‘Podemos ter que usar máscara até 2022’, explica infectologista

Edmilson Migowski foi entrevistado do programa Saúde e Bem Estar

  • Foto do(a) author(a) Felipe Aguiar
  • Felipe Aguiar

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 21:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

“Acho que o álcool chegou pra ficar”, declara o infectologista Edmilson Migowski, entrevistado desta terça-feira (26) no programa Saúde e Bem Estar, do CORREIO, que é apresentado pelo jornalista Jorge Gauthier pelo Instagram. Diante das polêmicas e da desinformação sobre o processo de vacinação contra o coronavírus, o infectologista tirou algumas dúvidas sobre a vacinação e falou sobre possibilidades para os momentos após a cobertura vacinal. Afinal, o que é mito e o que é verdade? 

O médico faz questão de deixar clara a sua posição sobre a vacinação desde o primeiro momento. “Sou favorável à ciência”, explicou Migowski. De acordo com ele, a produção de uma vacina eficaz contra o coronavírus foi feita de forma rápida, mas com vasto conhecimento prévio. O pesquisador e professor da UFRJ relembra os estudos de outras doenças e até mesmo dos outros tipos de Covid para reafirmar a segurança das vacinas.

Ele ainda desmente boatos sobre as vacinas causarem qualquer tipo de mutação aos pacientes. “É extremamente improvável que uma vacina provoque algum tipo de mutação”, garante Migowski. Ele relembra que todas as vacinas em desenvolvimento são vacinas inativadas - ou seja, contém apenas agentes mortos, alterados, ou partículas deles - não promovendo nenhum risco para à população.

Reveja o programa

Prognósticos

Migowski também discutiu sobre o futuro. Ao tirar algumas dúvidas dos leitores, o infectologista acabou pensando em alguns possíveis cenários sobre o resultado do processo de imunização.  O primeiro ponto que ele toca é a manutenção dos protocolos sanitários que devem, sim, continuar após a vacinação. Ou seja, é mito que não devemos usar álcool após a vacina. 

O uso de álcool em gel, por exemplo, é uma das atitudes que ele acredita serem adotados para o dia a dia. Além disso, o médico também acredita que a máscara pode se tornar um acessório de proteção para quadros virais e respiratórios após a pandemia. Migowski vê o surgimento “novas etiquetas” e protocolos sociais entre as pessoas.

Ao ser questionado sobre a perspectiva do uso de máscaras até 2022, ele afirma que é uma possibilidade, mas que tudo “depende da cobertura vacinal'', mas declara que “podemos ter que usar máscara até 2022”. Sobre a volta da normalidade no país, ele acredita que esse momento só vai surgir quando o país atingir uma alta porcentagem do processo de vacinação. “Uma cobertura de 70%, 80% da segunda dose garante uma volta da normalidade”, projeta o professor. Ele também comenta sobre a possibilidade de uma vacinação anual para Covid, mas afirma que isso depende da resposta da vacinação.

Dúvidas dos leitores

Uma das informações que ainda confunde a população quanto ao coronavírus é o fator exposição. O infectologista afirma que não se sabe de nenhuma comprovação a qual faça entender que o contato prévio crie resistência ao vírus. Ele diz que ter tido a doença ou trabalhar na linha de frente da Covid-19, não garante resistência ao mesmo. Ou seja, é mito que todo médico está imune. Migowski conclui explicando que “a vacina provoca uma resposta imune melhor do que a própria doença na promoção de prevenção (da mesma).”

Outra discussão recorrente é sobre a resposta do corpo. O infectologista explica que os protocolos de vacinação devem ser seguidos. Ou seja, se as vacinas requerem uma segunda dose, isso precisa ser feito para garantir sua eficácia. Por isso, a resposta imune só poderá ser percebida a partir da vacinação - no caso do coronavírus, após a segunda dose. O professor responde que a população estará “melhor protegida depois da segunda dose.”

Migowski ainda comentou sobre a situação da vacina Sputnik, que ainda não recebeu o aval da Anvisa para poder ser usada aqui no Brasil. Ele explica que a agência tem seus protocolos próprios de segurança que priorizam a saúde da população. O médico ainda explica que a Sputnik encontra maiores dificuldades por nunca terem feitos testes no país para poder pedir uma licença emergencial. Ele levanta a possibilidade de uma possível negociação mediante a entrega dos resultados da vacina nos países vizinhos, como a Argentina.

Politização da vacina

Migowski também discute os problemas da politização da vacina. O médico lamenta a má conduta de políticos ao usarem a vacina como barganha para seus embates e promoções pessoais. Ele também pontua a falta de ética profissional de alguns trabalhadores da área de saúde ao declarem que não tomarão a vacina. “Quando um profissional de saúde afirma que não vai vacinar alegando motivos ideológicos,  é, no mínimo, absurdo”, defende o professor. Ele afirma que “a vacina é a ferramenta mais segura e eficaz” no combate a essa e outras doenças.

Migowski se preocupa com o movimento de descrença das vacinas por conta da desinformação. “O medo que eu tenho é que doenças que estavam sob controle, retomem”, pontua o infectologista. Ele reafirma que “a vacina é a ferramenta mais segura e eficaz” no combate ao coronavírus. O professor também diz que não deve existir preferência por vacina A ou B. “A melhor vacina é a que estiver disponível no momento”, afirma o médico. Ele ainda defende espaços que promovam a conscientização sobre a importância das vacinas de forma geral - incluindo a da Covid-19. “Promover saúde é promover conhecimento. Quem sabe mais, adoece menos”, conclui Migowski.  

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier