Pela primeira vez, Brasil vota na ONU a favor de embargo a Cuba

Apenas Brasil, EUA e Israel votaram dessa maneira

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  • Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 16:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo AFP

Pela primeira vez em 27 anos, o governo do Brasil votou na Assembleia Geral da ONU a favor do embargo econômico comercial e financeiro a Cuba, que é promovido desde 1962 pelos EUA. A mudança de posição parte do presidente Jair Bolsonaro e faz parte da política de alinhamento do governo brasileiro com os americanos. Em setembro, ao falar na ONU, Bolsonaro chegou a atacar o governo de Cuba.

A Assembleia Geral realiza anualmente desde 1992 uma votação para aprovar uma resolução que pede fim do embargo. O embargo, iniciado na Guerra Fria, se tornou lei em 1992, após aprovação do governo dos EUA. Segundo O Globo, diplomatas tentaram convencer o governo a apenas se abster na votação, sem sucesso.

O texto sempre é aprovado por ampla margem. Esse ano, a votação foi de 187 votos a favor, 3 contra e 2 abstenções. Além do Brasil, só votaram pela manutenção do embargo EUA e Israel. Não votaram Colômbia e Ucrânia. No ano anterior, apenas EUA e Israel votaram pelo bloqueio. 

A resolução da ONU afirma que o embargo é contra a liberdade de comércio e navegação pregada pelo direito internacional. O chanceler cubano, Bruno Rodriguez, avaliou que seu país teve prejuíz de US$ 139 bilhões com a medida.

Ele falou na ONU, classificando o embargo de "ato de genocídio". "O governo dos Estados Unidos não tem qualquer autoridade moral para criticar Cuba ou qualquer outro país no que diz respeito aos direitos humanos. Nós rejeitamos a manipulação dos direitos humanos com fins políticos", diz.

Relação ruim O voto do Brasil foi dado pelo embaixador do país na ONU, Mauro Vieira, que foi instruído pelo chanceler Ernesto Araújo. Segundo O Globo, os dois diplomatas têm uma relação ruim. Vieira foi chanceler durante o governo Dilma, em 2015 e 2016, e comandou a Embaixada em Washington entre 2010 e 2015, quando foi chefe de Araújo.

O atual embaixador deveria ficar na chefia da missão brasileira até sua aposentadoria, em 2021, segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, mas o governo indicou Ronaldo Costa Filho para seu lugar.