Pai é indiciado por homicídio triplamente qualificado pela morte do filho no DF

Corpo do garoto foi abandonado na Bahia; mãe diz que espera que ele seja psicopata

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  • Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 16:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver pela morte do filho, Bernardo, de 1 ano e 11 meses. Paulo Roberto sequestrou o filho no Distrito Federal, onde moravam, em 29 de novembro. Depois de dar remédios controlados que acabaram matando a criança, ele fugiu para a Bahia, onde abandonou o corpo de Bernardo.

Paulo foi preso em Serrinha em 2 de dezembro e confessou o crime. Dias depois, o corpo de Bernardo, na cadeirinha veicular, foi achado por um morador em Palmeiras, na Chapada Diamantina.

O inquérito sobre o caso já foi concluído pela Polícia civil e será encaminhado para a Justiça ainda hoje, segundo o delegado Leandro Ritt, que esteve à frente das investigações.

A mãe de Bernardo, Tatiana da Silva, disse que espera que agora seja feita justiça pelo seu filho. "O que eu podia fazer eu fiz, agora é com o Paulo e a Justiça. Eu quero acreditar que ele é psicopata, porque vai ser pior se ele tiver feito isso por pura maldade", afirmou ela ao G1 DF. Mãe com Bernardo (Foto: Reprodução) Para o delegado, o suspeito pode ser condenado à pena máxima, que é de 30 anos. "Por experiência e pelas dosimetrias aplicadas por juízes do Tribunal do Júri no DF, a pena dele deve se aproximar do limite máximo, de 30 anos", crê.

O defensor de Paulo, Luciano Martins, diz que vai esperar a denúncia do Ministério Público para analisar um pedido de transferência do cliente para a ala psiquiátrica da Penitenciária da Papuda. 

Paulo já passou 10 anos internado em uma ala psiquiátrica por ter matado a mãe, em 1992. Ele foi considerado inimputável, ou seja, sem condição de responder pelo crime. 

A defesa de Paulo afirma que vai tentar que ele seja considerado psicopata no julgamento. ""Não defendo que ele não pague pelo crime. O Paulo é psicopata, doente mental, e ainda é réu confesso", disse Martins. "Então, a linha de defesa é para que ele seja julgado, como prevê a lei, de acordo com as limitações dele", explica o defensor.

O crime Com base no depoimento do assassino confesso, a polícia chegou a fazer 100 km de buscas a partir de São Desidério, no oeste da Bahia, e não encontrou o corpo de Bernardo. O delegado Leandro Ritt, titular da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) do DF, afirmou ao Correio Braziliense que acreditava que Paulo Roberto não queria que achassem o corpo, para aumentar o sofrimento da ex-mulher e da ex-sogra. 

“Os policiais foram 50 km adiante da cidade (São Desidério), rumo a Salvador, e 50 km no caminho inverso. No total, foram 100 km de buscas infrutíferas, pois ele indicou o local errado de onde a criança foi deixada. Desde o princípio, o objetivo de Paulo era perpetuar o sofrimento da mãe de Bernardo e da ex-sogra para que elas, realmente, nunca mais vissem o menino. Ele não quer que o corpo seja encontrado”, explicou na ocasião. Cadeirinha similar a de Bernardo foi achada com corpo (Foto: Divulgação) Sequestro Na sexta-feira passada, Paulo Roberto, que trabalhava como agente de estação no Metrô de Distrito Federal, pegou o filho na creche. Ele deu um suco de uva misturado com medicamentos à criança, que acabou dormindo. A suspeita da polícia é que o garoto tenha acabado morrido intoxicado.

Depois, Paulo Roberto colocou o menino no carro e saiu dirigindo em fuga. Ele diz que abandonou o corpo da criança pouco depois de chegar à Bahia. O suspeito foi preso em Alagoinhas. Ele confessou que cometeu o crime para se vingar da mãe da criança e da ex-sogra, Juciane Mascarenhas Nascimento, 57.  Paulo Roberto matou a mãe em 1992 (Foto: Reprodução) Para o delegado, o servidor afirmou que ficou irritado porque a ex entrou na Justiça em 29 de agosto pedindo pensão alimentícia para Bernardo. Ele alegou que estava passando por uma "fase bem difícil", especialmente depois da morte do pai, e disse que a ex não precisava de dinheiro.

“Não foi só pela pensão, tiveram outros fatores. Ele relatou desrespeito e humilhação. Então, o que parece é que as frustrações se acumularam e acabaram nessa tragédia. A principal impressão é de que ele preparou tudo e tinha, sim, a intenção de matar. Ele pensou em um assassinato indolor ao filho, pois, na cabeça dele, nutria uma afeição pelo menino”, diz Ritt.

Para o delegado, Bernardo morreu já no dia em que foi levado pelo pai. Ao chegar na casa do servidor, a polícia encontrou muito vômito da criança espalhado no local. “Ele nutre um ódio muito forte pela mãe do garoto, mas, sobretudo, pela ex-sogra. Acredito que esse sentimento provocou uma ira tão grande que a afeição que ele sentia pela criança foi deixada de lado. Tudo isso para colocar essas pessoas em um profundo sofrimento”, acrescenta o delegado.Mensagens A mãe do garoto está em busca da criança desde a sexta, quando Paulo Roberto levou Bernardo. No domingo, foi ele quem entrou em contato com a ex através de mensagens. Tatiana implorou para que o servidor devolvesse Bernardo.

“Paulo, a gente sempre tentou manter contato e uma amizade com você. Você nunca quis. A gente sempre quis estar presente com o Bernardo, sempre fizemos tudo. Como você faz uma coisa dessas? O negócio é dinheiro? Pode ficar com o seu dinheiro, eu não preciso dele, não. Só quero meu filho", diz uma das mensagens.

Paulo respondeu dizendo que ela nunca mais veria o filho."Boa sorte pra você. Espero que sofra muito. Eu falei que, no dia que você se metesse entre eu e o meu filho, eu ia passar por cima de você. Agora, você está entendendo o recado? Você não vai ver Bernardo mais nunca. Você vai morrer sem vê-lo".Morte da mãe Paulo Roberto de Caldas Osório ficou internado na ala psiquiátrica da Penitenciária da Papuda, em Brasília, por 10 anos, por ter assassinado a própria mãe. 

Ele tem esquizofrenia e toma medicamentos controlados. A mãe do menino diz que não sabia do passado do ex-companheiro. Ela só soube da história após conversar com os vizinhos de Paulo, enquanto procurava pelo filho.

Segundo informações do G1, na época em que matou a mãe, em 1992, ele foi considerado inimputável, ou seja, não tinha condições de responder pelo crime devido ao seu transtorno mental. Apesar disso, ele foi aprovado no concurso do metrô, que exige avaliação psicológica.

Paulo estava afastados do seu trabalho por 60 dias, devido a uma licença psiquiátrica. Ele atua como agente de estação. A companhia do metrô disse que não comentaria sobre o caso.

"A Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) informa que Paulo Roberto Osório é empregado da empresa e não comentará o assunto, uma vez que os fatos narrados não se relacionam com suas atividades na Companhia", disse em nota.