Pesquisa está avaliando as condições de infraestrutura das cidades baianas

Estudo é realizado pelo IBGE e acontece em todo o Brasil

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  • Gil Santos

Publicado em 20 de junho de 2022 às 17:05

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Quando um médico precisa investigar a saúde de um paciente ele solicita exames para fazer um diagnóstico. Antes de elaborar e aplicar políticas públicas, os governantes também precisam conhecer bem quais são os problemas de infraestrutura dos municípios, onde as veias e as artérias são as ruas e avenidas que formam a cidade. Nesta segunda-feira (20), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) deu início a uma pesquisa de campo que promete fazer um raio-x dos centros urbanos do país.

Essa é a segunda edição da Pesquisa Urbanística do Entorno dos Municípios, a primeira foi em 2010, e na Bahia, são cerca de 1,5 mil pessoas envolvidas, entre agentes censitários e supervisores. Na prática, as equipes vão percorrer as ruas e avenidas para verificar as condições de dez quesitos que estão diretamente relacionados com a infraestrutura e a qualidade de vida na cidade como pavimentação, presença de calçadas, existência de bueiro ou boca de lobo, iluminação pública, ponto de ônibus ou vans, sinalização para ciclistas, acessibilidade e arborização, entre outros.

O chefe da Unidade Estadual do IBGE na Bahia, André Urpia, contou que a proposta é oferecer mais dados para a tomada de decisões e afirmou que é possível relacionar a Pesquisa Urbanística com o Censo Demográfico, que será iniciado em agosto. Assim, se o censo identificar, por exemplo, que uma região X tem uma concentração grande de moradores com dificuldade de locomoção e a pesquisa atual mostrar que falta acessibilidade naquele local, será possível pensar ações específicas, como adequar passeios e vias públicas, e melhorar as condições de vida no bairro.

“Esse tipo de levantamento é fundamental para o planejamento da sociedade, a gente inclusive está ampliando. Em 2010, tivemos algumas regiões de Salvador que não conseguimos fazer a coleta de dados, mas na edição deste ano vamos em todas as áreas, para que as pessoas entendam como é a vida no entorno de seu domicílio. É mais informação para a população e para o poder público”, explicou.

A principal dificuldade dos agentes é para acessar regiões periféricas com índices elevados de violência, por isso, Urpia afirmou que o Instituo está em contato com lideranças comunitárias para facilitar a coleta de dados. Em todo o Brasil, serão 22.745 pessoas envolvidas no estudo nos 5.570 municípios do país. A pesquisa de campo segue até o dia 12 de julho. Depois, as informações serão processadas e os resultados divulgados, em 2023, junto com os números do Censo Demográfico. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Trabalho de campo Os agentes que fazem a pesquisa estavam em treinamento até a semana passada. Eles têm um equipamento eletrônico nas mãos com imagens de satélite das regiões em que estão atuando e um formulário onde são preenchidos os dados coletados. O estudo exige riqueza de detalhes. Uma planta para ser considerada uma árvore, por exemplo, precisa ter no mínimo 1,70 metros de altura. As equipes fazem a medição no momento da coleta.

O coordenador Operacional do Censo 2022 na Bahia, Francisco Brito, disse que a pesquisa pode causar entranhamento na população, porque será um trabalho realizado exclusivamente em via pública. “O agente não fará perguntas e não vamos entrar na casa das pessoas, porque é uma ação de observação. Então, as pessoas podem ver o agente caminhando e fazendo registros sem falar com ninguém e podem achar entranho, mas é importante frisar que eles estarão devidamente identificados, portando crachá com foto, colete e, em alguns casos, boné”, explicou.

Além disso, cada servidor terá no peito um código QR Code, o telefone 0800 721 8181 e o endereço do site respondendo.ibge.gov.br, para identificação. Esse ano, o número de quesitos que serão avaliados aumentou de sete para dez. Além de analisar as condições das calçadas, os agentes terão que verificar se elas estão livres para transitar. A segunda novidade é que os pontos de ônibus e de vans entraram na lista, e a terceira é que a sinalização de vias para bicicleta também passou a ser objeto de análise. O advogado e ciclista Rafael Brito, 28 anos, aprovou a inclusão do último quesito.

“O mundo está discutindo ações sustentáveis. Os governos, as empresas e as organizações estão incentivando a substituição dos transportes mais poluentes pelos menos agressivos ao meio ambiente, então, as cidades precisam se adequar a essa nova realidade. Oferecer sinalização adequada é fundamental, mas além disso é preciso construir mais ciclovias, ciclofaixas e pontos de apoio para os ciclistas. O mundo agradece”, disse.

Em 2010, quando a primeira edição da Pesquisa Urbanística foi realizada, a Bahia teve desempenhos negativos em comparação com a média nacional. Enquanto 60,7% dos brasileiros viviam em logradouros sem acesso a bueiros, entre os baianos o índice era de 78,9%. Na Bahia, 40% dos moradores viviam em áreas onde não havia calçadas, na primeira edição da pesquisa. A média nacional era de 33,6%.

De acordo com o levantamento do IBGE, 66,2% dos brasileiros que moravam em áreas urbanas viviam em logradouros com a presença de árvores, mas entre os baianos a proporção era de 53,7%. Porém, o dado mais preocupante foi de acessibilidade. Apenas 1,1% da população baiana vivia em locais com rampa de acesso para pessoas cadeirantes. No país, a média era de 3,9%.

Confira os dez quesitos que serão analisados pela pesquisa:

A coordenadora de Divulgação do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, contou que a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Municípios visa também atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e que três pontos foram acrescentados à lista de observações. Confira:Capacidade de circulação das vias para comportar ônibus, caminhões, carros e pedestres; Existência de pavimentação; Existência de bueiros e boca de lobo; Existência e condições de iluminação pública; Existência de rampas para cadeirantes (rampas de garagem não são consideradas); Arborização das vias; Presença de calçadas e passeios; Presença de obstáculos na calçada (item novo); Existência de ponto de ônibus e de vans (item novo); Sinalização para bicicletas (item novo);