Oscar Motomura acredita na força do coletivo para mudar o mundo

Fundador do Grupo Amana-Key usou o exemplo do ‘mutirão’ para explicar como é possível ‘viabilizar o impossível’

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  • Andreia Santana

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 23:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

No mundo da ultraconexão, o indivíduo é cada vez mais poderoso. Mas, as mudanças profundas só se realizam com a força do coletivo. Para as transformações ocorrerem, é preciso ainda um alinhamento de intenções e por interesse comum. Essa equação foi apresentada nesta quarta, 27, pelo especialista em gestão, estratégia e liderança, Oscar Motomura, durante a conferência de abertura do seminário Conexões, último evento do ano do Fórum Agenda Bahia.

Motomura, que é fundador do Grupo Amana Key, empresa especializada em inovação e que oferece um programa de preparação de líderes que é referência nacional, apresentou no auditório lotado do Senai Cimatec, em Piatã, o tema ‘Liderança Integrativa e a Viabilização do Impossível’. Para ele, esse ‘impossível’ se torna viável a partir das conexões e estratégias individuais que servem ao coletivo.

“Os indivíduos têm cada vez mais força, são mais poderosos, porque uma ação pode viralizar e mudar um país. Mas, é preciso que essa iniciativa individual não seja egoísta. E sim, atue para o bem comum”, afirmou o ‘mestre’, como ele é chamado por admiradores e alunos do Amana Key.

Para ilustrar o impacto positivo que as mobilizações coletivas possuem, o especialista citou o exemplo dos mutirões populares, quando comunidades inteiras se unem para construir casas ou recuperar áreas degradadas. Ele exibiu para o público o vídeo sobre uma ação dessas realizada na Estônia, país europeu que integrou a antiga União Soviética e hoje é um dos grandes exemplos mundiais de empreendedorismo.

Na Estônia, contextualizou Motomura, os moradores de uma cidade tinham o hábito de jogar todo o lixo na floresta. De eletromésticos quebrados a resíduos orgânicos ou mesmo aqueles que poderiam ser reciclados, tudo ía parar na mata. Até que um morador resolveu mobilizar os vizinhos para uma limpeza geral. 

Da ação dessa única pessoa, nasceu um movimento chamado Let´s do it (vamos fazer isto, na  tradução do inglês),  que se espalhou pelo país e depois alcançou outras nações europeias. Em um dos primeiros eventos do Let´s do it, chamado ‘Vamos limpar o país’, os estonianos chegaram a recolher 10 mil toneladas de lixo em diversas cidades. Auditório do Senai Cimatec ficou lotado para a palestra de Motomura (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Exemplos positivos

Outro exemplo apresentado por Motomura, que segue um estilo de palestra menos ortodoxo e mais focado em inspirar os ouvintes com histórias transformadoras - ele, inclusive abriu mão do palco e ficou no chão, próximo à plateia -, mostrou como o Serviço de Saúde Pública da Inglaterra, que era recordista em reclamações, se transformou em referência no atendimento, ao reunir diversos grupos de profissionais dos hospitais britânicos para realizar  ações benéficas para os pacientes.

 "Os grupos se articularam por um site, usando o poder da tecnologia estabelecer conexões. Eles estabeleceram uma meta de criar 65 mil grupos, mas hoje já são mais de 130 mil", detalhou.

Esse ‘conceito do mutirão’, segundo Oscar, deve ser levado para as organizações, sejam empresas privadas ou entidades públicas, que precisam  aprender a somar a força dos colaboradores para a construção de soluções sustentáveis para situações complexas.

As três forças transformadoras que ‘viabilizam o impossível’: o coletivo, o individual altruista e o alinhamento por um interesse  comum, ainda de acordo com Oscar Motomura, são formas de elevar o nível de consciência social.  "Porque o coletivo não pode ser traduzido só como minha  própria família, cidade ou país e o resto que se dane. Hoje, temos de pensar no bem comum em esfera global", defende.

Provocando os ouvintes a pensarem em soluções para ‘equações impossíveis’ no Brasil atual, ele ainda sugeriu que os debates  que mobilizam as redes sociais e geram até inimizades saiam da superficialidade e da polarização e estabeleçam conexões reais para que as mudanças sejam sistêmicas (que afetam o todo).

Após a palestra, Oscar Motomura   respondeu perguntas da plateia  e participou de um debate ao lado do inventor argentino Gino Tubaro. Nas considerações finais, ele lembrou aos presentes para "furarem o bloqueio da inércia: "Encarem os desafios difíceis não como impossibilidades, mas apenas como desafios que podem ser transpostos".

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