PM pai de adolescente que matou amiga diz que disparo foi acidental

Caso aconteceu no final de linha do Garcia, neste sábado (8)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de dezembro de 2018 às 17:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

O policial militar reformado, pai da adolescente de 13 anos que matou a amiga num jogo de roleta-russa, neste sábado (8), no bairro do Garcia, disse em depoimento que a morte foi um acidente. Ele prestou depoimento no mesmo dia da morte de Darilane Lívia de Almeida Cunha, 13 anos, no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e disse que as duas meninas brincavam quando a arma dele disparou.

Segundo informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio da assessoria de comunicação, a arma do policial, um revólver calibre 38, foi encaminhada para perícia. Ainda de acordo com a pasta, foi realizada perícia na casa do policial, local da morte. A assessoria não soube informar, por enquanto, como a menina teve acesso ao revólver do pai e se a arma tem registro.

Darilane foi baleada na cabeça durante um jogo de azar conhecido como roleta-russa - operação que consiste em deixar uma só bala no tambor de um revólver, fazê-lo girar, apontar o cano da arma para si ou para alguém e disparar. O corpo da adolescente foi sepultado na tarde deste domingo (9), no Cemitério do Campo Santo, na Federação.

Segundo o advogado criminalista Marcus Rodrigues, a autora do disparo poderá responder judicialmente, ainda que tenha 13 anos de idade. “O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que o adolescente não comete crimes e sim atos infracionais e, a depender da gravidade, poderá ficar até três anos internado em uma Comunidade de Atendimento Socioeducativa (Case). Mas a decisão cabe à Justiça”, explicou Rodrigues.

O pai da adolescente também poderá responder na Justiça. “O artigo III do Estatuto do Desarmamento trata da omissão de cautela – quando deixa de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 anos se apodere de arma de fogo. A penalidade é de um ano a dois anos de prisão, mas cabe fiança”, declarou Rodrigues. Darilane Lívia foi atingida com um tiro na cabeça e morreu no local (Foto: Reprodução/Bruno Wendel/CORREIO) Amizade Segundo a avó de Darilane, Maria das Graças Santos da Costa, 55 anos, as duas meninas eram muito amigas. “Se davam super bem. Ela frequentava muito minha casa e a minha neta também ia a casa dela. Uma amizade sadia”, contou a avó.

Maria das Graças disse, ainda, que horas antes da tragédia, as duas adolescentes passaram a tarde inteira juntas. “Estavam lá em casa, fizeram brigadeiro e tudo. Quando começou a anoitecer, elas saíram e foram encontrar outras meninas lá no largo”, disse a idosa, se referindo ao Largo Marquês de Olinda, no final de linha do Garcia.

Disparo A avó de Darilane contou que as duas meninas dançavam no Largo Marquês de Olinda, quando elas resolveram ir para a casa da filha do policial, pouco depois das 19h30. As duas meninas estariam sozinhas na casa e, instantes depois do disparo, parentes do policial, que estavam do lado de fora, chegaram no local."Eles trataram de impedir que nós, parentes de Darilane, entrassemos na casa. Somente com a chegada do pai da menina, 50 minutos depois, que foi possível o acesso à cena do crime. O pai já tinha levado a filha e a arma. Quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, minha neta já estava morta", contou a avó.Ainda de acordo com Maria das Graças, há pouco menos de uma semana, o primo de Darilane teve a mesma arma aponta para si. "Ele só nos contou agora, com a morte da prima. Ele disse que a filha do policial apontou o revólver pra ele e disse: 'Cadê você? Você não disse que era valente?'. Mas ele encarou como uma brincadeira. E isso é brincadeira? Como é que um pai deixa uma arma em local de fácil acesso? Era uma tragédia anunciada", desabafou.