O superministro de Bolsonaro

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  • Armando Avena

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 05:05

- Atualizado há um ano

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O Brasil vai ter um superministério a partir de 1º de janeiro e o czar desse império, já anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, será o economista Paulo Guedes. O novo ministério vai englobar as pastas da Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior e será tão importante que nenhuma despesa governamental será criada ou liberada sem a sua anuência, todos os empréstimos do país, inclusive de estados e municípios, passarão por ele, bem como a administração do funcionalismo público, o sistema tributário, inclusive os impostos de importação e exportação, o controle das estatais e o BNDES. 

Para completar, esse poderoso Ministério da Economia vai definir a política de juros, câmbio e inflação. A experiência não é original: Delfim Neto foi um superministro na época dos governos militares e a economista Zélia Cardoso de Mello teve papel semelhante no governo de Fernando Collor. No primeiro caso, a economia deslanchou e sua política resultou no chamado “milagre econômico”, mas eram tempos ditatoriais, nos quais não havia, nem se permitia, contestações. No segundo caso, a experiência foi um desastre, com direito a confisco da poupança e retorno da hiperinflação.

À primeira vista, concentrar tantas  funções e responsabilidades num único ministério parece um tiro no pé, pois significa que grande parte dos conflitos de interesses públicos e privados vai parar na mesa do seu titular.  A demanda por recursos em cada área de governo e entre os estados e entes políticos vai parar na mesa do superministro sem escalas e a disputa por empréstimos, subsídios, tributos e centenas de demandas do setor privado também, o que significa que as pressões serão monumentais e com pouca intermediação. Ao que parece, o superministro Paulo Guedes sabe o que quer quando defende a Reforma da Previdência, a redução do pagamento dos juros da dívida e a privatização de estatais e teve a coragem de colocar o dedo na ferida ao afirmar que o empresário brasileiro está sempre buscando subsídios, refis e financiamentos junto ao Estado e que é hora de torná-lo mais competitivo e integrado à competição internacional.

O discurso é bom, mas para ser implantado terá de vir junto com a redução de impostos e a desoneração e, ainda assim, sofrerá oposição de grande parte do empresariado brasileiro acostumado a andar com as muletas do Estado. Concentrar todas as decisões num único ministério tem um aspecto positivo, pois todo o conjunto de medidas obedecerá a uma única diretriz, mas, ao mesmo tempo, concentrará toda a artilharia do conflito de interesses num único ministro e, no presidencialismo, trocar de ministro é tão simples, ou quase, quanto trocar de camisa. Guedes não precisa de um superministério para comandar a economia, melhor seria posicionar-se como árbitro do conflito e podia fazer isso apenas como ministro da Fazenda, já que é dali que o dinheiro sai. De todo modo, ainda é cedo para saber o alcance e o poder desse superministro de Bolsonaro.

O PT ENTRE A  NARRATIVA E A REALIDADE Pouco antes das eleições, o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, perguntou, em carta dirigida à população brasileira, qual a razão do antipetismo que terminou por se mostrar determinante na eleição de Bolsonaro. A resposta é simples: o povo deixou de acreditar no PT. As teses defendidas pelo partido passaram a ser apenas narrativas, meras ficções, e o povo estava ávido por realidade.

As ficções do PT estavam e estão por toda  parte. Confrontado com o fracasso do seu governo e de sua política econômica, a presidente Dilma Rousseff criou a narrativa de que tudo estava bem, que o país não precisava de ajuste fiscal e vendeu a ideia ao eleitor. Eleita, fez o oposto do que prometeu e jogou o país na maior recessão de sua história. Colocado frente a frente ao impeachment da presidente, realizado de acordo com a Constituição brasileira, o PT criou a narrativa do “golpe”, mobilizando a população e os militantes com mais uma ficção.

De imediato, criou outra narrativa consubstanciada no “fora Temer”, como se a população não soubesse que Temer foi aliado incondicional do PT e tornou-se presidente porque o partido lhe deu a vice-presidência. Confrontado com a corrupção, o partido negou e ainda nega veementemente qualquer “malfeito”, embora, Lula, seu principal líder, esteja preso e o ex-ministro Antônio Palocci fazendo delação. E, frente a constatação de que Lula não seria candidato, o PT construiu mais uma narrativa consubstanciada na bandeira: “Lula Livre” e “Eleição sem Lula é fraude”.

Para completar, com a economia em  frangalhos, 13 milhões de desempregados e as empresas quebrando, a campanha do candidato Fernando Haddad oferece ao país outra narrativa ficcional, que no primeiro momento afirma-se no mote de que “Lula é Haddad” e no momento seguinte, esconde o ex-presidente e a cor do partido. Em seguida cria a narrativa da volta da tortura e do militarismo e termina fazendo, em plena crise fiscal, as mesmas propostas irresponsáveis da campanha de Dilma – aumento do salário-mínimo, botijão de gás a R$ 49, etc.

O Partido dos Trabalhadores vive há muito tempo de narrativas, narrativas que se distanciaram dos verdadeiros problemas brasileiros. O PT sabe agora que o brasileiro cansou das narrativas e elegeu o candidato que oferecia a realidade nua e crua.  O Partido do Trabalhadores precisa, portanto, realizar a autocrítica e passar a fazer uma oposição propositiva, visando o interesse do povo brasileiro e não apenas do próprio partido.

A CHINA E A PONTE Além das centenas de pessoas praticando tai chi chuan nos parques da cidade, da comida deliciosa e do inesquecível pato laqueado, duas coisas me impressionaram quando estive em Xangai, a maior das cidades chinesas: o desprezo pelas patentes e a forma de negociação dos chineses. O desprezo pelas patentes está nas milhares de cópias de produtos famosos vendidos em toda a parte e a forma de negociação está nas dezenas de reuniões que os chineses fazem, seguidos de memorando ou protocolos de intenções. Mas a decisão de investir vai depender da taxa de retorno do investimento e do montante de capital que será investido. Assim, para viabilizar junto aos chineses  a ponte Salvador-Itaparica será preciso pelo menos R$ 1,5 bilhão de dinheiro local e a única hipótese para viabilizar o projeto será o governo Bolsonaro colocar dinheiro federal, diretamente ou através do BNDES.

Para viabilizar   junto aos chineses  a ponte Salvador- Itaparica será preciso pelo menos R$ 1,5 bilhão de dinheiro local

MARIA E AS LIVRARIAS A Livraria Cultura entrou em recuperação judicial e muitas editoras retiraram seus livros das prateleiras. A Livraria Saraiva está fechando 20 lojas. Por isso, comunico aos leitores que estão me enviando e-mails perguntando onde comprar meu livro, Maria Madalena: O Evangelho Segundo Maria, que ele esta à venda na Livraria Leitura, do Shopping Bela Vista, na Livraria LDM do Paseo Itaigara e no  balcão da Editora Caramurê nos shoppings Barra e Salvador. Ou na internet, em todas as livrarias.