

Geralmente, tais passos correspondem aos momentos em que o líder está apenas substituindo a decisão do colaborador, sem que a questão ultrapasse o nível de conhecimento do mesmo.

Comunicação A comunicação é um segundo ponto de atenção. Para agir por conta própria, o colaborador deve receber orientações claras sobre os resultados esperados, autonomia e responsabilidades.

Além disso, o líder deve ter uma escuta ativa sempre que tiver de ajudar um membro da equipe, pois não estará tão próximo das tarefas como se tivesse praticando o microgerenciamento.

Acompanhamento de desempenho É importante, por fim, pensar os momentos de cobrar os colaboradores, estabelecer objetivos e resultados-chave e definir indicadores de desempenho. Aliás, com a tecnologia, o controle do fluxo de trabalho pode ser digitalizado, permitindo que os líderes enxerguem o andamento das tarefas, sem precisar consultar o colaborador a todo momento.

Como implementar na sua empresa? Aumentar a autonomia dos colaboradores pode exigir que você adote certos princípios no momento de estruturar esses fluxos de trabalho, comunicação e acompanhamento. Anote algumas dicas para ter mais sucesso nessa mudança.

Use testes comportamentais Nas avaliações de desempenho e recrutamento, lembre-se de buscar profissionais com perfil para trabalhar com autonomia. Muitas vezes, pode ser difícil aplicar o modelo se os profissionais têm dificuldades para cumprir responsabilidades, são impontuais ou, até mesmo, não têm as competências necessárias.

Amplie a autonomia do cargo No desenho dos cargos, aumentar a quantidade de assuntos que a pessoa pode decidir sem consultar um superior e o tempo para que ocorram as supervisões concede mais autonomia para o colaborador. Procure calibrar conforme as necessidades de cada função.

Elimine gargalos de decisão Um terceiro ponto de atenção é verificar os pontos do fluxo de trabalho em que o líder fica sobrecarregado de decisões e ocorre lentidão no processo. Esses momentos dão pistas de que pode haver restrições exageradas à autonomia dos colaboradores.

Invista em qualificação As qualificações de liderança também são importantes, pois cada vez mais elas focam em substituir as lideranças centralizadoras e autocráticas (liderança de controle absoluto sobre decisões). Assim, são uma boa solução para desenvolver essas competências.

Perceba, portanto, que a autonomia exige mudanças em nossas habilidades e atitudes. A partir dela, podemos confiar mais no time e permitir que os talentos concretizem o potencial pelo qual foram contratados. 

Sendo assim, agora que você já sabe o que é autogestão, recomendamos o estudo mais aprofundado do tema. Afinal, ao realizar uma gestão menos centralizadora, você será mais produtivo nas próprias atividades e permitirá que os colaboradores também desempenhem de forma mais decisiva.

Fonte: GPTW