Pandemia: 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de ir ao médico ou fazer tratamento

Tema será abordado ao vivo no programa Saúde & Bem-Estar desta terça (10)

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  • Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 10:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Se so homens já evitavam ir ao médico, o isolamento social o afastou ainda mais dos serviços de saúde. Pesquisa inédita realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico em função do surto da Covid-19.  Com a pandemia em curso, 57% desse grupo acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde, incluindo 9% que consideravam que a sua saúde estaria pior do que antes. Sobre o impacto do novo coronavírus na vida de uma forma geral, 88% desses homens afirmaram terem sido afetados, sendo que 37% relataram ter afetado muito. 

O efeito desse abandono dos homens aos serviços de saúde será discutido nesta terça-feira (10) no programa Saúde & Bem-Estar às 18h no Instagram do jornal CORREIO (@correio24horas). O proggrama é apresentado pelo jornalista Jorge Gauthier (@jorgegauthier).

Jorge conversará com o médico Augusto Modesto (@dr.augusto_modesto) , que é coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) da Bahia. Augusto é urologista e também é coordenador científico e preceptor do Fellow em uro oncologia do Hospital Aristides Maltez; preceptor da residência médica de urologia do Hospitais São Rafael - (HSR /Rede D’or); Urologista do centro estadual de oncologia (CICAN); professor da UNIME ( curso de Medicina) e coordenador do internato do 5º da instituição no Hospital Aristides Maltez (HAM). Além disso, é urologista e diretor da Clínica Urológica da Bahia ( CUB), coordenador do Grupo de Uro Oncologia da Bahia ( GRUOBA) , membro da European Urological Association (EAU) e membro da American Urological association (AUA).  Pesquisa A pesquisa on-line abrangeu 22 estados da federação, inclusive a Bahia, e teve 499 participantes. Acadêmicos de medicina de diversas cidades do país auxiliaram para a coleta de dados. Dos entrevistados, 75% tinham mais de 40 anos, 77% eram do sexo masculino, 2,18% já tiveram um diagnóstico de câncer de próstata e apenas 6% admitiram que, habitualmente, não cuidavam ou não se importavam com a sua saúde. 

Sobre a impressão individual de que as pessoas estariam indo menos ao médico ou fazendo menos os tratamentos, 81% de todos os entrevistados consideraram que sim. Vinte e três porcento dos participantes da pesquisa relataram ter encontrado dificuldade de acesso ao procurar por consultas ou tratamentos médicos durante a pandemia e 40% disseram que não procuraram.  

Dos pacientes masculinos (de todas as idades), 33% relataram ir regularmente ao urologista e 3% afirmaram que nunca consultariam esse especialista, demonstrando que ainda existe resistência em relação aos cuidados com a saúde urogenital. Para 92% de todos os entrevistados, no entanto, a campanha Novembro Azul de conscientização sobre o câncer de próstata é útil ou importante. 

De acordo dados levantados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) junto aos principais serviços de referência do país, nas redes pública e privada entre março e maio, no Brasil houve uma queda de 70% das cirurgias oncológicas e de até 90% das análises de biópsias, estimando-se que 50 mil brasileiros deixaram de receber diagnóstico de câncer nesse período.  

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente para 2020 são esperados 65.840 novos casos, com 15.576 mortes relacionadas (Atlas de Mortalidade por Câncer, 2018).  Na Bahia são estimados 6.130 novos casos para este ano, porém podem não ser diagnosticados a tempo por conta do isolamento social.  Pensando nessa realidade que envolve a importância da obtenção do diagnóstico precoce e da continuidade do tratamento, mesmo em tempos pandêmicos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza no mês de novembro mais uma edição do Novembro Azul, que visa conscientizar os homens sobre a sua saúde. 

De acordo com o presidente da SBU, o urologista Antonio Carlos Lima Pompeo, é muito importante que os homens tenham acesso à informação se são do grupo de risco, quando devem procurar o médico e quais problemas podem acometê-los por meio de campanhas educativas como o Novembro Azul. “A SBU realiza ações de esclarecimento da população sobre o câncer de próstata desde 2004 em novembro, pois dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata”, diz. 

Para o presidente da SBU-Seção Bahia Lucas Batista, a campanha tem aspectos positivos não apenas pelo aumento do diagnóstico precoce da doença, mas pela mudança do comportamento do homem em relação aos cuidados com a saúde. “O Novembro Azul vem quebrando tabus ao longo dos anos e conscientizando mais o público masculino sobre a necessidade de realizar exames de rotina. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de até 90% dos casos”, afirma  

Dentro desta perspectiva de diálogo com a sociedade, foi programada uma série de ações on-line e presenciais de esclarecimento do público. Acontecerão lives nas redes sociais do Portal da Urologia (@portaldaurologia), contando com a participação de especialistas e convidados. Serão produzidos programas semanais de podcasts para a Rádio SBU abordando o tema. As redes sociais, assim como o Portal da Urologia (www.portaldaurologia.org.br), também terão conteúdos voltados ao público, com objetivo de explicar, desmistificar e trazer informações de qualidade sobre o câncer de próstata. 

Câncer e outras doenças da próstata 

Do tamanho de uma castanha e localizada abaixo da bexiga, a principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Ao longo da vida a glândula pode desenvolver três doenças: a prostatite (inflamação), a hiperplasia prostática benigna – HPB (crescimento benigno) – e o câncer. 

O câncer, por sua vez, não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado se diagnosticado precocemente. “Ao apresentar sintomas significa já estar numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen”, alerta o vice-presidente da SBU-Bahia, Humberto Ferraz. 

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. A recomendação da SBU é que os homens, a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação.