Objetos históricos são encontrados em escavação no Terreiro de Jesus

Ações fazem parte de uma série de ações de requalificação do Centro Antigo

Uma escavação arqueológica no Terreiro de Jesus que começou na semana passada encontrou relíquias na área do Centro Histórico de Salvador. Foram achados pelos técnicos cachimbos, cerâmica vidrada, louça portuguesa do século 19, ostras do mar, metal e fragmentos de vidro.

Até agora, foram escavados dois pontos de sondagem, que têm espessura, largura e profundidade de um metro. O trabalho dura ainda mais uma semana e outros dois poços ainda serão estudados.

As ações fazem parte da requalificação do Centro Histórico, parte do programa Salvador 360, orçado em R$ 300 milhões. A reforma, projeto da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), tem orçamento de R$ 1,4 milhão.

Durante essa fase de escavações, os profissionais verificam se existem aspectos que necessitem ser removidos ou preservados, seguindo as orientações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo é resgatar e preservar a história da praça, que oficialmente tem o nome de XV de Novembro, mas ficou conhecida como Terreiro de Jesus. No local, existem vestígios que remontam ao período colonial.

O arqueólogo Railson Cotias é o coordenador do trabalho. Ele explica que todo material localizado vai ser higienizado, identificado e analisado em laboratório. “Os primeiros indícios é que tudo isso remeta ao século 19”, conta.

“Vamos continuar com o monitoramento, acompanhando a execução da obra, para garantir que toda a história seja preservada”, disse Railson.

Ele explicou, no entanto, que o nível de escavação no qual os objetos foram encontrados, não necessariamente é originário do século 19."Como são objetos de descarte, eles podem ter sido levados de um lugar para o outro com as transformações urbanas ocorridas no local. São objetos de consumo  e descarte. Tudo o que encontramos foi descartado, objetos que viraram lixo e formaram camadas de solo que compõem esse aterramento urbano".O motivo da pesquisa, ainda de acordo com Railson, atende à legislação que exige que qualquer local tombado pela União deve ser acompanhado por pesquisas arqueológicas.

No caso do Terreiro de Jesus, a equipe é composta por três arquólogos. (Foto: Divulgação) "Uma equipe que acompanha as escavações, efetivamente um permanece o tempo inteiro. Mas a pesquisa inclui, ainda, profissionais da geografia, pesquisa histórica", completou.

Agora, todo o material encontrado vai para o Departamento de Paleontologia e Arqueologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no município de Senhor do Bonfim, no Norte do estado.

"É uma medida legal. Quando vamos protocolar um projeto junto ao Iphan, precisamos especificar, previamente, qual reserva vai receber todo o material recolhido durante a escavação. Indicamos o da Uneb lá porque, atualmente, em Salvador, não há um local apto para receber as peças", disse.

O que não impede, acrescenta o arqueólogo, que o material seja futuramente transferido para a capital, onde a equipe de pesquisa considera que seja o "lugar ideal para abrigar a peça". Intervenções Ao final da etapa de escavações, começarão as intevenções. A obra tem prazo de quatro meses para ser concluída. O Terreiro de Jesus será totalmente requalificado, com pavimentação, canteiros recuperados, arborização e trabalho de recuperação da fonte.

O projeto ainda inclui a via do entorno, que terá recolocação dos paralelepípedos. O piso da praça deve ser reconstituído com pedras portuguesas, mantendo o desenho original. A fonte, que abriga uma estátua de Ceres, deusa da agricultura, deve ser recuperada. A iluminação também será recuperada, com uso de lâmpadas LED. 

Fazem parte desse conjunto de iniciativas da Prefeitura no chamado Centro Antigo da cidade a requalificação da Avenida Sete de Setembro e das praças Castro Alves e Cairu, além da revitalização da Rua Miguel e da Praça da Inglaterra, no Comércio.