PF conclui que navio grego foi responsável por derramar óleo que atingiu litoral

Todos os estados do Nordeste e Espírito Santo e Rio foram atingidos pelas manchas

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  • Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 18:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

A Polícia Federal conclui que um navio petroleiro grego foi o responsável pelo derramamento da substância no mar, com manchas de óleo atingindo o litoral baiano e de outros pontos do Brasil de agosto de 2019 até março de 2020.

Ao todo, as manchas apareceram em mais de mil localidades em todos os estados do Nordeste, além de atingir também Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Foram dois anos de investigação. A PF afirma que existem indícios suficientes de que foi o navio de bandeira grega que causou o desastre ambiental. A empresa responsável não teve o nome revelado. Os donos dela, o comandante e o chefe de máquinas do navio foram indiciados por crimes de poluição, descumprimento de obrigação ambiental e dano a unidade de conservação.

A investigação mostra que os poderes públicos gastaram mais de R$ 188 milhões para limpar as praias, contando aí os esforços municipal, estadual e federal. O valor total do dano ambiental ainda será determinado por perícia.

O inquérito policial será encaminhado ao poder Judiciário Federal do Rio Grande do Norte e Ministério Público Federal para análise e adoção das medidas cabíveis.

Prejuízos As manchas pararam de chegar, mas o resíduo ainda assusta por ter deixado uma marca na forma de impactos ambientais. O diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ibio/Ufba), Francisco Kelmo, estima que a natureza vai levar, no mínimo, 10 anos para se recuperar.

Pescadores de algumas regiões afetadas relatam a escassez de peixes após o incidência do óleo. O presidente da Colônia de Pesca de Conde, no Litoral Norte, Givaldo Batista dos Santos, afirma que o barco da colônia volta “quase vazio” para a costa. Antes, em uma viagem de oito dias, os pescadores da região chegavam a capturar 500 quilos de pescado, mas agora apenas 100 Kg “na marra”.“Acredito que foi o óleo, antes não era assim. Ocorreu algum distúrbio”, comenta o presidenta da colônia. Para ele, os pescadores pagam por um mal do qual não foram os responsáveis. “A gente não foi o culpado, mas estamos pagando o preço. Quem cometeu está de boa”, reclama Givaldo.O pescado de outras áreas não sofreu o mesmo impacto. Em Baixio, no município de Esplanada, o pescador Ricardo Lobato não sentiu a diferença entre a pesca em 2020 e a situação antes do óleo. “A pesca caiu assim que as manchas chegaram, mas já está tudo normal. Não teve a morte de peixes aqui na comunidade”, ressalta. Manchas de óleo atingiram 32 cidades baianas (Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO) Depois que as manchas de óleo chegavam, o trabalho de retirada do resíduo das praias era árduo. Além do governo, os voluntários também se empenharam para ver as praias limpas. O grupo Guardiões do Litoral foi criado com esse intuito e até hoje monitora as praias do estado.

“Existe o óleo recorrente, que ficou preso e vem à tona. Isso ocorre mais fortemente em algumas praias, mas em menor quantidade do que aconteceu no ano passado. Buscamos monitorar as praias com a ajuda dos voluntários que moram nas proximidades”, comenta o ambientalista e participante do grupo, Maurício Cardim.

Cidades oleadas na BahiaJandaíra Conde Esplanada Entre Rios Mata de São João  Camaçari Lauro de Freitas Salvador Itaparica Vera Cruz Jaguaripe Valença Cairu Taperoá  Nilo Peçanha Ituberá Igrapiúna Camamu Maraú Itacaré Uruçus Ilhéus  Una  Canavieiras Belmonte Santa Cruz Cabrália Porto Seguro Prado Alcobaça Caravelas Nova Viçosa  Mucuri