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Do Estúdio
Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Máscara no rosto, álcool sempre à mão e atenção ao distanciamento. Mas não só isso. A pandemia imprimiu novos hábitos de comportamento que vão muito além da etiqueta respiratória ou da higiene pessoal. >
Em nove meses, um novo estado de normalidade se configurou e, hoje, nos relacionamos de forma diferente uns com os outros e isso passa por todos os campos da vida em sociedade: família, trabalho, estudo, saúde, lazer e, claro, também pelo consumo. >
As compras on-line dispararam e alguns segmentos do e-commerce, como os de alimentos, bebidas, beleza e saúde, tiveram um crescimento de mais de 180% nas vendas nos últimos meses, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). >
Surgiram novas prioridades e diferentes necessidades, o que exigiu de empresas e negócios jogo de cintura e adaptação em tempo recorde. Entre as principais mudanças estão: treinamento de pessoal e adequação de espaços para atendimento dentro dos protocolos de segurança, investimento em equipamentos de desinfecção e proteção individual (EPIs) e criação de alternativas para oferecimento de produtos e serviços por meio remoto e digital. >
“Acredito que a aceleração do desenvolvimento da nossa plataforma de e-commerce é um dos ganhos da pandemia. Ela permite que o cliente escolha, compre e realize o pagamento de forma 100% online, sem sair de casa, e a grande vantagem será o tempo reduzido de entrega, que acontecerá em até 24 horas”, destacou Mayara Diniz, gerente de marketing do Shopping da Bahia, sobre a ferramenta prevista para lançamento no início de 2021. >
A gerente explicou que o centro de compras adotou medidas restritas para funcionar com segurança durante a pandemia, sendo inclusive pioneiro na cidade na implantação do sistema Drive-Thru, e afirma que é nítida a mudança de comportamento dos consumidores em compras presenciais. “Houve uma mudança na assertividade. O cliente encontrou o shopping com muitos protocolos e isso fez com ele estivesse mais decidido. Sem espaços de lazer e sem a possibilidade de aglomeração, o cliente ficou mais objetivo”, pontuou. >
Expectativas positivas No setor hoteleiro, fortemente impactado por conta da diminuição expressiva de viagens, o consumidor ficou mais exigente e atento, como explica a gerente de vendas do Quality Hotel & Suítes São Salvador, Shymena Pachú. “Os clientes e hóspedes ficaram muito mais criteriosos, sobretudo com relação à limpeza e distanciamento social. Houve uma maior busca por empreendimentos que estivessem dentro das normas de higiene e saúde. Foi um ano muito desafiador em que tivemos que ressignificar, reestruturar e transformar todas as estruturas profissionais”, explicou. >
As expectativas, porém, são positivas. Estima-se um aumento de 20% na taxa média de ocupação dos hotéis de Salvador até março de 2021, segundo a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). Além disso, a capital baiana foi apontada como principal destino nacional do pós-pandemia pela pesquisa Sondagem Turística no Brasil, realizada pela Secretaria em parceria com o instituto Qualitest.>
Multicanalidade Uma coisa é certa, as mudanças de hábitos trazidas pela pandemia vieram para ficar e, no contexto do consumo de bens e serviços, a adaptação às novas necessidades deixou de ser apenas um diferencial competitivo para definir a sobrevivência dos negócios. Estar atento ao consumidor e ao atendimento de suas novas necessidades se tornou fundamental. Shoppings driblaram a crise com serviços de drive-thru e reforço nas medidas de segurança (Foto: divulgação) “Passamos a oferecer outras opções de compra para os clientes como o Webcompras, drive-thru, o take-away e o delivery. Essa é uma tendência que já é uma realidade chamada multicanalidade, que é a oferta de múltiplos canais de venda para o lojista e compra para o consumidor. Assim como nós nos adaptamos, o consumidor também se adaptou rapidamente às novas modalidades de consumo apresentadas”, destacou Karina Brito, gerente de marketing do Shopping Barra.>
A gerente destacou ainda uma outra prática que tem sido um diferencial no sentido de atrair consumidores: o modelo “fidigital”, que mescla o físico (presencial) com o digital. Ou seja, o cliente pesquisa pela internet e vai à loja apenas para fechar a compra, ou buscar o produto que já comprou pela internet. Segundo ela, o ano de 2021 ainda será de desafios e de um trabalho cuidadoso, apesar da estimativa positiva de crescimento de 3,5%. “Afinal, mesmo com a vacina, a Covid-19 vai deixar uma herança pesada na confiança e no bolso do brasileiro”, alertou. >
Ensino adaptado é principal desafio de instituições e alunos Quando o assunto é educação, o desafio das instituições de ensino superior privadas tem sido o de driblar a inadimplência e a evasão de alunos. Em números absolutos, 608 mil alunos desistiram ou trancaram matrícula no primeiro semestre de 2020. O número corresponde a 83 mil a mais que no mesmo período de 2019, segundo pesquisa realizada pela Semesp, entidade que reúne mantenedoras de ensino superior do Brasil.>
Em uma corrida contra o tempo, faculdades e universidades precisaram rever formatos, adaptar metodologias e criar alternativas de ensino para manter seus discentes matriculados. “A pandemia trouxe a necessidade de antecipar ferramentas que com certeza usaríamos no futuro, como o EAD, por exemplo. O que para muitos só aconteceria, por opção, daqui a dois ou três anos, teve que ser antecipado por obrigatoriedade diante de uma real necessidade”, explica Cecília Emília Queiroz, reitora da Uninassau Salvador. A sala física se tornou virtual e o ensino contou com o desafio de concorrer atenção com televisão (Foto: iStock) Desde 2018, a instituição já estava em processo de implantar um sistema mais moderno de ensino e relacionamento com seus alunos, chamado “Ser Digital” e que, por isso, o maior desafio com o começo da pandemia não foi a tecnologia e sim a adaptação da cultura de ensino. “A sala que era física, se tornou virtual, e na casa dos alunos, então tivemos que repensar sobre como ensinar nesse cenário, concorrendo com os pais, os filhos, a televisão”, acrescentou a reitora.>
A verdade é que a educação nunca mais será a mesma depois de passar pela experiência da pandemia, como destaca a gerente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia, Cléssia Lobo. Com mais de sete mil alunos matriculados em todo o estado, o SESI também precisou agir rápido para potencializar o uso de ferramentas já adotadas no dia a dia da escola.>
“Fizemos um levantamento junto aos pais sobre as dificuldades de acesso dos estudantes e investimos em computadores e modens de internet para empréstimo. Além de ter disponibilizado atividades e materiais impressos”, conta. O resultado dos esforços dispensados é celebrado pelo Senai, que termina 2020 com o ano letivo 100% concluído.>
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