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Pescadora joga fora 300 kg de peixe e desabafa sobre prejuízos: 'Doeu na alma'

Ministério da Agricultura não informou quando será feito o pagamento do auxílio emergencial

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 06:03

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Rose Meire Silva/Reprodução

O tormento do óleo no mar do Nordeste se arrasta há pelo menos dois meses na Bahia e quem vive da pesca artesanal continua a contar os prejuízos. A dimensão do problema é contabilizada por Rose Meire Silva, uma das pescadoras do Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Este mês ela precisou jogar 300 quilos de peixe fora porque ninguém quis comprar. No congelador de Rose ainda estão guardados cerca de 50 quilos de tilápia que também não encontraram mãos de compradores.“Geralmente, a gente sai de porta em porta vendendo ou também nas feiras livres, mas as pessoas estão com medo de comer até mesmo o peixe do rio, que nem mesmo foi atingido. Eu tive que enterrar uma parte dos peixes perdidos, precisei jogar fora porque ressecou, uma parte a gente comeu. Mas, depois de um tempo eles não prestam mais. Você não sabe como doeu na alma ter que jogar fora e isso é só o número da minha família, imagina juntando todas as outras”, relata ela.Junto com outros profissionais, Rose participou de uma manifestação na sexta-feira (22) cobrando respostas sobre o pagamento do auxílio emergencial prometido pelo Governo Federal como uma espécie de indenização pelo desastre ambiental. O protesto aconteceu na Superintendência Federal de Agricultura da Bahia (SFA), no Largo dos Aflitos, e terminou sem muitas respostas das autoridades. Pescadora participa de manifestação no último sábado (24) (Rose Meire Silva/Reprodução) De acordo com a Bahia Pesca, a atividade artesanal corresponde a 85% da produção pesqueira no estado e o órgão tem cerca de 10 mil pescadores credenciados afetados pelo óleo. As informações serão enviadas ao Ministério da Agricultura para que o Governo Federal desenvolva políticas compensatórias emergenciais.

Presidente da Colônia de Pescadores de Itapuã, Arivaldo Santana afirma que, mesmo após a Bahia Pesca ter afirmado que o pescado não chegou a ser contaminado, ainda há resistência das pessoas em comprá-los.“O laudo disse que há presença de HPAs [hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, componentes causadores de câncer], em pequena fração, mas o pessoal não está querendo consumir”, diz.Arivaldo estima uma queda de até 70% nas suas vendas. Com o orçamento em baixa, ele conta que o problema afetou a vida das famílias pesqueiras de diversas formas, seja lutando na limpeza das praias ou lutando para que sejam indenizados. “A gente teve que parar praticamente tudo o que estávamos fazendo para ir atrás de resolver isso. São pessoas que estão com um curso parado, a construção de uma casa. Na nossa própria questão alimentar, a gente teve que mudar o que normalmente compramos para dar para o filho comer, muda nosso padrão de vida”, descreve.

Só nesta semana, ele já tem dois compromissos. Nesta terça-feira (26), haverá uma audiência sobre o óleo na Câmara Municipal de Salvador e, no sábado (30), eles pretendem fazer uma nova manifestação, desta vez na Barra, para chamar atenção sobre a situação que estão passando. “Se a gente não se mostrar, o governo não liga”, critica.

Procurado desde a última sexta, o Ministério da Agricultura não informou quando será feito o pagamento do auxílio emergencial e nem qual o volume total que será destinado para a Bahia. O CORREIO havia marcado uma entrevista com a coordenadora do Setor de Registro e Monitoramento da pasta para a tarde desta segunda-feira (25), entretanto, não conseguimos contato com gestora.

O CORREIO solicitou, ainda, informações sobre a origem do recurso, a forma de saque e o número de pessoas a serem beneficiadas no estado, mas, também, não teve retorno. O órgão informou, apenas, que ainda está redigindo o texto de uma Medida Provisória que dará essa garantia aos pescadores. O documento está sendo feito em parceria com os ministérios da Cidadania, Economia e Desenvolvimento Regional (Defesa Civil). Não se sabe ainda se os pescadores poderão acumular o auxílio emergencial e o seguro defeso referente ao mês de dezembro.