Olha o passarinho! Observação de aves cresce na Bahia e há até pousada dedicada a turistas

Observador por hobby, professor da Ufba fez imagens raras de dança; veja vídeo e entenda a atividade

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  • Thais Borges

Publicado em 23 de maio de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Ronaldo Lopes Oliveira/Acervo pessoal (tangará) e Aruá Observação de Aves/Divulgação

Por 23 dias, o professor Ronaldo Lopes Oliveira, 48 anos, entrou na mata de Porto Sauípe, em Entre Rios, em busca de uma cena que ele sabia o quanto era especial. Nas primeiras 22 vezes, não teve sorte. Mas, na última, a persistência deu certo: no dia 28 de abril, o professor conseguiu capturar uma filmagem rara de dois pássaros da espécie tangará-príncipe dançando. "Cheguei lá todo camuflado, com capa, o tripé e esperei que os dois descessem", conta. Pouco antes das 6h, com o foco e a captação de luz da câmera ajustados, fez as imagens. "Vou te dizer: era a câmera filmando e minhas lágrimas caindo. Fiquei emocionado, porque não é algo que você vê todo dia. É um registro que a gente não tem. A gente procura em todos os sites com tamanha clareza e liquidez e não encontra", diz Ronaldo. Era uma dança do acasalamento - uma coreografia típica de algumas espécies de aves como o tangará-príncipe. "O que a gente presenciou ali, muito provavelmente, é um ensaio, porque não tinha uma fêmea. Ali estavam dois machos dançando ou ensaiando para uma fêmea em volta”, explica Ronaldo, que é professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).  

As imagens são raras por algumas razões: o próprio tangará-príncipe não aparece tanto quanto o parente tangará (conhecido também como tangará dançarino), que habita as terras do Sul e do Sudeste. E principalmente porque é difícil registrar essa dança de um jeito tão limpo - que nem mesmo a presença de uma folha consiga atrapalhar a visão das aves. 

Esse achado não seria possível se não fosse a observação de pássaros - uma atividade comum em outros países que vem crescendo aos poucos na Bahia. Nos últimos anos, se desenvolveu tanto que já existe um turismo específico para isso, com direito a pousadas para esse público e locais destinados à observação. 

Mas os tangarás daqui não ficam atrás na beleza da coreografia - e há uma espécie de competição por trás dela. Quando a fêmea entra em processo reprodutivo, ela pode passar por diferentes 'arenas' para escolher com quem prefere cruzar. Cada tangará macho tem um grupo de colegas 'satélites'. Os machos treinam a dança entre si, em cada grupo, e, quando a fêmea aparece, eles fazem um show para ela. "Ela vai em vários grupos até que escolhe a melhor dança. Ali, reservadamente, ela vai cruzar com o macho alfa daquele grupo que ela achou que teve a melhor performance", explica o professor. Todo o destaque vai para os machos, que inclusive ensinam aos mais jovens. As fêmeas da espécie, por sua vez, são muito discretas. Em alguns ensaios, um dos adultos chega a fingir que é a fêmea para que os mais jovens aprendam a dança.  O professor Ronaldo faz registros de espécies de várias localidades, incluindo as que ocorrem na Bahia, como o beija-flor-vermelho (Foto: Ronaldo Lopes Oliveira/Acervo pessoal) ‘Ciência cidadã’ A observação de pássaros entrou na vida de Ronaldo depois de enfrentar um câncer. Percebeu que precisava desacelerar; repensar a vida. Foi atrás de um hobby: tentou aprender a tocar acordeon. Não deu certo. 

Mas ele tinha uma casa em Porto Sauípe, para onde costumava ir aos finais de semana (na pandemia, inclusive, se mudou de vez). Em seu quintal, já via pássaros bonitos, por ser uma área pouco urbanizada. Um dia, apareceu lá um pica-pau. Era um bicho de topete vermelho, que chamava atenção. Tirou uma foto. Algum tempo depois, um colega dos tempos de doutorado na Universidade Federal de Viçosa postou uma foto de um pica-pau em uma rede social. "Eu disse que tinha visto um e ele disse que era uma espécie diferente. Eu perguntei como ele sabia tanto de pássaros e ele me respondeu que era observador", lembra. 

