Os blocos mais disputados da folia: Esgotado, domingo no Camaleão saiu a quase R$ 1.100

Vumbora, Nana, Coruja e Blow Out também integram lista dos mais vendidos nas centrais

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 05:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Camaleão, de Bell Marques, é o bloco mais procurado pelos foliões (foto: Arquivo Correio)

Mesmo com o aumento de grandes estrelas saindo em trios sem cordas, os blocos ainda são parte vital da economia de sucesso do carnaval soteropolitano. A maior prova disso é o aumento de quase 50% entre o ano passado e este nas vendas de abadás do grupo San Folia, que tem seis blocos voltados para o público gay, entre eles o Coruja, esgotado na segunda-feira com Ivete Sangalo. Segundo dados da Central do Carnaval, principal point de comércio de abadás, o crescimento total de vendas dos 16 blocos que cuidam foi de 3% nesse mesmo período. 

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Por lá, o domingo no bloco Camaleão, com Bell Marques, esgotou um mês antes da festa, ainda no final de janeiro. O Camaleão, junto com o Vumbora, Nana, Coruja, Blow Out e Me Abraça, integra a lista dos campeões de vendas na folia. De acordo com Márcio Egberto, que há 17 anos vende abadás, a procura pelo bloco Eva foi o que mais lhe surpreendeu este ano, com o sábado já indisponível. Na Central do Carnaval também não tem mais. Márcio atribui a alta à comemoração de aniversário de 40 anos da banda liderada por Felipe Pezzoni.

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Disparado como o mais buscado, o Camaleão já estava nas mãos de Davi Pimenta, 37, em setembro do ano passado. Fã de Bell, o folião baiano não quis arriscar ficar de fora e, com a certeza de que curtiria em Salvador, garantiu logo o pacote de três dias por cerca de R$ 2.500. Cada dia, portanto, ficou em torno de R$ 830. Na Central do Carnaval, o último preço do bloco, só para o domingo, foi de R$ 1.090. Os outros dois dias estão a R$ 890 cada. Somados os valores atuais, a economia foi de mais de R$ 370.“Eu já estou acostumado aos valores do bloco. Acho que temos que valorizar mesmo o artista e quem é fã não se preocupa tanto com valor porque o que vale é a emoção. A gente sempre dá um jeito, divide em até 10x”, brinca ele.Funcionário da indústria petroleira, Davi diz que gosta de passar o cCarnaval em todos os espaços possíveis, da pipoca ao camarote, mas os blocos têm sua preferência porque dá para acompanhar de perto o artista que mais gosta. “Para mim, o verdadeiro Carnaval é o de pé no chão, na rua. Eu curto festas no país todo, camarote tem em todo lugar. É legal também, tem suas vantagens, mas não gosto muito de ficar preso, prefiro passear e encontrar gente, estar no meio do povo”, conta, animado.

Davi economizou mais de R$ 370 ao comprar abadá do Camaleão antecipadamente (foto: Arisson Marinho)

Recorde: Público gay

Sócio da San Folia, José Augusto de Vasconcelos diz que as vendas do grupo bateram recordes esse ano. Responsável pelos blocos Blow Out, Coruja, Crocodilo, Largadinho, O Vale e Uau, puxados pelas divas Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Alinne Rosa, o San Folia está há apenas quatro anos colocando trios nas ruas, e Vasconcelos explica que o disparo pela procura pode estar relacionado ao fato de Salvador estar se tornado um destino cada vez mais gay friendly. 

Segundo ele, a questão da insegurança pela qual vem passando o Rio de Janeiro, dono do principal Carnaval concorrente, contribuiu para a vinda de mais gente para cá. Além do mais, a cidade é governada pelo pastor evangélico Marcelo Crivella que, em 2019, tentou censurar um quadrinho contendo uma cena de beijo entre um casal de homens. “A gente tem percebido esse aumento do público gay vindo para cá e estamos buscando reforçar o fluxo para, mais para frente, atrair também os turistas internacionais”, afirma Vasconcelos. 

Ou seja, se os gringos vierem pular nos blocos gays, as vendas podem saltar ainda mais. O empresário estima que atualmente 80% dos compradores de abadás do San Folia são brasileiros de fora de Salvador. Outra explicação para o sucesso dos blocos gays está no fato de eles se tornarem ponto de encontro para o público homoafetivo. Vasconcelos diz, ainda, que é onde a galera reconhece a sua própria tribo, o que facilita a paquera. 

