Polícia busca outras possíveis vítimas de ginecologista acusado de assédio em Salvador

Sesab e Cremeb foram intimadas a prestar esclarecimentos no inquérito; duas mulheres já foram ouvidas

Publicado em 28 de janeiro de 2022 às 21:05

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução

A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas segue com a investigação contra Leonardo Palmeira, médico ginecologista acusado de assediar pacientes durante consultas. A delegada Bianca Andrade, titular da unidade, informou que ao menos seis mulheres relataram as ocorrências, mas apenas duas formalizaram a denúncia e prestaram queixa. 

"Duas pessoas já prestaram queixas e foram ouvidas. Faço um apelo para que você paciente, você mulher, que passou por um procedimento que não achou correto, me procure para que a polícia investigue se houve crime ou não", disse a delegada, em entrevista à TV Bahia.

Uma das vítimas, de 26 anos, contou que foi até o médico para entregar o resultado de exames preventivos, mas ele pediu para refazer a coleta. "Ele me examinou e coletou o exame preventivo. Em seguida ele colocou a luva, botou um produto e introduziu", contou, também em entrevista. "Ele ficou fazendo vários movimentos de 'vai e vem' durante algum tempo. Eu cheguei em casa e contei à minha mãe o que tinha acontecido, e ela disse que isso não era normal. Outras pessoas também falaram que não era normal", revelou.

A delegada ainda informou que solicitou a presença de um especialista em ginecologia para ajudar no andamento do inquérito, a fim de esclarecer os procedimentos médicos e avaliar a conduta do investigado.

"Eu não sou técnica, então solicitei uma pessoa que possa me dizer quais as condutas, o que é feito, o que não é feito, para que eu possa fundamentar (o inquérito)", disse a policial.

Nesta sexta-feira (28), a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) foram intimados a prestar esclarecimentos no inquérito policial.

A defesa Leonardo Palmeira esteve na Deam e disse que ele está à disposição da polícia, contudo, ele ainda não foi ouvido. A delegada explicou que isso ocorre porque, em uma investigação, o acusado é o último a ser interrogado. "Primeiro ouço todas as vítimas, faço todas as diligências e depois eu chamo ele. A advogada já veio mais de uma vez e disse que ele está à disposição, mas essa oitiva dele é o ultimo ato", disse.

Crime

Um médico ginecologista do Centro Estadual de Oncologia da Bahia (Cican), em Salvador, é investigado após pacientes denunciarem casos de assédio durante consultas. Uma mulher foi ouvida na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, nesta quarta-feira (26), comunicando ter sido vítima de estupro durante um atendimento médico.

Segundo a Polícia Civil, a denúncia atual tem ligação com um outro caso registrado na 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas), no dia 18 deste mês. Toda a investigação ficará a cargo da Deam. O suspeito também já foi identificado, mas não teve sua identidade revelada.

Procurada, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) comunicou que o profissional foi afastado e que há uma sindicância em aberto, mas diz que "durante o procedimento de investigação, não comenta sobre o caso."

O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) também se manifestou e disse que uma denúncia foi protocolada na autarquia e que seguirá as medidas pertinentes. "Após análise inicial para identificação do denunciante e do autos processuais que compõem a denúncia, é instaurada uma sindicância para apuração dos fatos e, caso haja indícios de infração ética, será aberto um Processo Ético-Profissional. No entanto, toda denúncia no Cremeb tramita em segredo de Justiça", informou em nota.