Percussionista e instrumentista Bira Reis morre em Salvador

Músico sofreu um infarto no Solar Ferrão e não resistiu

Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 18:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Morreu na manhã deste sábado (19), em Salvador, o instrumentista e percurssionista Bira Reis, de 64 anos. Ele estava no Solar Ferrão, no Pelourinho, quando passou mal. O corpo dele será sepultado nesta segunda-feira (21), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Antes, as 10h, o Olodum fará uma homenagem no local.

No sábado, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a prestar os primeiros socorros a Bira, que foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento dos Barris, mas não resistiu.

Bira também era educador, artista plástico, músico de sopros, arranjador, compositor e pesquisador. Ficou conhecido internacionalmente pelos resultados de suas pesquisas no campo musical. Bira fundou e coordenou a Oficina de Investigação Musical (OIM), onde são confeccionados instrumentos no Pelourinho. Ainda não há informações sobre o sepultamento do artista.

Zulu Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon, lamentou a morte e lembrou do tempo em que estudou e morou com Bira em Amaralina. Segundo ele, juntos puderam vivenciar a música baiana. "Vi e ouvi Bira Reis dar os seus primeiros sopros saxofone. Compartilhei a sua determinação e perseverança na música, apesar de todas as críticas contrárias. E vi Bira Reis ser reverenciado pelo Maestro Japonês Tadao Watanabe, que além de dividir o palco com ele, o levou, juntamente com o Olodum a primeira turnê no Japão", disse.

"Um amigo do peito que se vai. Um homem criativo e generoso que a música baiana perde. Morreu no espaço que ele considerava sagrado. Pertinho de onde tinha a sua Oficina de Investigação Musical- no Pelourinho. Ali era onde ele disseminava seu talento para o mundo. Um grande abraço Bira, você foi uma das pessoas que iluminou a minha vida. Toca a zabumba que a terra é nossa é nossa!", escreveu em despedida.

Amigos há quase 40 anos, o músico baiano Letieres Leite lamentou a morte. "Criar um lugar onde se pode estudar o ritmo brasileiro naquela época foi de extrema importância. Ele foi pioneiro nessa história ao ciar uma oficina de investigação musical nos anos 80. Naquela momento ele já pensava nessa educação. Como pesquisador e professor ele teve importância em todo o mundo", disse ao CORREIO. Eles se conheceram no final da década de 70. "Bira sempre estava engajado em ações e projetos músicais. Tínhamos muito contato sempre por conta de nossas instituições no mesmo bairro", completou.

O produtor musical Nestor Madrid também comentou a perda. "Era um parceiro humano. Uma figura que todos nós tínhamos relação de muitos anos. É um momento muito difícil. Ao meu ver, ele se caracteriza naquele pedacinho da Bahia, no Pelourinho. Representava um bairrismo saudável. Ele era uma figura muito agradável. A saudade virá, mas a referência dele nunca se perderá para quem teve o privilégio de conviver com ele".

Aluno de Bira, o rapper Xarope MC também lamentou a morte do professor. "Ele me ajudou muito nos espaços musicais. Abria a oficina dele para os músicos que não têm visibilidade na mídia e nem onde tocar. Sempre deu esse apoio. Tive muito respeito e amizade por Bira. Hoje minha carreira está consolidando, mas no início ele quem abriu a porta e me ensinou até como ser um ser humano melhor. Ele era a pessoa que dava esse suporte e fazia isso não só com o pessoal da região do Pelô. Com a forma musical ele coloriu o Pelourinho".