PF diz que Amarildo confessou participação nas mortes de indigenista e jornalista

Restos mortais serão periciados para confirmar se pertencem aos desaparecidos no AM; suspeito quem apontou local onde estavam os corpos e o barco

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  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2022 às 21:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: TV Globo/Reprodução

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, informou que Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou seu envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. A informação foi confirmada em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira (15). 

Segundo a PF, Amarildo disse em depoimento que Dom e Bruno foram assassinados, tiveram seus corpos esquartejados e queimados. Em seguida, os restos mortais foram enterrados próximo ao Rio Itaquaí. Os criminosos também afundaram a embarcação usada pelas vítimas.

Após a confissão, Amarildo foi levado pelos policiais até o local do crime, no Vale do Javari, para indicar onde os corpos foram enterrados. Uma reconstituição do crime, autorizada pela Justiça, foi feita no local.

As equipes de busca acharam partes de corpos humanos no mesmo local onde, no domingo (12), foram feitas as primeiras escavações. Todo material humano será enviado para passar por perícia em Brasília. Exames serão feitos para confirmar a identidade de Bruno Pereira e Dom Phillips, que estão desaparecidos desde o dia 5 de junho. Na última sexta-feira (10), a PF coletou em Salvador materiais genéticos de referência do jornalista britânico para ajudar nas identificações.

Os trabalhos na região do Vale do Javari continuam. Suspeito foi levado para apontar local onde estavam os corpos e o barco (Foto: Reprodução) Envolvidos no crime Na confissão, Amarildo também revelou que há um 3º participante nos crimes, que teria feito os disparos de arma de fogo. O nome do suspeito ainda não foi divulgado. 

Além de Amarildo, também está preso o irmão dele, Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos. 

Pelado foi o primeiro preso, após relatos de que ele teria sido visto em barco seguindo os dois desaparecidos. Uma testemunha chegou a dizer que viu o suspeito atirar para cima com uma espingarda pouco depois que Bruno e Dom partiram para Atalaia do Norte, onde nunca chegaram. 

Já Dos Santos foi preso essa semana, com cartuchos de armas de fogo e um remo, que estão em perícia. 

Ameaças Um depoimento colhido pela PF é do procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Javari  (Univaja), Eliésio Marubo, que diz que Bruno mandou uma mensagem afirmando que temia pela sua vida, dizendo que a reunião marcada com "Churrasco" poderia "dar algum problema". 

Segundo o Globo, uma hipótese investigada pela PF é se o crime teve relação com um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e outros animais. A reportagem diz que peixes que seriam usados no esquema foram apreendidos recentemente.

Desaparecimento Bruno e Dom tiveram o desaparecimento informado pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na segunda (6). Eles sumiram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e Atalaia do Norte, diz a entidade.

Dom Phillips fazia a viagem para realizar entrevistas para um livro que escrevia sobre a Amazônia. Bruno, servidor licenciado da Funai e profundo conhecedor da região e dos povos indígenas, o acompanhava. 

No dia 5, os dois deixaram o Lago do Jaburu para a comunidade  de São Rafael, onde o indigenista participaria de uma reunião. Eles chegaram lá por volta das 6h, conversaram com uma moradora e depois começaram a viagem de volta, mas jamais chegaram e não foram mais vistos. Baseado no Brasil há 15 anos, Dom Phillips era repórter e colaborava para várias publicações, incluindo o The Guardian. Ele morava em Salvador com a esposa, que é baiana.

Já Bruno era um servidor licenciado da Funai, sendo um dos indigenistas mais experientes do país. Segundo a Univaja, ele recebia várias ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores por conta do seu trabalho na Amazônia.