Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Os investigadores acreditam ainda que há ligação dos empréstimos com doações de campanha ao PT
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2015 às 15:30
- Atualizado há um ano
O pecuarista José Carlos Bumlai, preso na manhã desta terça-feira (24) pela Polícia Federal (PF) na Operação Passe Livre, 21ª fase da Operação Lava Jato, terá seus contratos com o BNDES investigados. Nessa fase da operação, estão sendo investigados indícios de fraude em licitação na contratação de navio sonda pela Petrobras.
De acordo com a PF, “complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal”. Policiais federais estiveram na sede do banco e intimaram a presidência da instituição a entregar cópias de contratos e seus processos de aprovação, realizados entre 2005 e 2012. (Foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil)Ao todo, serão investigados três empréstimos a duas empresas do pecuarista, amigo do ex-presidente Lula, que somam R$ 518 milhões. As empresas envolvidas no esquema são a São Fernando Açúcar e Álcool e a São Fernando Energia. Segundo o Ministério Público, boa parte desse dinheiro jamais foi paga.
Ainda segundo o MP, a São Fernando Açúcar e Álcool, por exemplo, obteve um contrato de R$ 350 milhões com o BNDES mesmo após já ter declarado falência. No momento, a empresa possui um passivo de R$ 1 bilhão, sendo metade dele com o banco.
De acordo com o procuradores que cuidam do caso, chamou atenção a realização de saques "vultuosos" das contas da empresa São Fernando por Bumlai, o que caracteriza indício de dissimulação do caminho até o destinatário final do dinheiro.
O BNDES informou em nota que não houve irregularidade nas operações e que possui garantias reais suficientes para fazer frente à dívida e que as medidas judiciais pertinentes foram devidamente tomadas pela instituição. "O BNDES reafirma a lisura de todos os procedimentos associados aos empréstimos com o Grupo São Fernando", diz a nota.
Os investigadores acreditam ainda que há ligação direta dos empréstimos investigados com doações de campanha ao Partido dos Trabalhadores (PT). "A força-tarefa tem se esforçado para verificar o uso de qualquer empresa ou órgão público para a formação de caixa para partidos políticos ou para a base do governo", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos.