Paulo Rodrigues explica leilão da Bola de Prata: 'Pensar no outro'

Campeão brasileiro pelo Bahia vai usar dinheiro arrecadado para comprar cestas básicas

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 18 de abril de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Vestindo a camisa do Bahia, Paulo Rodrigues ficou marcado pela elegância e classe com que desfilava o seu futebol. O talento do volante foi coroado com o título do bicampeonato brasileiro, conquistado sobre o Internacional, em 1988. Agora, aos 60 anos, o ex-jogador tenta desarmar um outro adversário: a fome.

Através das redes sociais, Paulo Rodrigues anunciou que está leiloando o troféu da Bola de Prata que ganhou ao ser escolhido o melhor volante do Campeonato Brasileiro de 1988. O lance inicial é de R$ 10 mil e o valor arrecadado vai ser revertido em cestas básicas, que serão doadas para famílias afetadas pela pandemia do novo coronavírus.

De Uberaba-MG, onde mora com a família e se mantém em isolamento por conta da Covid-19, Paulo Rodrigues contou ao CORREIO que a ideia de leiloar o troféu para ajudar quem precisa partiu da filha, Maria Eduarda, de 20 anos.

“Depois que eu parei, deixei todas as minhas coisas para a Maria Eduarda, a minha filha. Troféu, medalha, tudo que eu ganhei no futebol vai ficar para ela. E conversando, ela deu essa sugestão de leiloar o troféu da Bola de Prata. A gente gosta de ajudar as pessoas, ainda mais nesse momento bastante difícil. Aí ela deu essa sugestão para a gente arrecadar alguma coisa e transformar isso em cestas básicas. Eu acho que a primeira necessidade é a comida. Você com a barriga cheia, o resto vai levando. Precisamos fazer alguma coisa, não podemos ficar parados”, conta o ex-jogador.

"Decidimos leiloar a Bola de Prata, que é muito importante para nós, mas que na situação atual, iremos leiloar para ajudar as pessoas que estão passando por dificuldades nesse momento", reforça Maria Eduarda no vídeo de divulgação. 

O leilão está sendo realizado na própria página de Paulo Rodrigues no Facebook. Os interessados podem deixar o lance nos comentários até o dia 30 de abril. De acordo com o ex-jogador, algumas pessoas já manifestaram o desejo de arrematar a peça.

“Precisamos arrecadar o máximo possível para transformar isso em cestas básicas. Já temos os lugares que vamos doar mapeados, são pessoas que estão passando muita necessidade”, afirma.

Valor sentimental

Durante a conversa por telefone, Paulo Rodrigues não escondeu a emoção ao falar da conquista do título brasileiro e do troféu da Bola de Prata. O ex-jogador, no entanto, diz que não pensou duas vezes na hora de ajudar quem mais precisa.

“A gente morre e deixa tudo aí. Claro que essa Bola de Prata tem uma importância muito grande. Eu lembro de cada minuto que eu lutei, trabalhei, corri pra ganhar esse prêmio, mas por outro lado são coisas materiais. Tem um valor sentimental grande, mas precisamos pensar no próximo. Existem pessoas que não tem o que comer”, explica.

“O sentimento é de ajudar. Esse troféu tem uma representatividade muito grande na minha vida e na vida da minha família, mas eu, com 60 anos, nunca imaginei passar por uma situação dessa, onde todo mundo tem que ficar dentro de casa. Quem pode ficar em casa, tudo bem, mas algumas pessoas precisam ficar e estão sem o básico. Isso é que fez a gente pensar dessa maneira”, continua.