Ronaldo começou no quintal de casa. Depois, passou a sair andando pelos terrenos do condomínio e seguiu até as matas da região de Porto Sauípe. Quatro anos depois, já registrou mais de 830 espécies, incluindo viagens pelo estado, pelo Brasil e internacionais.  Ronaldo já clicou mais de 830 espécies nos últimos quatro anos, incluindo o cambada-de-chaves e o saí-azul (Fotos: Ronaldo Lopes Oliveira/Acervo pessoal) "Do ponto de vista metafórico, eu chamo de sessão de terapia na natureza. Brinco que é meu curamento, porque é um momento que você se reconecta com a natureza e o mundo dos pássaros é envolvente", explica o professor. O professor acredita que a atividade é uma ‘ciência cidadã’. A observação ajuda a conservação e a preservação de espécies porque acaba fornecendo dados tanto para pesquisadores quanto para a formação de políticas públicas. "Quando a gente descobre uma espécie ameaçada que foi registrada em algum município onde ainda não se tinha registro dela, isso pode e deve ser usado para ciência e para conservação", defende. 

Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Ronaldo Lopes Oliveira (@zoonaldo)

Perfis Entre os próprios observadores, há classificações de como se comportam. Tem o grupo que gosta de entrar no mato, 'passarinhar' (uma expressão usada por quem pratica a observação) e ter contato com a natureza; os que gostam de fotografar o máximo de espécies possível e os que querem fazer fotos bonitas, com uma técnica mais profissional. 

Muitos acreditam que passaram pelos três estágios, mas os brasileiros são conhecidos pelo gosto pelas fotos. É um tanto diferente dos observadores estrangeiros, especialmente europeus e estadunidenses, que gostam mais do ato de observar as aves em si. 

Nesse quesito, o biólogo e observador Ciro Albano, 42, conhece bem as duas realidades. Além de ser guia há 15 anos, trabalhando principalmente com estrangeiros em sua empresa, a Brazil Birding Experts, ele tem o maior número de fotos publicadas no Wikiaves, o principal site brasileiro de observação de aves, entre os usuários que moram na Bahia. De acordo com a própria plataforma, Ciro tem mais de 1,2 mil imagens publicadas.  A arara-azul-de-lear é uma das espécies exclusivas da Bahia (Foto: Ciro Albano/Acervo pessoal) Nascido em Fortaleza, ele mora na Chapada Diamantina há um ano e meio. Apesar disso, mesmo antes de ser radicado aqui, a Bahia já era o ponto alto da maioria dos passeios que promove. "A Bahia é fantástica. Tem uma diversidade incrível de aves, por ter caatinga, cerrado e Mata Atlântica. Toda essa riqueza de ambientes faz da Bahia um lugar mais que obrigatório. Tem espécies de aves que só ocorrem aqui", explica. Uma delas é a arara-azul-de-lear, que só pode ser encontrada em uma região do sertão baiano, inclusive em Canudos. O beija-flor-de-gravata-vermelha também é outra espécie endêmica da Bahia, especialmente na Chapada Diamantina. Com tantas aves exclusivas, Albano montou um roteiro que cobre o maior número de áreas possíveis na Bahia.  Ciro tem o maior número de espécies registradas, entre os observadores que moram na Bahia. Entre elas, há espécies endêmicas daqui, como o papa-formiga-do-sincorá e o beija-flor-de-gravata-vermelha (Foto: Ciro Albano/Acervo pessoal) "Meu roteiro começa pelo Ceará e vou fazendo um zigue-zague (pelo Nordeste) e depois entro na Bahia. Passamos 15, 16, 17 dias na Bahia com os grupos", conta. 

