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O Ministério da Saúde anunciou que Petrolina, Belo Horizonte e Campo Grande terão mosquitos com Wolbachia
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2019 às 13:00
- Atualizado há um ano
Nos próximos três anos, será concluída a última etapa de testes que buscam reduzir a capacidade do Aedes aegypti transmitir os vírus da dengue, zika e chikungunya por meio da inoculação da bactéria Wolbachia nos mosquitos. O anúncio – realizado pelo Ministério da Saúde – é realizado no momento em que número de casos de dengue no Brasil chega a 322 mil, com alta de 29% em duas semanas.
O estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é realizado nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Petrolina (PE), Belo Horizonte e Campo Grande (MS). A perspectiva dos testes é que, após haver a contaminação do mosquito pela Wolbachia, ele seja solto no ambiente, afinal, os pesquisadores descobriram que o inseto perde parte da capacidade de transmitir vírus durante a picada. “Até agora, experimentos foram feitos no Rio e Niterói, com resultados promissores”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira. De acordo com o secretário, a escolha das cidades foi norteada por critérios técnicos que levaram em conta os dados epidemiológicos, as características geográficas do local e dados populacionais.
A intenção dos pesquisadores é a de liberar os mosquitos contaminados pela Wolbachia no ambiente por meio de drones. Esta etapa terá início no próximo semestre e deverá durar três anos. O Ministério da Saúde vai investir R$ 22 milhões e a proposta é selecionar uma cidade em cada região do País.
Vale salientar que a Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos, no entanto, o Aedes aegypti não apresenta o microorganismo. Nesse novo processo, os cientistas deverão observar qual será o comportamento do mosquito. Entre as metas está avaliar se eles vão se tornar predominantes no ambiente. Se tal hipótese se concretizar, há uma possibilidade de o número de casos da doença ser reduzido.
Zika
Em 2016, quando o País ainda estava em Emergência Nacional em Saúde Pública para Zika, pesquisadores da Fiocruz comprovaram que a bactéria Wolbachia, quando presente no Aedes aegypti, era capaz de reduzir a transmissão do vírus, que está relacionado a microcefalia em bebês e casos de Guillain-Barré. A pesquisa mostrou ainda que a Wolbachia também reduz a replicação do zika no organismo do mosquito. O estudo usou dois grupos de mosquitos Aedes: um com Wolbachia, criados em laboratório pela equipe do projeto, e outro sem a bactéria, coletados no Rio de Janeiro. Eles foram alimentados com sangue humano contendo cepas de zika isoladas em São Paulo e Pernambuco.
Em outra etapa, os mosquitos que receberiam a saliva contaminada pelo zika é que foram divididos entre os sem Wolbachia e os com a bactéria. Quatorze dias depois, período em que o vírus já teria se espalhado pelo organismo do inseto e chegado à glândula salivar, 45% dos mosquitos com Wolbachia tinham o vírus, ante 100% do outro grupo.