PF encontra 'remanescentes humanos' em local de busca por Bruno e Dom, diz ministro

Restos mortais estavam no local onde eram feitas as escavações; material ainda será periciado

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  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2022 às 19:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O ministro da Justiça, Anderson Torres, informou que a Polícia Federal (PF) encontrou "remanescentes humanos" na região onde estão sendo feitas as buscas pelo repórter Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Araújo. O caso é tratado como possível homicídio, depois que os irmãos Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos, e Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, confessaram.

Os remanescentes humanos "foram encontrados no local onde estavam sendo feitas as escavações”. Em publicação nas redes sociais na noite desta quarta-feira (15), o ministro afirmou que o material será periciado. 

Uma entrevista coletiva foi convocada em Manaus na noite desta quarta-feira (15).  A expectativa é que a PF detalhe os avanços na investigação e confirme, oficialmente, se houve confissão dos suspeitos presos.

Confissão Os irmãos Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos, e Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, confessaram as mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. A informação foi divulgada pela TV Band e pela TV Globo nesta quarta-feira (15), atribuindo a fontes da Polícia Federal. Os dois já estão presos por suspeita de envolvimento no desaparecimento. Suspeitos foram levados para local de buscas (Foto: Reprodução) Mais cedo, os dois suspeitos foram levados por agentes da PF para os locais das buscas pelos desaparecidos. Segundo a Band, o suspeito Dos Santos disse que os corpos teriam sido queimados e esquartejados na região da Terra Indígena Vale do Javari. A Globo diz que a PF faz buscas pelos corpos. A família de Dom Phillips no Reino Unido disse que ainda não foi informada sobre novos desdobramentos. 

Uma mochila, documentos e outros objetos de Dom e Bruno foram encontrados na região amarrados a um igapó perto da casa de Pelado. Antes, a PF informou que havia encontrado "material orgânico aparentemente humano" no local - o achado foi encaminhado para perícia. 

Pelado foi o primeiro preso, após relatos de que ele teria sido visto em barco seguindo os dois desaparecidos. Uma testemunha chegou a dizer que viu o suspeito atirar para cima com uma espingarda pouco depois que Bruno e Dom partiram para Atalaia do Norte, onde nunca chegaram. Eles estão sumidos desde o dia 5 de junho. 

Já dos Santos foi preso essa semana, com cartuchos de armas de fogo e um remo, que passarão por perícia. 

Um depoimento colhido pela PF é do procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Javari  (Univaja), Eliésio Marubo, que diz que Bruno mandou uma mensagem afirmando que temia pela sua vida, dizendo que a reunião marcada com "Churrasco" poderia "dar algum problema". 

Segundo o Globo, uma hipótese investigada pela PF é se o crime teve relação com um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e outros animais. A reportagem diz que peixes que seriam usados no esquema foram apreendidos recentemente. 

Desaparecimento Bruno e Dom tiveram o desaparecimento informado pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na segunda (6). Eles sumiram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e Atalaia do Norte, diz a entidade.

Dom Phillips fazia a viagem para realizar entrevistas para um livro que escrevia sobre a Amazônia. Bruno, servidor licenciado da Funai e profundo conhecedor da região e dos povos indígenas, o acompanhava. 

No dia 5, os dois deixaram o Lago do Jaburu para a comunidad  de São Rafael, onde o indigenista participaria de uma reunião. Eles chegaram lá por volta das 6h, conversaram com uma moradora e depois começaram a viagem de volta, mas jamais chegaram e não foram mais vistos.  Baseado no Brasil há 15 anos, Dom Phillips era repórter e colaborava para várias publicações, incluindo o The Guardian. Ele morava em Salvador com a esposa, que é baiana.

Já Bruno era um servidor licenciado da Funai, sendo um dos indigenistas mais experientes do país. Segundo a Univaja, ele recebia várias ameaças de madereiros, garimpeiros e pescadores por conta do seu trabalho na Amazônia.