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Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2022 às 18:03
- Atualizado há 2 anos
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados recebeu, nesta segunda-feira (4), um pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), apresentado pelos partidos PSOL e Rede.>
O pedido foi apresentado após o filho do presidente Jair Bolsonaro publicar, nas redes sociais, postagem em que debocha da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão, na época da ditadura militar no Brasil.>
Eduardo Bolsonaro publicou uma resposta a um artigo compartilhado pela jornalista, na tarde de domingo (3), que diz que Jair Bolsonaro é um inimigo confesso da democracia, enquanto mencionava declarações de ataque do presidente às instituições democráticas.>
O deputado respondeu: "Ainda com pena da [e acrescentou um emoji de cobra]".>
Miriam Leitão estava grávida quando foi torturada pelo governo militar, tendo sido deixada nua em uma sala escura com uma cobra.>
A mensagem foi repudiada por políticos de vários partidos. O Conselho de Ética da Câmara não funciona desde novembro do ano passado. Ainda não há data para análise do tema.>
Pedido>
A declaração de Eduardo Bolsonaro foi classificada como "abjeta, repugnante e criminosa" por parlamentares do PSOL e da Rede. As siglas afirmam que os atos contra a democracia são recorrentes por parte do deputado.>
"O parlamentar representado [Eduardo Bolsonaro] deixa mais uma vez evidenciado o seu caráter misógino e machista. A violência política é calcada no menosprezo, discriminação e inferiorização do feminino, e objetiva impedir, anular ou obstaculizar o exercício dos direitos políticos ou profissional das mulheres, comprometendo a participação igualitária em diversas instâncias da sociedade", diz a peça protocolada.>
"A cassação de Eduardo Bolsonaro é imperativa e urgente. Não há nenhuma condição moral e política dele permanecer à frente de qualquer cargo público", continuaram.>
O documento ainda defende a fala da jornalista, e pede que a representação seja encaminhada ao Conselho de Ética para abertura de um procedimento disciplinar, com a consequente cassação do mandato do parlamentar.>
"O representado, ao relembrar e debochar de um momento de tortura vil e perpetrada pelo regime militar contra Miriam Leitão afrontou diretamente os ditames constitucionais e democráticos. Por tal razão, o parlamentar incidiu nos tipos penal de “incitação ao crime” e “apologia de crime ou criminoso”.>
"Em face das severas e múltiplas violações à Constituição Federal, ao ordenamento jurídico, à vida em sociedade, ao Regimento Interno da Câmara dos Deputados e ao Código de Ética e Decoro Parlamentar, havendo o Representado agido ilegal e abusivamente e de modo incompatível ao decoro parlamentar, impõe-se a cassação do mandato do Representado".>