Os Kardashian de São Caetano: a história de Abner e Sthe no reino digital

Casal de São Caetano virou fenômeno em família nas redes

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 11 de janeiro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Sora Maia/CORREIO

Eles adoravam provocar um ao outro. Os vídeos de pirraças entre o casal Abner Pinheiro, 20, e Sthefane Matos, 21, os fizeram famosos na internet. A brincadeira virou profissão e fez deles dois dos maiores influenciadores digitais de Salvador, somando 4,2 milhões de inscritos no canal que têm no YouTube. O sucesso respingou em parentes e amigos de ambos e a vida da galera virou um reality show familiar nas redes. Mesmo assim, a turma ainda é um fenômeno de popularidade em uma bolha da qual muita gente desconhece.

Andando para casa debaixo de sol, dois primos e seguidores colocam em dia os últimos lances da trama familiar que acompanham há pelo menos três anos. “Abner sumiu, desativou o Instagram e a família ficou desesperada, fazendo campanha para achar ele”, conta Marina Reis, 15, em caminhada ao lado do primo Márcio por São Caetano, bairro onde Abner e Sthefane, a Sthe, se conheceram. (Foto: Sora Maia/CORREIO) De um dia para outro, a onda de atenção que um dia envolveu o enigma “Quem matou Odete Roitman?”, eternizado nos anos 1980 pelo sucesso da novela global Vale Tudo, ganhou proporções parecidas quando os internautas se perguntavam “Onde está Abner?”. Na madrugada de Ano-Novo, o influencer deu um tempo em off, preocupando pais e fãs, que movimentaram as redes e a imprensa para ajudar a encontrá-lo. 

Mesmo com dois milhões de seguidores, muita gente não fazia ideia de quem ele era. Nas pesquisas do Google, o termo “Abner” teve pico de busca nos três primeiros dias do ano. A expressão mais buscadas foi “Quem é Abner”. No site do CORREIO, a notícia sobre o sumiço do influencer gerou 738 mil acessos, tornando-se a terceira mais lida durante uma semana e levando o jornal a procurar respostas sobre o fenômeno por trás do clã Matos Pinheiro.

Origem de tudo Hoje separados, Abner e Sthe se conheceram quando cursavam o ensino médio no Colégio Estadual Desembargador Pedro Ribeiro, há cinco anos. No final de 2015, criaram um canal no YouTube, onde começaram a postar trollagens —  gíria da internet usada quando se prega peças em alguém. Nos vídeos que produziam, os namorados trollavam um ao outro e também os familiares. 

No princípio, o conteúdo era focado em pegadinhas, como jogar pó na cara de outros após o banho ou provocar medo com réplicas de animais peçonhentos, esperando reações histéricas. As brincadeiras incluíam assustar os pais de ambos, fingindo que estavam usando drogas ou que foram feridos em um assalto. Ou tentando enganá-los com atestado falso de gravidez. “Eu me divertia muito, achava engraçado ver o desespero”, diz Marina Reis, que os assiste até hoje. 

Coordenador do colégio onde o casal estudou, o professor Sandever Barreto lembra que, como alunos, Abner e Sthe movimentavam a comunidade escolar em torno das gravações. “Na época, eles incentivavam a todos. Diziam: ‘Vamos fazer vídeo para o YouTube, podemos ganhar dinheiro’”, lembra, aos risos. Barreto diz que hoje quase todos os estudantes da instituição sabem que eles foram “crias” da unidade.  (Foto: Sora Maia/CORREIO) Ano passado, os influencers foram à festa de São João da escola, onde foi forte o assédio ao casal de ex-alunos regulares nas disciplinas, mas CDFs em YouTube. Ex-colega de ambos, Joilson Júnior lembra que tudo começou de forma rudimentar.“Eles eram muito humildes, o celular não era bom para gravar”, lembra.Para os professores, tratavam-se de brincadeira de adolescentes que tumultuava aulas. Vendo onde os meninos chegaram, Barreto mudou de opinião: “Vejo fonte de renda e ferramenta pedagógica indispensável nos dias atuais”. O casal que deu início ao canal, Abner e Sthe, com o filho, Apolo. Em viagem a São Paulo, Sthefane não pode participar das fotos. (Reprodução/Instagram)   Agora, o canal do ex-casal soma mais de 291 milhões de visualizações. Espectador desde o início, o colunista social Tony Alves, o Tony Fofoqueiro, conta que ambos cresceram na plataforma e conseguiram migrar a audiência para o Instagram, sustentando presença nas duas redes. 

Desde então, ganharam notoriedade os pais de Abner, Elionai e Tony Pinheiro, os irmãos dele, Eliabe e Keila, e a mãe de Sthe, Andreia Ribeiro, além de amigos em volta. Só Sthe coleciona mais de 3,8 milhões de seguidores no Instagram, seguida de Abner, com 2,1 milhões. Elionai tem 922 mil, e Alesson, melhor amigo da influencer, tem mais de 750 mil.

LEIA A SEGUNDA PARTE DA REPORTAGEM SOBRE A MUDANÇA DE PATAMAR DA FAMÍLIA