Os passeios têm início em Canudos e a região de Jeremoabo, justamente para ver a arara-azul-de-lear. De lá, ele segue para a Chapada Diamantina, onde encontra bichos como o papa-formiga-do-sincorá, que também só existe ali, especificamente na Serra do Sincorá. A passagem inclui, ainda, uma visita a Boa Nova, no Centro-Sul da Bahia, que tem uma das maiores biodiversidades do Brasil. Há espaço, ainda, para visitas ao Litoral Norte, como a região de Porto Sauípe e Praia do Forte, e Itacaré, mais ao Sul. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Ciro Albano (@ciroalbano)"Além disso, tem a Reserva Serra Bonita, em Camacan. É linda e tem uma estrutura toda voltada para receber quem curte observação de aves. A Bahia é foda, desculpe a palavra. É o playground máximo, um dos pontos principais do Brasil, porque pulsa diversidade. Eu sou apaixonado", conta. Só que a pandemia afetou duramente a vinda de turistas internacionais. Desde o começo dos casos de covid-19, Ciro só acompanhou duas viagens. Por outro lado, a esposa dele, que também é guia, mas trabalha com locais, continuou tendo procura pelos serviços mesmo nesse período. "Mas dentro do país, entre os brasileiros, é uma atividade que só tende a crescer, especialmente depois da pandemia. As pessoas já notaram que estar perto da natureza faz bem para a mente", acredita. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Brazil Birding Experts (@brazilbirdingexperts)Negócios Nos últimos anos, novas empresas relacionadas à observação de pássaros têm surgido na Bahia. É o caso da pousada Aruá Observação de Aves e Natureza, na Praia do Forte, prestes a completar três anos. De acordo com um dos proprietários, Cosme Guimarães, 26, a ideia para a hospedagem familiar com quatro chalés aconteceu por acaso - justamente depois que receberam a visita de um amigo que era observador de pássaros. "Aqui na área, a gente tem catalogadas 150 espécies, sendo que seis são ameaçadas. Começamos com duas suítes, mas teve muita procura e fomos ampliando. O verão foi bom (de 2020) foi bom, mas veio a pandemia e passamos cinco meses fechados", lembra. Cosme e a esposa eram funcionários do projeto Tamar e pediram demissão para conseguir se dedicar totalmente ao empreendimento. Hoje, ele também é um observador. "Quando não tem hóspedes aqui, eu acordo 4h30 da manhã, vou para a mata e faço o estudo das espécies. Meu prazer é tirar fotos, observar e ensinar as pessoas", diz.  A pousada Aruá foi criada pensando nos turistas da observação de pássaros; eles oferecem trilhas (Foto: Divulgação) Os valores da hospedagem começam a partir de R$ 250 (a diária do quarto de casal), na baixa estação. As trilhas são pagas por fora: custa R$ 150 por quarto, mas pessoas que não estão hospedadas podem contratar. 

Quem também acabou empreendendo por acaso foi a arquiteta e fotógrafa Ester Ramirez, hoje proprietária do Lajedo dos Beija-Flores, em Boa Nova. 

Em 2014, ela esteve em uma expedição de observadores que passou por Boa Nova."Fomos encontrar a cidade que é o local com mais aves a serem fotografadas em toda a Bahia. É o hot spot. O mundo conhece Boa Nova e eu sempre digo que a Bahia não conhece Boa Nova, não sabe do seu potencial", analisa. Ester é alagoana e vive em Maceió com o marido. Lá, trabalha no ramo da construção civil. Mas, tendo a observação de pássaros como um 'hobby profissionalizado', decidiu investir na Bahia. 

"Existe um site mundial que chama iBird, que pessoas do mundo todo colocam informações. Houve agora, em 8 de maio, um dia global para contagem mundial das aves durante 24 horas. Aqui no Brasil, foram 7,6 mil hotspots e o meu lajedo, dentro de Boa Nova, ficou em 10º lugar no Brasil, só para dar uma noção do que é isso". 

Boa Nova tem uma particularidade: é uma zona de transição de biomas. É o encontro da Mata Atlântica com a Caatinga, que acaba gerando uma floresta típica chamada Mata de Cipó. Por isso, ali, há tanto aves da Mata Atlântica e da Caatinga quanto desse outro bioma próprio. 

Ao todo, já são mais de 460 espécies de aves registradas apenas em Boa Nova - uma cidade com pouco mais de 12 mil habitantes. Em termos de comparação, a Bahia tem 772 espécies catalogadas, enquanto o Brasil tem 1919. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Ester Ramirez (@esterramirezphotography)Antes, o espaço onde fica o lajedo pertencia a uma pessoa ligada à pecuária."Era um potencial incrível que podia se acabar dentro de 2, 3, 4 anos. O proprietário tinha a parte da pecuária, que não é ruim, mas aquele espaço merecia outro destino.  Era uma área de pasto, mas dentro existe um lajedo de quase 30 hectares", explica a proprietária. No local, além de um grande jardim cheio de flores como bromélias e orquídeas, os beija-flores se destacam. De uma só vez, é possível ver algumas centenas de animais circulando por lá. 