Entre os blocos mais vendidos estão sempre o Coruja e o Blow Out, os carros-chefe. O último preço da segunda-feira, esgotada com Ivete Sangalo no Coruja, saiu a R$ 780. Bem vendido, o bloco Blow Out, que sai na sexta-feira com Claudia Leitte, está por R$ 550 e deve ser o próximo a evaporar. Este bloco inclusive, começou a desfilar em 2017, auge da crise carnavalesca baiana, quando nomes tradicionais como o Cheiro, Yes e Nana decidiram não sair.

Mais em conta

Com opções a partir de R$ 160, a Central do Carnaval reúne uma diversidade de blocos. Esse mais em conta é o Amor e Paixão, nesta sexta-feira (21), na Barra-Ondina, com três atrações, entre elas o sambista Nelson Rufino com participação de Dudu Nobre. Para quem curte em família, a alternativa é o bloco Happy, no sábado, com Gilmelândia e Tio Paulinho, por R$ 250 o par de abadá (criança + responsável).

Entre os blocos afro, o mais vendido este ano na Central foi o do Olodum, que completa 40 anos. A entidade desfilará dois dias, uma vez no Campo Grande e outra na Barra. Primeiro trio a sair no domingo na Barra, o Olodum está custando R$ 400 neste dia. Ameaçando esgotar, o Vumbora, também no domingo, está por R$ 250 com Rafa e Pipo Marques na Barra.“Todos os anos a gente trabalha com muitos produtos, entre blocos e camarotes. Não temos como garantir o que estará disponível, o que especificamente ainda dará para comprar daqui para lá porque é difícil prever, mas nós vamos continuar vendendo até a terça-feira de Carnaval”, explica Joaquim Nery, empresário à frente da Central do Carnaval.Segundo ele, 60% do público comprador de abadás é baiano e os outros 40% é turista, maioria deles vindos de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Nery defende que os blocos ainda são grandes ativos do carnaval soteropolitano porque oferecem a experiência de acompanhar os artistas favoritos mais de perto e com mais comodidades, como banheiro, por exemplo. “Além disso, quem escolhe bloco quer ser parte de um corpo. É o caso do Camaleão, por exemplo. A pessoa quer ser um Camaleão, um elemento da festa”, explica.

Esgotou! E agora?

Se o bloco já não está mais à venda nos canais oficiais, tome alguns cuidados se resolver comprar na mão de cambistas ou através de ofertas em redes sociais e sites como OLX. Grande parte dos abadás mais procurados custam caro e as precauções são necessárias, já que as falsificações existem. Em 2018, duas pessoas foram presas pela Polícia Militar pela prática desse crime. A dupla estava com 11 camisas falsas do Bloco Nana sendo vendidas no bairro de Patamares. Para evitar dores de cabeça, confira as dicas dos vendedores Márcio Egberto e Alexandre Araújo para comprar abadá seguro:Busque referências do vendedor: Como em qualquer compra importante, é necessário buscar informações sobre o vendedor. Solicite as redes sociais ou site da pessoa e faça sua própria análise se é confiável. Veja se vocês têm amigos em comum e procure saber se algum conhecido já adquiriu abadás com esse vendedor. Outro elemento que pesa muito na credibilidade é se a pessoa tem ou não stand de venda em shoppings ou feiras de abadás. Faça o reconhecimento do abadá: Peça uma foto da pessoa ao lado da camisa. Observe a estética para verificar se é idêntica a que o bloco está divulgando. Blocos que costumam desfilar mais de um dia têm cores diferentes para cada data. Confira se a cor que está sendo vendida é correspondente ao dia que você deseja ir. Informe-se com o bloco se há exigência de pulseira de acesso e verifique se ela está vindo com a camisa. Alguns abadás, como o do Camaleão, vêm com chip de segurança acoplado no símbolo. Retire em local público: Se as dúvidas permanecerem, solicite a retirada em um local público, como os próprios shoppings que fazem entrega de abadás. Assim, você pode ir até uma loja oficial e pedir que um balconista faça a conferência da autenticidade.  Evite dinheiro em espécie: Andar com muito dinheiro por aí nunca é seguro. Evite pagar o seu abadá em espécie e prefira o cartão de crédito ou a transferência bancária. O CORREIO Folia tem o patrocínio do Hapvida, Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio do Salvador Bahia Airport e Claro.