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Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 16:18
- Atualizado há 2 anos
Os encontros de finais de semana entre pai e filho foram interrompidos por pelo menos dois tiros: um no tórax e outro no pescoço. Pai e filho não se viam há cerca de 10 dias e costumavam se encontrar aos finais de semana para cantar e assistir músicas de rap juntos na internet.>
O pai do adolescente não teve a chance de se despedir. Ele, que é segurança numa empresa privada, estava trabalhando quando o filho foi atingido a tiros e morto, na Rua Professor José Santana, na noite dessa terça-feira (29), no bairro do Uruguai, na região da Cidade Baixa, em Salvador. >
O adolescente de 14 anos morava com a mãe e era estudante da 5ª série do ensino fundamental. Ele ainda chegou a ser socorrido com vida por um tio para o Hospital Geral do Estado (HGE), com marcas de tiro no tórax e pescoço, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde.>
Segundo o boletim de ocorrências registrado no posto policial do HGE, dois homens armados dispararam contra os jovens a bordo de uma moto não identificada. O pai, no entanto, apresentou outra versão ao CORREIO.>
Durante a espera pela liberação do corpo do filho na manhã desta quarta-feira (30), no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLRN), ao lado de sua ex-esposa, ambos visivelmente abalados, o segurança informou que a ação que tirou a vida de seu filho partiu de três carros pretos com homens armados que segundo ele, trata-se de uma ação recorrente de policiais disfarçados no bairro.“Tem testemunhas, foram três carros pretos que já chegaram, abriram a porta do carro e saíram atirando em todo mundo. Meu filho estava com o amigo e mais algumas pessoas. Alguns conseguiram correr e não foram atingidos. Meu filho era um menino de bem, gostava de futebol e de música, era estudante”, contou o pai do adolescente. O menino morava com a mãe e mais cinco irmãos no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa. O pai, no entanto, é morador do Lobato e costumava manter contato com o filho pelo celular para marcar os encontros.>
“A gente se encontrava sempre aos finais de semana e ficava cantando e dublando músicas de rap, era o que ele gostava muito", lembrou.>
O pai contou também que o adolescente tinha uma boa relação com as pessoas do bairro, além de lembrar que sempre aconselhava o filho para não ficar na rua até tarde, para evitar que fosse confundido com bandidos.>
“Todo mundo gostava dele, era muito carinhoso. Ele jogava bola com os meninos na rua, tinha amizade com todos. Era uma criança tranquila e não tinha nada contra ninguém para fazerem isso com ele. Como ele morava com a mãe, sempre que nos víamos eu aconselhava ele para não ficar na rua até tarde”, explicou.>
Em nota, a Polícia Militar informou que policiais da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai) foram acionados durante a madrugada de quarta-feira (30) para atender uma ocorrência de disparos de arma de fogo na Rua Gelásio de Farias, no bairro do Uruguai. >
Ainda conforme a nota, ao chegar no local, a equipe foi informada de que duas vítimas foram socorridas para o HGE e que rondas e buscas foram realizadas no local, mas até o momento ninguém foi preso. A autoria e motivação serão investigadas pela Polícia Civil.>
A respeito da denúncia do pai, sobre a atuação de policiais no bairro, a Polícia Militar informou que a orientação é que a família registre o fato na Corregedoria da Polícia Militar que fica situada na Rua Amazonas, 13, Pituba, a fim de formalizar o registro da queixa para que seja realizada a devida apuração.>