Assim, ela e o marido decidiram comprar a área em 2014. De início, só contrataram um funcionário e cercaram a área para evitar que o gado entrasse no local. Antes, era comum que bois, cavalos e bodes entrassem, pisoteassem e comessem as plantas. 

"Ano passado completou seis anos e a gente achou que era o momento de dar conforto às pessoas. Elas chegavam lá para ver os beija-flores, mas não tinha estrutura. Fizemos um investimento colocando banheiro, uma área coberta para outro jardim além do natural", conta, citando ainda energia solar e o tratamento de esgoto feito de forma sustentável.

O lajedo foi inaugurado em dezembro do ano passado e esteve em funcionamento até meados de março, quando foi fechado pela pandemia. Lá, não há hospedagem. O objetivo é justamente a contemplação, de uma forma que una a observação de aves com a fotografia em primeiro lugar. Ester é considerada hoje uma das maiores fotógrafas de aves do mundo.  

Quando for reaberto à comunidade em geral, o local deve ter valores divulgados. Por enquanto, há um custo para os 'passarinheiros' que eventualmente forem lá passar um dia com eles no local: R$ 300, com direito a usar o espaço do jardim. "Imagine que quando eu comecei, nem pisava depois do meio-fio se fosse mato. Mas meu esposo era conhecedor de aves e a gente gostava de fazer tracking. Ele ia me mostrando as aves e eu tinha necessidade de fotografar. Tinha uma câmera digital dessas pequenas. Registrava, levava para casa, procurava nos livros e saía anotando. Nem sabia que existia essa atividade de birdwatching  (observação de pássaros). Era tudo empírico", conta. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Lajedo dos Beija-Flores (@lajedo_dos_beija_flores)Segundo o prefeito de Boa Nova, Adonias Rocha, a cidade começou a receber observadores de outros países e outras regiões do Brasil há pelo menos três décadas. Mas a fama foi acontecendo principalmente pelo 'boca a boca'. 

"Eles começaram mesmo quando não tinha estrutura nenhuma no município, nem hospedagem. Muitos alugavam carros, alugavam casa e conseguiam guia em outras cidades, como Jequié ou Poções. Mas a partir da criação do parque, o município passou a ter hotéis e alguma estrutura", diz, referindo-se ao Parque Nacional de Boa Nova, criado em 2010 e gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio). 

Ele acredita que o potencial turístico na cidade deve crescer nos próximos anos pela observação de pássaros. A estimativa é de que cerca de 500 pessoas visitem Boa Nova anualmente, só pela atividade. Por isso, no ano passado, foi criado o Conselho Municipal de Turismo e o prefeito tem buscado incluir a cidade em roteiros turísticos. "A gente ainda não tem como mensurar o impacto econômico, porque tem pouco tempo que eles começaram a se hospedar no município. Agora que começamos a oferecer guias, porque antes também não tinha. A permanência deles (dos turistas) era mais na zona rural. Passavam o dia lá e depois viajavam", afirma. Saúde  Um estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra, indicou, em 2017, que observar pássaros faz bem à saúde. A pesquisa, conduzida pelo professor Daniel Cox, mostrava ainda que pessoas que vivem em locais com mais pássaros e aves tinham menor propensão a sofrer de depressão, ansiedade e estresse. 

A enfermeira Elvira Cavalcante, 59, é uma das que consegue sentir isso na pele. Gestora de um hospital particular de Salvador, ela passou o ano de 2020 trabalhando na linha de frente do combate à covid-19 e não podia sair para ‘passarinhar’.

Por algum tempo, sentia quase como se estivesse em abstinência. "Eu ficava: 'minha gente, vou enlouquecer'. Mas, do fim do ano para cá, a gente resolveu que ia dar um basta para renovar as forças. Agora, tem uns três finais de semana que saio seguidamente. Mata de São João, Camaçari. Semana passada a gente pegou o carro e foi até Alagoinhas parando", conta.  Elvira começou a observar e fotografar pássaros sem nenhuma experiência; ela conta que é possível começar até com espécies locais, como essas encontradas no Parque da Cidade, em Salvador: o saíra-sete-cores e o periquito-rei (Fotos: Elvira Cavalcante/Acervo pessoal) Na estrada, se vê qualquer ave se movendo, ela já se acostumou a parar o carro no acostamento para fotografar."Essa atividade me trouxe uma consciência que eu não tinha, uma responsabilidade com o meio ambiente. Você começa a se sentir muito bem no meio do mato e, para a gente que vive uma vida muito estressante, é um momento de total escape da realidade. Você entra num mundo de paz", descreve. Elvira descobriu o hobby com o cunhado, que é médico e também é observador de pássaros, há pouco mais de cinco anos. Numa viagem ao Pantanal, ela percebeu que ele saía de madrugada para fotografar. 

"Num dia, vi uma ave distante e mostrei para ele. Perguntei qual era, mas ele não conseguia ver. Eu fotografei e mostrei a ele, que disse que eu devia fotografar. Não sou bióloga, não sou ornitóloga, mas o bichinho me pegou de jeito”, completa. 

Quer observar pássaros? É possível começar até no quintal de casa

Se depois de ler tudo isso, você sentiu vontade de sair por aí ‘passarinhando’, mas não sabe por onde começar, não se desespere. O CORREIO pediu que os observadores entrevistados listassem algumas dicas para quem quer se aventurar nesse hobby. A primeira talvez não seja tão óbvia quanto pareça: observe. De onde estiver. Você não precisa viajar para encontrar pássaros para observar ou fotografar. É possível fazer isso no quintal ou na varanda de casa, ou mesmo na sua rua. Locais como o Parque da Cidade também são ricos em espécies de aves locais.  Para encontrar as aves, não basta apenas ficar olhando para as árvores e entre as folhas. Recorra também à audição: preste atenção aos sons ao redor. É bem possível que tenha algum passarinho cantando ali.  Quer que os pássaros venham até sua casa? Tem gente que costuma deixar um bebedouro na varanda, para que eles possam beber água. Algumas espécies se atraem por pedaços de frutas ou sementes.  Qual equipamento? Ninguém precisa começar com uma grande câmera profissional. Muitos observadores iniciaram no hobby com câmeras digitais que muita gente tem em casa. Se você só tem um celular, não desanime. Mas saiba que pode ser muito difícil ter imagens com qualidade porque a ferramenta de zoom dos aparelhos é mais limitada.  O melhor horário para observar os pássaros é logo cedo, nas primeiras horas da manhã. É quando eles estão se movimentando, saindo para comer. Por isso, não se assuste se ouvir de 'passarinheiros' mais experientes que saem de casa às 4h30 da manhã.  Busque alguém para lhe fazer companhia. Sair com mais uma ou duas pessoas ainda é tranquilo, especialmente se você não conhece a região ou não tem costume.  Se você vai para a mata, é recomendado vestir roupas discretas, em cortes parecidas com as da mata. Para algumas espécies, ver algo que destoa muito da mata pode representar perigo. Assim, é possível que o pássaro que você queira observar não se aproxime. Além disso, é preciso evitar qualquer coisa que estresse os animais. Use calçados tipo botas, porque é possível encontrar bichos como cobras e aranhas pelo caminho.  Evite usar perfumes fortes na mata, porque esses cheiros podem atrair abelhas.  Se for viajar, antes de sair, pesquise as espécies daquela região. Procure fotos - a plataforma mais conhecida no brasil é o Wikiaves, onde também dá para baixar os sons das espécies.  Se está na mata à espera de uma espécie específica, pode colocar para tocar o som daquele pássaro. Mas não abuse dessa possibilidade porque, em excesso, também pode provocar estresse.  Alguns observadores com mais experiência usam até mesmo equipamentos como capas para se camuflar (Foto: Ricardo Lopes Oliveira/Acervo pessoal) Os 15 municípios da Bahia com mais espécies registradas, de acordo com o WikiAves:

Pos.    Município    Espécies 1º    Boa Nova/BA    429 2º    Poções/BA    388 3º    Jequié/BA    385 4º    Itacaré/BA    375 5º    Porto Seguro/BA    370 6º    São Desidério/BA    345 7º    Ilhéus/BA           320 8º    Camacan/BA    309 9º    Ituaçu/BA    289 10º    Santa Cruz Cabrália/BA    288 11º    Mata de São João/BA    284 12º    Caatiba/BA    278 13º    Camaçari/BA    274 14º    Ibirataia/BA    262 15º    Entre Rios/BA    255

Alguns perfis de observação de aves para seguir no Instagram  @zoonaldo @esterramirezphotography @lajedo_dos_beija_flores @ciroalbano @brazilbirdingexperts @aruaavesenatureza